Quando,por algum motivo se pendula uma casa de quebra se faz uma análise interpessoal do dono da casa. Mas o por que disso?
Fachada de casa construída costumam levar em consideração a relação de pertencimento que estabelece o proprietário com o lugar em que vive, principalmente com o qual o considera sua casa como sendo o seu lar, porque muitas das vezes durante um período de transição perde-se essa referência e aí costuma aparecer as doenças.
Certas fachadas de casas tomam feitura,característica e até personalidade do dono. Pode ser pelo ideal de beleza,(dele/a),pode ser pela profissão,pode ser pelo seu estilo de vida,pode ser pela sua moral ou até por reflexo de sua alma.
Na verdade,uma casa dever ser sentida não por ser vista como se fosse apenas algo belo,pois se fosse assim como os cegos a perceberiam?
Casa desse um é a cara do dono. O que poucas pessoas sabem é que há explicações psicológicas para tanta semelhança.
Segundo Angelita Scardua,do ponto de vista simbólico, a casa representa a nossa psiquê, ou seja, as várias instâncias da nossa mente consciente e inconsciente. Nesse sentido, a casa, assim como a mente, expressa o conteúdo cognitivo e emocional que nos constitui como indivíduos distintos do grupo. Psicologicamente falando, isso faz da casa um repositório das nossas vivências físicas, afetivas e intelectuais.
A nossa memória, nossa história de vida, encontra no espaço doméstico um lugar favorável de expressão. Em função disso, a forma como organizamos nossa casa pode dizer muito sobre como nos sentimos, como pensamos e como atuamos no mundo.
A casa seria quase um espelho da percepção que temos de nós e do mundo num determinado momento da nossa vida. Ao mesmo tempo, a casa oferece pistas valiosas dos valores e crenças que nos caracterizam num nível mais profundo, melhor dizendo, o espaço que habitamos espelha tanto nossos comportamentos atuais quanto traços mais permanentes da nossa personalidade.
Por ser parte tão significativa daquilo que nos distingue dos demais – nossas crenças, atitudes e valores – a casa pode oferecer um espaço de reconhecimento da nossa identidade, em especial para nós mesmos.
A rua, a escola, os ambientes de trabalho e de lazer, de forma geral, são pensados para acolher a diversidade de tipos humanos.
Nos espaços públicos pode ser favorecida a distinção grupal – como os “territórios urbanos” que são frequentados por uma determinada tribo – mas, de forma alguma, é favorecida a distinção pessoal. Sendo assim, boa parte do nosso tempo passamos em locais que não nos pertencem, que não são caracterizados pela marca da nossa identidade pessoal.
Os ambientes públicos são, por definição, despersonalizados, quando os “habitamos” é necessário conter determinados aspectos da nossa personalidade que não se adequam a um espaço específico.
O convívio social em espaços coletivos exige a supressão momentânea de boa parte do que somos, de como pensamos e sentimos.
Para nos integrarmos, precisamos enfatizar as nossas características e comportamentos que são demandados naquele espaço, naquele dado momento. Essa constante exigência adaptativa gera estresse emocional e cognitivo, pois, muitas vezes somos obrigados a reprimir sentimentos, pensamentos, emoções e comportamentos que desejaríamos expressar.
No espaço privado da casa, ao contrário do que ocorre no público, podemos ser nós mesmos. É no espaço doméstico que não nos intimidamos para mostrar tanto nossos aspectos desagradáveis quanto os agradáveis.
A noção de refúgio da casa remonta à própria história da nossa evolução como espécie. Para os nossos ancestrais, a primeira casa, a caverna, era o espaço no qual nos sentíamos protegidos das ameaças externas, no qual nos sentíamos confortáveis para relaxar, amar e cuidar uns dos outros sem temer o ataque iminente de um predador ou da fúria da mãe natureza.
O sentimento primitivo de que o lugar para o qual retornamos quando deixamos o mundo externo é o nosso abrigo, nossa defesa contra as ameaças indesejadas, persiste ainda nos recônditos do nosso cérebro.
A sensação de conforto que sentimos ao retornar à casa é desencadeada por essa herança emocional, herdada dos nossos ancestrais e preservada pelo nosso sistema límbico, a principal área do cérebro envolvida nas emoções e comportamentos necessários à sobrevivência.
Se o espaço doméstico nos oferecer essa sensação de conforto, proteção, relaxamento e reconhecimento, ele contribuirá muito para o bem-estar físico e emocional. Sentir-se seguro num espaço que se reconhece como sendo próprio – com a cara do dono – ajuda a combater o estresse cotidiano, nos recuperando do desgaste diário que é exigido nos espaços públicos, onde precisamos nos adequar. Por isso, talvez, pensar na casa como um espaço de “tendências” seja um dos principais problemas que impedem as pessoas de obterem satisfação genuína em seus lares.
Atualmente, muitas pessoas lidam com a casa como se ela fosse uma vitrine de moda. Com isso, é comum que se esqueçam de priorizar o gosto pessoal e o conforto necessários para que o lar funcione como um refúgio.
Na contramão da tendência “casa para visita ver”, tem ocorrido no campo do design um movimento de retorno à simplicidade, à busca por um espaço mais humano e menos objetal.
A simplicidade pode, num certo sentido, contribuir para a solução de um problema comum nos espaços domésticos contemporâneos e que impede o devido aproveitamento das vantagens de se estar em casa: o excesso de informações.
Casas lotadas de móveis, texturas, cores, objetos, com abundância de estímulos sensoriais, acabam por sufocar a nossa percepção do ambiente. Esse sufocamento inibe nossa capacidade de apreciar os detalhes, de absorver apropriadamente as informações visuais, táteis, olfativas e outras que constituem o ambiente, e que são necessárias ao nosso fruir com o espaço.
A fruição sensorial é o que nos dá a sensação de estarmos integrados ao ambiente, e não submersos nele. A simplicidade, entendida como o ambiente pensado a partir do que é essencialmente necessário, bom e agradável aos sentidos de quem o habita, cria condições para que o foco da nossa atenção volte-se para nós mesmos.
Quando a nossa mente consegue interpretar adequadamente as informações do ambiente processadas pelo cérebro, sem excessos desnecessários, fica mais fácil prestar atenção aos nossos sentimentos, pensamentos, sensações e emoções.
Aprendendo a nos perceber melhor, aprendemos também a perceber o outro e ao ambiente, nos tornamos mais receptivos aos conteúdos subjetivos e objetivos do mundo à nossa volta, pois esses conteúdos já não mais nos agridem ou sobrecarrega.
Como em nossa época ter tempo para si e para os outros é cada vez mais raro, a simplicidade – seja na decoração, na arquitetura, ou no estilo de vida como na forma de vestir-se, comer e divertir-se – surge como uma possibilidade de aliviar nosso corpo e mente, restituindo às nossas vidas um pouco do tempo roubado pelo excesso de tarefas profissionais, sociais e domésticas. Ou seja, restitui à casa o lugar de refúgio e abrigo, que é tão essencial ao nosso bem-estar físico e psicológico.
Texto adaptado de: https://angelitascardua.wordpress.com/2011/08/02/a-casa-e-seu-significado-para-o-bem-estar-fisico-e-emocional/
Créditos das fotos
Paulo Photografias
Cel./Wz.:(21)9.9085-8117
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