segunda-feira, 10 de agosto de 2015

"Forças hiperfísicas"

Existe, não obstante, uma forma de experiências mágicas próprias para as pessoas pusilânimes, e que aconselharemos a quantas desejarem divertir-se, dedicando, à sobremesa, alguns momentos aos fenômenos da Radiestesia.
Nada têm de difíceis e sim muito consoladores, e, afinal de contas, situam-se a tal distância da verdadeira magia, que não há a temer nenhum acidente sério, desde que não se esqueça da precaução de deixar as coisas no momento oportuno.
Com isso,temos o Mago como o verdadeiro conhecedor e o feiticeiro como simples imitador. O Mago é o "engenheiro da magia",enquanto o feiticeiro é simplesmente o "obreiro".
Ao apreciar alguns aspectos da magia, devemos conhecer o mecanismo da magia,que precisa de um veículo entre a vontade humana e as coisas inanimadas.
O conceito fundamental da magia está na movimentação, em proveito próprio, dos segredos e forças da natureza.
“Assim, para o sábio, imaginar é ver; como, para o mago, falar é criar. Aquele que deseja possuir, não deve dar-se. Só pode dispor do amor dos outros aquele que é dono do seu, ou seja, não o entrega a ninguém.”
A despeito do apelo ao perdão, quem achará que sua vingança é injusta? “Abstenhamo-nos de julgar. Consoante a lição do Mestre que hoje abraçamos, o amor deve ser nossa única atitude para com os adversários.
A vingança, Anésia, é a alma da magia negra. Mal por mal, significa o eclipse absoluto da razão. E, sob o império da sombra, que poderemos aguardar senão a cegueira e a morte?”
“Tratai de não vos servir jamais desta arte contra vosso próximo, a não ser para uma vingança justa. Mesmo assim, porém, aconselho-vos que é melhor imitar a Deus, que perdoa, e que vos tem perdoado a vós mesmos. E não há ocasião mais meritória do que a de perdoar.”
“Acariciar as fraquezas de uma individualidade é apoderar-se dela e fazer dela um instrumento, na ordem dos mesmos erros e das mesmas depravações.” Ou então: “Todos nós temos um defeito dominante, que é, para nossa alma, como que o umbigo do seu nascimento "pecador", e é por ele que o inimigo sempre nos pode pegar; a vaidade, para uns, e preguiça para outros, o egoísmo para o maior número. Que um espírito hábil e mau se apodere desta mola, e estais perdidos.” De outras vezes, percebemos, de relance, por que tanto se empenham em conquistar a insensibilidade os Espíritos encarnados e desencarnados que fazem do domínio sobre o semelhante a meta de suas vidas: “Só o adepto de coração sem paixão disporá do amor ou ódio daqueles que quiser fazer de instrumento da sua ciência.”
Toda a magia baseia-se na lei da simpatia, ou seja,as coisas atuam umas sobre as outras, a distância, por estarem secretamente ligadas entre si por laços invisíveis , para isso, o operador deverá aplicar sua vontade, não sobre a matéria, mas sobre aquilo que incessantemente a modifica, o que a Ciência Oculta denomina o plano de formação do mundo material, ou seja, o plano astral. Esse plano, os magos concebem como sendo as forças da natureza, das quais, por certo, tanto se utilizam os trabalhadores do bem, como os outros.
Não cabe dúvida que são as forças da natureza que o mágico deverá pôr em ação, sob o influxo da sua vontade; mas que classe de forças são essas? Diz-se que são as forças "hiperfísicas", assim entendidas as que apenas diferem das energias meramente físicas nas suas origens, pois emanam de seres vivos e não de mecanismos inanimados.
Magia é a aplicação da Vontade às forças Hiperfísicas (ou metafísicas) da natureza. Estas forças Hiperfísicas diferem das Forças Físicas no que se refere à sua essência energética: as forças físicas são puramente mecânicas enquanto, as hiperfísicas são psico-orgânicas.
No fenômeno da pronta germinação,a magia seria, portanto, uma ação consciente da vontade sobre a vida, é a aplicação da vontade humana dinamizada à evolução rápida das forças vivas da natureza.
Havendo três maneiras de agir sobre essa natureza:
-Fisiológica ou astralmente, modificando a estrutura de um ser, por meio da aplicação de certos princípios e de certas forças, não à forma exterior, mas aos fluídos que circulam dentro do aludido ser.
A Medicina, em todos os seus ramos, é um exemplo desse caso, e haveremos de declarar que a Magia,  admite a possibilidade de influir sobre os fluídos astrais que atuam na natureza e sobre os que atuam nos homens.
— Psiquicamente, atuando diretamente, não sobre os fluídos, mas sobre os princípios que os põem em movimento. Vamos conferir: “Colaboradores desencarnados — extraiam forças de pessoas e coisas da sala, inclusive da Natureza em derredor, que casadas aos elementos de nossa esfera faziam da câmara mediúnica precioso e complicado laboratório.”  O resto é aplicação prática desses princípios: se os orientamos para o bem, obteremos resultados positivos; se os dirigirmos para o mal, arcaremos com a responsabilidade correspondente. E é precisamente na aplicação que mais veementes restrições o Espiritismo teria a fazer à magia, ainda que sem tocar os tenebrosos domínios da magia negra. Ao cuidarem dos problemas da obsessão, por exemplo, mesmo os adeptos mais bem informados da magia, revelam um despreparo comovedor, atribuindo a base do fenômeno à formação das chamadas larvas, que se alimentariam da “substância astral” emanada do “imprudente que lhes deu vida”.
Para a criação dessas larvas, basta que se tenha medo dos ataques de ódio de outra pessoa,a prática mediúnica espírita seria uma dessas causas.
Os magos caldeus, persas e egípcios não ignoravam fenômenos elementares como os da obsessão, a ponto de tentarem curá-la com práticas tão ingênuas. Seus recursos e conhecimentos eram muito mais amplos e profundos. Mas, se essa técnica perdeu-se para os encarnados — pelo menos para os que têm escrito os tratados mais conhecidos de magia —, ela se preservou para os Espíritos desencarnados, antigos magos que levaram para a vida póstuma os conhecimentos especializados.
A Igreja ignora a magia, porque deve ignorá-la ou perecer, como nós o provaremos mais tarde; ela nem ao menos reconhece que seu misterioso fundador foi saudado no seu berço por três magos, isto é, pelos embaixadores hieráticos das três partes do mundo conhecido, e dos três mundos analógicos da filosofia oculta.
Há uma verdadeira e uma falsa ciência; uma magia divina e uma magia infernal, isto é, mentirosa e tenebrosa; temos de revelar uma e desvendar outra; temos de distinguir o mago, do feiticeiro; e o adepto, do charlatão.
O "diabo", em magia negra, é o grande agente mágico empregado para o mal por uma vontade perversa. Também o enfeitiçamento está dentro dessa linha de raciocínios.
O instrumento do enfeitiçamento não é outro senão o próprio grande agente, que, sob a influência de uma vontade má, se torna, então, real e positivamente o "demônio”.
Às vezes, no entanto, deixa entrever que o domínio que muitos buscam exercer sobre o semelhante não está tanto nos ritos e nas práticas, mas na própria psicologia humana.
O magista deve, pois, ser impassível, sóbrio e casto, desinteressado, impenetrável e inacessível a toda espécie de preconceitos ou terror. Deve ser sem defeitos corporais e estar à prova de todas as contradições e de todos os sofrimentos. A primeira e mais importante das obras mágicas é chegar a esta rara superioridade.
Em suma, ele tem que aprender a querer, para poder impor a sua vontade.
A instrumentação é secundária, quando uma vontade firme e dinâmica sustenta os seus interesses. É preciso crer que se pode, e esta fé deve traduzir-se imediatamente em atos.
Ter o maior respeito por si mesmo e considerar-se como um soberano desconhecido, que assim faz para reconquistar a sua coroa.
Por causa desse e de outros princípios e noções, não é fácil lidar com os magos desencarnados. Não exatamente por causa dos danos que possam causar-nos. Se estamos num grupo mediúnico bem constituído e harmonizado, nada conseguirão contra nós. Nada sofreremos em razão do próprio trabalho de desobsessão, o que seria injusto, mas é claro que, como seres imperfeitos que somos, temos abertas as brechas das nossas próprias imperfeições.
Sofreremos, no decorrer do trabalho de Radiestesia, apenas aquilo que estiver autorizado pela nossa ficha kármica. Ë claro, pois, que os trabalhadores das sombras empenharão o melhor de seus esforços no levantamento de nossas fichas, ou seja, de nossa vida pregressa, estudando-nos sob todos os ângulos, vigiando-nos, a fim de surpreenderem-nos no momento em que mostramos onde a nossa cerca está arrombada... Entrarão em ação imediatamente. Estão convictos de que poderão atingir-nos; é só questão de tempo e oportunidade, pensam eles: “para poder é preciso crer que se pode e esta fé deve traduzir-se imediatamente em atos”. Estejamos vigilantes, porém tranqüilos e guardados na paz do Cristo. Se o nosso trabalho é de Deus, sigamos em frente, serenos, confiantes, destemidos. Estejamos preparados, porém, para enfrentar os companheiros desarmonizados. Aqueles que por longos séculos vêm praticando a magia, estão habituados a vencer pela vontade disciplinada — que aprenderam a dominar — todos os obstáculos.
Não nos impressionemos, porém, com os seus rituais, seus gestos, seus talismãs, suas evocações, suas palavras misteriosas e secretas.
Temos que atuar não sobre esses sinais exteriores dos seus cultos, mas sobre os seus Espíritos atormentados, embora aparentemente seguros e frios. Toda aquela serenidade aparente desmorona, quando conseguimos convencê- los de seus trágicos enganos. Estejamos prontos para ajudá-los, pois este é o momento mais grave, mais sério, mais profundamente humano de suas vidas: quando entre vêem uma réstia de luz a iluminar-lhes o próprio coração, os escombros dos antigos sonhos, os fantasmas que trazem no íntimo, os desenganos, os remorsos, as angústias, o desespero. É preciso tratá-los com carinho, com humildade e singela compreensão, porque a dor do despertamento é, quase sempre, esmagadora. Quem a presenciou pode fazer idéia, porque senti-la, em toda a sua profundidade, somente aquele que a experimentou. Lembremo-nos de que os Espíritos que na Terra estiveram envolvidos nas práticas mágicas não desapareceram, nem se perdeu o conhecimento dos mecanismos de certas leis do magnetismo, da hipnose, da manipulação de drogas e fluídos, de forças naturais e de toda a parafernália que lhes proporcionava poderes secretos e misteriosos, mas muito reais. Com os esclarecimentos contidos hoje na Radiestesia, estamos em condições de entender muitos desses segredos e mistérios, pois, no fundo, o mago sempre foi um médium, assistido por companheiros desencarnados, com os quais se afina bem, no interesse de ambos.
Os Espíritos vivem em grupos, ligados por interesses comuns, e revezam-se na carne e no além, apoiando-se mutuamente, alguns empenhados em finalidades nobres, construtivas e reparadoras, e outros envolvidos, século após século, em lamentáveis e tenebrosas práticas de dominação e vingança, tortura, perseguição, infligindo sofrimentos atrozes aos infelizes que lhes caem sob o poder maligno e infeliz.
O conceito de que a magia baseia-se na simpatia, é válido. Em Radiestesia, diríamos que se trata de sintonia vibratória. Não que a magia tenha poderes por si mesma, pois ela não encontra ressonância e, por conseguinte, não alcança êxito junto àqueles que já se redimiram, ou que, pelo menos, acham-se defendidos pela prece, pela vigilância e pela prática da caridade, no serviço ao próximo.
Em suma, a magia é mais comum do que desejaríamos admitir, e oferece riscos realmente sérios, contra os quais os grupos têm que estar muito bem preparados e assistidos. É claro que ela age apenas quando e onde encontra as necessárias brechas e o condicionamento da culpa, da falta, do erro, que nos sintoniza com o mal e nos expõe à aproximação dos implacáveis cobradores das trevas.
Os magos desencarnados são, as mais das vezes, inteligentes, experimentados e conhecedores profundos das mazelas e fraquezas humanas, pois vivem disso, nas suas práticas funestas. Não se detêm diante de nenhum escrúpulo, não temem represálias, são pouco acessíveis à doutrinação, ao apelo do amor e do perdão. Sabem, como todo Espírito envolvido nas sombras das suas paixões inferiores, que somente estarão protegidos da dor enquanto mantiverem em torno de si mesmos aquele clima de terror. Atacam para não serem atacados, oprimem para não serem oprimidos, espalham a dor para fugirem às suas próprias. Sabem muito bem que no dia em que “fraquejarem”, aceitaram a realidade maior, que muito bem conhecem, chegará o duro momento da verdade e começará a longa escalada de volta. E quem desceu semeando sofrimentos, só pode contar com sofrimentos durante a subida. Não há outro caminho. Por isso são implacáveis e, por isso, demoram-se no erro que, paradoxalmente, os compromete cada vez mais. Estão perfeitamente conscientes, no entanto, de que um dia — não importa quando — terão fatalmente que enfrentar a realidade de si mesmos, pois o mal não é eterno.
Enquanto isso, utilizam-se da vontade bem treinada, para movimentar, em seu proveito, as forças da Natureza.
Leia mais em:TRATADO ELEMENTAR DE MAGIA PRÁTICA. Gerard Anaclet Vincent Encausse. Papus - [trad. d E.P.]. São Paulo: Ed. Pensamento, 1995. SOBRE PAPUS.

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