domingo, 21 de abril de 2019

"Se colocando no lugar do outro"

Quando não sabemos qual atitude tomar, devemos pensar sempre em decisões pautadas no amor, na misericórdia e no perdão, porém, existem situações em que seria difícil saber com certeza...
Essa é a história de Serafino. Serafino vivia se colocando no lugar das pessoas achando que ele era justo e sábio nas suas decisões.
Uma vez entrou numa igreja e pediu, insistentemente, ao Senhor para tomar seu lugar na cruz, porque queria comparticipar de toda a função do Cristo.
Um dia o Crucificado aceitou, mas com um pacto. O Senhor Jesus disse-lhe: “Que você fique calado!”.
Serafino, sendo uma pessoa " justa" e "sábia" , acostumado ao rigor, à observância do silêncio, prometeu imediatamente.
O Cristo então desceu da cruz, que estava na igreja, e em vez disso, Serafino colocou-se em Seu lugar.
Um homem rico veio rezar e, enquanto orava, a bolsa de dinheiro caiu. Ele levantou-se para sair e Serafino, que tinha visto, quis dizer-lhe que a bolsa tinha caído, mas ele comprometeu-se a silenciar e por isso ficou em silêncio.
Logo após um pobre homem entrou, e começou a orar, mas seus olhos caíram sobre aquela bolsa de dinheiro; Ele olhou em volta, não havia ninguém para vê-lo, pegou a bolsa, colocou-a no bolso e fugiu. Serafino queria dizer-lhe que não deveria levá-la, porque não era dele, mas se comprometeu a ficar quieto e, portanto, calou-se.
Então veio um jovem que, devotamente, colocou-se de joelhos ao pé do crucifixo pedindo ajuda e proteção, porque estava prestes a viajar pelo mar. Naquele momento, o homem rico com guardas veio dizendo que tinha deixado a bolsa de dinheiro na igreja. A única pessoa presente era aquele jovem e os guardas o levaram e o prenderam. Nesse ponto, Serafino não pode mais ficar quieto e gritou: “Ele é inocente”.
Imaginem! O crucifixo falante salvou o jovem da prisão, porque em virtude daquela voz fizeram melhores investigações e deixaram o jovem ir e embarcar e prenderam o pobre que pegou o dinheiro e a bolsa com o dinheiro foi devolvida ao homem rico.
À noite, o Cristo voltou com o rosto triste e repreendeu severamente Serafino:
– “Não agistes corretamente”.
-“Mas como, Senhor?”.
– “Eu disse para você calar a boca”.
– “Mas eu corrigi os erros, fiz justiça”.
Então disse o Senhor:
– “Não, Serafino, você fez tudo errado; seu compromisso era ficar em silêncio; você me prometeu. Em vez disso, falando, você arruinou minha ação.
Esse homem rico estava prestes a fazer uma má ação com aquele dinheiro e eu o fiz perder; aquele pobre homem precisava dele e eu o tinha feito encontrar; o jovem agora está afundando no mar, e ele me pediu ajuda: se ele tivesse ido à prisão, pelo menos por um dia, teria perdido seu navio e não teria morrido.
Você arruinou tudo, você não pode se colocar no meu lugar, querido Serafino! Mesmo sendo você uma pessoa "justa" e "sábia", e se considere avançado na vida espiritual, a Minha Providência orienta as coisas melhor do que você, ainda quando parecem dar errado“.
Moral da história: muitas vezes queremos respostas de Deus e nós a temos com o Crucifixo que não nos fala! Ele não fala, mas sempre opera de acordo com nosso bem. Agradeça-lhe então, porque ele nos ajuda de qualquer maneira “.
Há pessoas que se intromete em tudo sem ser convidada,achando que tem solução para todos os males,mas na verdade não consegue resolver os próprios problemas.
Essa história nos mostra o quanto ainda estamos longe de compreender os acontecimentos da nossa vida, que muitas vezes parecem contrários aos nossos interesses. E para aceitá-los a fé é importantíssima junto ao otimismo e à confiança.
E quando demora a resposta divina, tudo fica mais difícil, porque o imediatismo, nosso velho inimigo, faz-se presente mais do que nunca.
Se a resposta vem revestida da espera, a ansiedade toma conta e a espera parece interminável.
Aquilo que parece contrário aos nossos interesses ou algumas vezes parece prejudicial, pode ser o que mais precisamos, como no caso do jovem da história, que se fosse preso não pegaria o navio que ia naufragar.
A aparente injustiça, na realidade, era o que mais precisava o jovem para não morrer.
Quando oramos, pedimos aquilo que nos parece necessário e indispensável, mas somos sempre atendidos? Será que sabemos realmente o que é melhor para nós? Se soubéssemos, seriamos sempre atendidos. A Providência enxerga coisas que não enxergamos e nos dá conforme nossas obras.
Tomar o lugar de Jesus na cruz como Serafino queria, exige muito preparo de nossa parte, porque com pouco esforço já reclamamos.
Ajudar ou calar na hora certa, não ser precipitado são exercícios ainda pesados para nossa evolução, mas que com dedicação conseguiremos. E nos asseverou Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece”.

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