quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Memória e Espiritualidade"





“A memória espiritual de modo geral não é de fácil acesso. 
Embora se conserve constantemente ativa, mantendo permanente troca de informações com a memória cerebral e sustentando as forças que integram a nossa personalidade, os espíritos de mediana evolução não guardam a capacidade de penetrar-lhe os preciosos arquivos.
O pleno acesso ao seu conteúdo se verifica em altos patamares da evolução, quando então o espírito conquista a capacidade de recordar todas as suas existências entrecortadas em uma única linha de continuidade.
 (…)Ao iniciar nova aventura na carne, toda a memória somática se retrai para os níveis inconscientes da memória profunda, que passa a operar como poderosa força, reconstruindo o presente com base nos impulsos do passado.
 A lembrança do pretérito se apaga momentaneamente do consciente para que o espírito reconstrua no livro da vida novos registros e conquiste mais elevado patamar na evolução, experimentando e reexperimentando suas habilidades, fixando assim o aprendizado em alicerces firmes e permitindo-se o reparo dos desvios de rota. 
Podemos considerar que sem o resumo do que foi feito no passado, a personalidade jamais se reconstruiria para prosseguir no rumo de novas aquisições.
 Esta lógica facilmente compreensível da gênese dos dons natos, não pode ser contestada, por mais que teimem os homens em negar-lhe a veracidade.
 Ao desencarnar, contudo, o espírito deve manter na sua consciência a recordação ativa de sua última experiência de vida, para que sua existência se dê na mesma linha de continuidade e sua personalidade se mantenha. 
Desta forma, a individualidade não se desfaz, mas é a exata continuidade do que foi na matéria com seus mesmos automatismos, habilidades conquistadas e defeitos adquiridos.
 Por tudo isso, ressurgir no plano espiritual não é nascer de novo, como o é de fato quando se retorna à carne. 
Desta forma, enquanto que para o espírito a carne é a esfera do recomeço, o Plano espiritual é a esfera da continuidade.”
Memória é o ato de gravar e reter as imagens adquiridas, dispondo-as ordenadamente para que certos grupos respondam a um estímulo predeterminado, havendo, assim, a possibilidade de recordar o impresso, mnemonicamente, com ordenação sensorial.
 Sem a memória, nenhuma experiência teria valor para a mente.
 Cada ato seria sempre novo e não seria possível o progresso.
 A memória é função do Corpo Vital.
 A memória caracteriza-se por quatro operações:
 fixação, conservação, evocação e reconhecimento.
 Fixação é o ato pelo qual a consciência registra os fatos recentes. 
Faz-se com tanto maior vigor quanto mais agradável for o tom afetivo.
 Daí, a importância do professor simpático e compreensivo para auxiliar a aprendizagem das crianças. 
A simpatia e a afetividade auxiliam o desenvolvimento da memória na sua tarefa de fixação da matéria ensinada.
 Pela conservação, a consciência mantém as impressões fixadas. 
Para que haja conservação, são necessárias integridade orgânica, boas condições psíquicas, especialmente durante a infância e a adolescência, e riqueza de associação de idéias.
 Pela evocação, a consciência reproduz o material psíquico conservado. 
A capacidade de evocar permite a fidelidade da memória. 
Temos tendência a esquecer tudo o que é desagradável, ao passo que podemos evocar fielmente todos os momentos de felicidade.
 A fixação, a conservação, a evocação e o reconhecimento devem ser cultivados e desenvolvidos para os nossos exercícios espirituais.
 Só assim, poderemos proceder, com eficiência, à retrospecção diária, condição indispensável à construção do traje de bodas.
 A memória possui qualidades: facilidade, tenacidade, presteza, fidelidade e exatidão. 
A facilidade depende de boa fixação; a tenacidade, de boa conservação; a presteza, de boa evocação; a exatidão, de bom reconhecimento e de boa localização.
 Se nos detivermos a observar o exposto, veremos como, não só para a nossa vida diária, os nossos trabalhos e os nossos estudos, como para a nossa vida espiritual, são necessários tais conhecimentos com vistas à fidelidade com que possamos reproduzir as experiências a que fomos submetidos.
 Há, ainda, três tipos de memória: visual, auditiva e verbo-motora. 
Visual é aquela que reproduz o que foi visto, como se fosse uma imagem fotográfica. 
É considerada o tipo superior e corresponde aos indivíduos intelectualmente mais desenvolvidos. 
Auditiva é aquela em que a pessoa guarda melhor o que ouve. 
Corresponde ao tipo intermediário. 
Verbo-motora é aquela em que a pessoa precisa articular para gravar.
Corresponde ao terceiro tipo e é considerado o menos intelectualizado.
 Os três tipos de memória têm aplicação na vida espiritual: guardando o que é visto, relembrando o que é ouvido, repetindo oralmente o que deve ser repetido.
 São essas as características da memória normal. 
Porém, ela também pode apresentar perturbações:
 de origem orgânica ou organógenas e de origem psíquica ou psicógenas.
 As perturbações de origem orgânica verificam-se nas psicoses e nas psiconeuroses orgânicas.
 Os oligofrênicos, entretanto, apresentam memória chocante, enumerativa e objetiva
Dizem, por exemplo, o nome de todas as marcas de automóveis
 As perturbações de origem psíquica são mais leves e, geralmente, são reversíveis. 
Aparecem, muitas vezes, como secundárias a outros processos.
 Os distúrbios da memória podem ser:
difusos e localizados. 
Difusos são os que se apresentam como, caracteristicamente, na demência senil.
 Os localizados surgem num momento ou fase da vida da pessoa.   
Podem ser: lacunares, anterógrados, retrógrados e retro-anterógrados.
 Os lacunares referem-se ao traumatizado que não se recorda do período em que esteve comocionado.
 Os anterógrados referem-se à situação em que, após um trauma, o indivíduo começa a ter debilidade de memória, a partir do fato mórbido. 
Os retrógrados verificam-se quando a pessoa perde a memória dos fatos mais antigos. 
Os retro-anterógrados ocorrem em certos processos difusos, em certos traumatismos graves. São de caráter temporário, havendo tendência para a recuperação.
 A memória está estreitamente relacionada com o Corpo Vital. 
Podemos educá-la como podemos educar os nossos desejos e os nossos sentimentos
 Sem a memória, nenhuma experiência nem estudo algum teria valor para a mente, não podendo haver progresso, uma vez que cada ato seria sempre novo, sem que fosse armazenada a experiência dos atos anteriores.
 Cultivemos, assim, a nossa memória, conhecendo-lhe o mecanismo e aplicando-a para o nosso desenvolvimento espiritual.

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