terça-feira, 31 de março de 2015
"Ensaio Teórico sobre as Aparições"
De todas as manifestações espíritas, as mais interessantes são sem dúvidas aquelas pelas quais os Espíritos podem se tornar mais visíveis. Pela explicação desse fenômeno veremos que ele, como os outros, nada tem de sobrenatural. Damos inicialmente as respostas dos Espíritos a respeito do assunto.
Os Espíritos podem se tornar visíveis sobretudo durante o sono. Entretanto, certas pessoas os vêem também no estado de vigília, mas isso é mais raro.
Enquanto o corpo repousa o Espírito se desprende dos laços materiais, fica mais livre e pode mais facilmente ver os outros Espíritos e entrar em comunicação com eles. O sonho é uma recordação desse estado. Quando não nos lembramos de nada, dizemos que não sonhamos, mas a alma não deixou de ver e de gozar da sua liberdade. Tratamos aqui mais particularmente das aparições no estado de vigília.
Os Espíritos que se manifestam pela visão pertencem a uma determinada categoria ou podem pertencer a todas as categorias, das mais elevadas às mais inferiores.
É permitido a todos os Espíritos manifestarem-se visivelmente mas nem sempre tem a permissão nem o desejo de fazê-lo.
Os Espíritos se manifestam visivelmente segundo sua natureza, o fim pode ser bom ou mau.
É então para por à prova aqueles que os vêem. A intenção do Espírito pode ser má, mas o resultado pode ser bom.
O objetivo dos Espíritos que se fazem ver com má intenção é de assustar e muitas vezes vingar-se.
Os Espíritos que aparecem com boa intenção é para consolar os que lamentam a sua partida; provar-lhes que continuam a existir e estão perto deles; dar conselhos e algumas vezes pedir assistência para si mesmos.
Estando o homem constantemente cercado de Espíritos, o fato de vê-los sem cessar o perturbaria, constrangendo-o nas suas atividades, e lhe tiraria a iniciativa na maioria dos casos, enquanto, julgando-se só, pode agir com mais liberdade. Quanto aos incrédulos, dispõem de muitos meios para se convencerem, caso queiram aproveitá-los e se não estiverem cegos pelo orgulho. Sabes de pessoas que viram e nem por isso acreditam, pois dizem que se trata de ilusões. Não te inquietes por essa gente, de que Deus se encarrega.
Haveria tanto inconveniente de estarmos sempre na presença dos Espíritos, como em vermos o ar que nos cerca ou as miríades de animais, microscópicos que pulam ao nosso redor. Do que devemos concluir que o que Deus faz é bem feito e que Ele sabe melhor do que nós o que nos convém.
A visão dos Espíritos tem inconvenientes,mas é permitida em alguns casos para dar uma prova de que nem tudo morre com o corpo e de que a alma conserva a sua individualidade após a morte. Essa visão passageira é suficiente para dar a prova e atestar a presença dos amigos ao vosso lado, não tendo os inconvenientes da visão incessante.
Quanto mais os homens se aproximam da natureza espiritual, mais facilmente entra em relação com os Espíritos. É a grosseria do vosso corpo que torna mais difícil e mais rara a percepção dos seres etéreos.
É racional assustar-se com a aparição de um Espírito mas aquele que refletir a respeito há de compreender que um Espírito, seja qual for, é menos perigoso que um vivo. Os Espíritos, aliás, estão por toda parte e não tens a necessidade de vê-los para saber que podem estar ao teu lado. O Espírito que desejar prejudicar alguém pode fazê-lo sem ser visto, e até com mais segurança. Ele não é perigoso por ser Espírito, mas pela influência que pode exercer no pensamento do homem, desviando-o do bem e impelindo-o ao mal.
As pessoas que tem medo da solidão e do escuro, raramente compreendem a causa do seu pavor. Elas não saberiam dizer do que tem medo, mas certamente deviam recear-se mais de encontrar homens do que Espíritos, porque um malfeitor é mais perigoso em vida do que após a morte. Uma senhora de nosso conhecimento teve uma noite, em seu quarto, uma aparição tão bem definida que acreditou estar na presença de alguém e sua primeira sensação foi de pavor. Certificando-se de que ali não havia nenhuma pessoa, disse a si mesma: Parece que se trata apenas de um Espírito; posso dormir tranqüila.
Aquele que vê um Espírito pode conversar com ele,e é justamente o que se deve fazer nesse caso, perguntando quem é o Espírito, o que deseja e o que se pode fazer por ele. Se o espírito for infeliz e sofredor, o testemunho de comiseração o aliviará. Se for um Espírito benévolo, pode acontecer que tenha a intenção de dar bons conselhos.
O Espírito pode responder às vezes falando, como uma pessoa viva; a maioria das vezes por uma transmissão de pensamentos.
Os Espíritos que aparecem com asas querem impressionar a pessoa a que se mostram. Uns aparecerão com suas roupas habituais, outros envolvidos em panos, alguns com asas, como atributo da categoria espiritual que representam.
Os Espíritos não tem asas. Não precisam delas, pois podem transportar-se por toda parte como Espíritos.
As pessoas que vemos em sonho são sempre as que aparentam ser,são quase sempre as mesmas pessoas que o teu Espírito vai encontrar ou que te vêm encontrar.
Os Espíritos zombadores as vezes tomam a aparência das pessoas que nos são caras e nos iludi,tomam aparências fantasiosas para se divertirem a nossa custa, mas há coisas com as quais não lhes é permitido brincar.
Como o pensamento é uma espécie de evocação, compreende-se que possa atrair o Espírito. Mas quase sempre, as pessoas em que mais pensamos, que ardentemente desejamos rever, jamais aparecem nos sonhos, enquanto vemos outras que não nos interessam e nas quais nunca pensamos.Os Espíritos nem sempre tem a possibilidade de manifestar-se visivelmente, mesmo em sonhos e apesar do desejo que tenhamos de vê-los. Causas independentes da sua vontade podem impedi-los. Quase sempre é também uma prova que o mais ardente desejo não pode afastar. Quanto às pessoas que não interessam, embora não penseis nelas, é possível que pensem em vós. Aliás, não podeis fazer uma idéia das relações no Mundo dos Espíritos, onde reencontrais uma multidão de conhecidos íntimos, antigos e novos, dos quais nem tendes a menor idéia quando acordados.
Quando não há nenhum meio de controlar as visões ou aparições, podemos sem dúvida levá-las à conta de alucinações, mas quando elas são confirmadas pelos acontecimentos não poderíamos atribuí-las à imaginação. Essas são, por exemplo, as aparições do momento da morte, em sonho ou no estado de vigília, de pessoas em quem não pensávamos e que, por diversos sinais, revelam as circunstâncias absolutamente inesperadas do seu falecimento. Viram-se tantas vezes cavalos empinarem e empacarem diante de aparições que assustavam os cavaleiros. Se a imaginação é alguma coisa entre os homens, seguramente nada é para os animais. Aliás, se as imagens que vemos em sonho fossem sempre conseqüência das preocupações de vigília, nada explicaria o fato, tão freqüente, de jamais sonharmos com as coisas em que mais pensamos.
As visões são mais freqüentes nas doenças porque os laços materiais se afrouxam e a fraqueza do corpo deixa mais livre o Espírito, que entra mais facilmente em comunicação com outros Espíritos.
As aparições espontâneas parecem mais freqüentes em certas regiões, alguns povos são mais bem dotados que outros para essas manifestações os ruídos e todas as manifestações expandem-se igualmente por toda a Terra, mas apresentam características próprias segundo os povos em que se verificam. Entre estes, por exemplo, a escrita é pouco desenvolvida e não há médiuns escreventes; entre outros eles abundam; além disso há mais freqüência de manifestações ruidosas e de movimento de objetos que de comunicações inteligentes, porque estas são menos apreciadas e procuradas.
As aparições se verificam mais à noite pela mesma razão que vemos as estrelas à noite e não em pleno dia. A claridade intensa pode ofuscar uma aparição delicada. Mas é errôneo supor que a noite tenha algo de especial para isso. Interpela todos os que as viram, e constatarás que a maioria ocorre de dia.
Os fenômenos de aparição são muito mais freqüentes e gerais do que se pensa, mas muitas pessoas não os revelam por medo do ridículo e outras os atribuem à ilusão. Se parecem mais abundantes em certos povos é porque esses conversam mais cuidadosamente as tradições verdadeiras ou falsas, quase ampliadas pelo fascínio do maravilhoso, a que se o aspecto das localidades se presta mais ou menos. A credulidade faz ver, então, efeitos sobrenaturais aos fenômenos mais vulgares; o silêncio da solidão, o escapamento dos caminhos, o rumorejar das florestas, o estrépito das tempestades, o eco das montanhas, a forma fantástica das nuvens, as sombras, as miragens, tudo enfim se presta à ilusão das imaginações simples e ingênuas, que propagam de boa fé aquilo que viram ou que acreditam ter visto. Mas ao lado da ficção há o real,que o estudo sério do Espiritismo consegue livrar dos acessórios ridículos da superstição.
A visão dos Espíritos ocorre no estado normal podendo ocorrer em pessoas que estão quase sempre num estado especial, próximo do êxtase que lhes dá uma espécie de dupla vista.
Os que vêem os Espíritos o fazem com a a alma,a prova é que podem vê-los de olhos fechados.
O Espírito pode tornar-se visível pelo mesmo princípio de todas as manifestações que está nas propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, à vontade do Espírito.
O Espírito só pode manifestar-se com a ajuda do seu invólucro semimaterial. É este o intermediário pelo qual eles agem sobre os vossos sentidos. Graças a esse invólucro é que eles aparecem algumas vezes com a forma humana ou outra qualquer, seja nos sonhos ou no estado de vigília, assim a plena luz como na obscuridade.
Poderíamos dizer que é pela condensação do fluido do perispírito que o Espírito se torna visível. Pela combinação dos fluidos produz-se no perispírito uma disposição especial, sem possibilidade de analogia para nós, e que o torna perceptível.
No estado normal de Espíritos não podemos pegá-los, como pegamos os sonhos. Não obstante, podem impressionar o nosso tato e deixar sinais de sua presença. Podem mesmo, em alguns casos, tornarem-se momentaneamente tangíveis, o que prova a existência de matéria entre eles e nós.
Durante o sono, todos nós estamos aptos a ver os Espíritos. Mas não quando estamos acordados. No sono, a alma vê diretamente; quando estais acordados ela sofre em maior ou menor grau a influência dos órgãos. Eis porque as condições não são as mesmas nos dois casos.
Podemos ver os Espíritos em estado de vigília e isso depende do organismo, da facilidade maior ou menor do fluido do vidente de se combinar como o do Espírito. Assim, não basta o espírito querer mostrar-se; é também necessário que a pessoa a quem se quer mostrar tenha a aptidão para vê-lo.
Essa faculdade pode desenvolver-se pelo exercício como todas as outras faculdades. Mas é daquelas cujo desenvolvimento natural é melhor do que o provocado, quando corremos o risco de superexcitar a imaginação. A visão geral e permanente dos espíritos excepcional e não pertence às condições normais do homem.
Podemos provocar a aparição dos espíritos em algumas vezes, mas muito raramente. Ela é quase sempre espontânea. Para provocá-la é necessário que se possua uma faculdade especial.
A forma humana é a sua forma normal para as aparições. O Espírito pode variá-la na aparência, mas conservando sempre o tipo humano.
Eles podem produzir flamas, clarões, como qualquer outro efeito para demonstrar a sua presença, mas essas coisas não são o próprio Espírito. A flama é quase sempre apenas um efeito óptico ou uma emanação do perispírito. Em todos os casos é somente uma parte do perispírito, que só aparece inteiramente nas visões.
A crença que os fogos fátuos são almas ou Espíritos é superstição, produzida pela ignorância. A causa física dos fogos fátuos é bem conhecida.
Os Espíritos poderiam se apresentar com a forma de animais, mas são sempre Espírito inferiores os que tomam essas aparências. Mas seriam sempre, em todos os casos, aparências passageiras, pois seria absurdo acreditar que um animal pudesse ser a encarnação de um Espírito. Os animais são sempre animais e nada mais do que isso.
Somente a superstição pode levar a crer que certos animais são encarnações de Espíritos. É necessário ter uma imaginação muito condescendente ou muito impressionável para ver algo de sobrenatural nas atitudes às vezes um pouco estranhas que eles tomam, mas o medo freqüentemente faz ver aquilo que não existe. Aliás o temor nem sempre é a fonte dessa idéia. Conhecemos uma senhora, por sinal muito inteligente, que estimava demais um gato preto, acreditando que ele possuía uma natureza super animal. Nunca, entretanto ouvira falar de Espiritismo. Se o tivesse conhecido, compreenderia o ridículo da causa de sua predileção, pois a doutrina lhe provaria a impossibilidade dessa metamorfose.
Assim como um vapor rarefeito e invisível pode se tornar visível pela condensação, o perispírito pode tornar-se momentaneamente visível pela vontade do Espírito, que o faz "passar por uma modificação molecular", produzindo o fenômeno das aparições, que podem apresentar-se mais ou menos vaporosas, como também podem chegar à tangibilidade; se o desejar, pode o Espírito apresentar-se com "todos os sinais exteriores que tinha quando vivo". Quando tangível existe somente a aparência do corpo carnal; ao desagregarem-se as moléculas fluídicas, instantaneamente desaparecem ou se evaporam. Conhece-se várias aparições de agêneres, que se apresentam como pessoas estranhas com linguagem sentenciosa inspirando surpresa e temor; passam algum tempo entre os humanos e depois desaparecem.
Espíritos encarnados, em momentos de liberdade, também podem aparecer, em local diverso do corpo, sendo reconhecidos, fenômeno "que deu lugar à crença nos homens duplos". As aparições são percebidas pelos encarnados através da vista espiritual, podendo o Espírito tornar-se visível ou mesmo tangível para algumas pessoas, enquanto outras não o conseguem ver e muito menos tocar. Faltam às aparições as propriedades comuns da matéria, pois, se as tivessem, seriam percebidas pelos olhos do corpo.
As transfigurações, por outro lado, resultam "de uma transformação fluídica" que se produz sobre o corpo vivo tornando-se visível para todos os assistentes pelos olhos do corpo. Resultam da irradiação do perispírito em torno do corpo carnal, envolvendo-o com uma camada fluídica e o tornando mais ou menos apagado; vistos através dessa camada, os traços da pessoa podem aparecer totalmente modificados e com outra expressão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário