Paciência é uma virtude de manter um controle emocional equilibrado, sem perder a calma, ao longo do tempo.
Consiste basicamente de tolerância a erros ou fatos indesejados.
É a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, de qualquer hora ou em qualquer lugar.
É a capacidade de persistir em uma atividade difícil, tendo ação tranqüila e acreditando que irá conseguir o que quer, de ser perseverante, de esperar o momento certo para certas atitudes, de aguardar em paz a compreensão que ainda não se tenha obtido, capacidade de ouvir alguém, com calma, com atenção, sem ter pressa, capacidade de se libertar da ansiedade.
A tolerância e a paciência são fontes de apoio seguro nos quais podemos confiar.
Ser paciente é ser educado, ser humanizado e saber agir com calma e com tolerância.
A paciência também é uma caridade quando praticada nos relacionamentos interpessoais.
É comum ouvir-se dizer que alguém perdeu a paciência.
Sendo a paciência uma virtude, parece estranha a ideia de que possa ser perdida.
Virtudes são conquistas do Espírito, que as incorpora em seu modo de ser.
Não se trata de algo exterior, que o homem encontra e vê desaparecer sucessivas vezes.
Quem desenvolve uma virtude passa a ser melhor em determinado aspecto de sua vida imortal.
É possível perder-se apenas o que se possui, mas não o que se é.
Se uma característica nobre foi assimilada por alguém, ela não pode ser perdida.
A criatura genuinamente honesta jamais extravia a própria honestidade.
A pessoa bondosa não é privada repentinamente de sua bondade.
Assim, quando alguém afirma que perdeu a paciência é porque nunca chegou a ser verdadeiramente paciente.
Isso não significa que as virtudes surjam de um momento para o outro.
Elas devem ser paulatinamente elaboradas no íntimo do ser.
No longo processo de aquisição da nobreza interior, trava-se uma autêntica batalha entre os vícios e as virtudes.
É comum que certas quedas ocorram, pois se trata de um processo de transição.
Mas a verdade é que, enquanto a criatura titubeia entre atos nobres e mesquinhos, ela ainda está lutando contra si mesma.
Virtudes não são propriedade de um determinado Espírito, pois compõem a sua própria essência.
Tanto é assim que habitualmente se fala que alguém é bondoso, e não que possui bondade.
Enquanto estamos com dificuldade para tolerar certas pessoas ou situações, ainda não somos pacientes.
No máximo, estamos lutando para incorporar essa virtude.
Afinal, é fácil conviver pacificamente com quem pensa igual a nós, ou suportar pequenos inconvenientes.
O teste para nossa fibra moral é suportar com serenidade grandes contrariedades ou provocações.
A verdadeira paciência é sempre exteriorização da alma que já realizou muito amor em si mesma.
Plena de amor, ela distribui os tesouros de seu afeto aos que a rodeiam, mediante a exemplificação.
A alma paciente já consegue considerar todas as criaturas como irmãs, em quaisquer circunstâncias.
Se necessário, ela esclarece a ignorância, mas sempre de modo fraterno.
Paciência é a tolerância esclarecida que revela a iluminação do ser que a manifesta.
Trata-se de uma conquista sublime, somente alcançada a custo de disciplina e esforço.
Para ser paciente é preciso domar os próprios impulsos inferiores.
Quem pretende ser tolerante deve cessar de ver problemas nos elementos externos, sejam pessoas ou circunstâncias.
Precisa compreender que todo o mal que atinge a criatura em evolução vem dela própria, de seu interior carente de renovação.
Quem percebe as suas sequelas morais, sem disfarces ou desculpas, naturalmente tende a olhar o próximo com tolerância.
Mas não basta apenas perceber os próprios problemas.
É necessário corrigi-los, com a adoção de novos padrões de comportamento.
A disciplina antecede a espontaneidade.
Transformar vícios em virtudes pressupõe disciplina e determinação.
Assim, para ser paciente é preciso esforço para tolerar as dificuldades e os defeitos alheios.
Mas também é indispensável trabalho concentrado para vencer os próprios vícios.