As pessoas dispõem‐se a um ESTRANHO ritual,mesmo sendo dia de finados ou não.Uns visitam os "mortos" no cemitério,outros não. Levam flores,velas e cuidam com muito carinho do túmulo, a "última morada".
Determinados cultos religiosos chegam a orientar seus profitentes no sentido de levar‐lhes alimentos.
E há a tradicional queima de velas, para "iluminar os caminhos no além".
A frequência aos cemitérios configura‐se, assim, como autêntico "culto aos cadáveres",que desaparecerá na proporção em que a criatura humana, assimilar noções mais amplas sobre a vida espiritual.
Se pretendemos cultuar a memória de familiares queridos, transferidos para o Além, elejamos o local ideal: nossa casa.
Usemos muitas flores para enfeitar a Vida, no aconchego do lar; nunca para exaltar a morte, na frieza do cemitério.
Eles preferirão, invariavelmente, receber nossa mensagem de carinho, pelo correio da saudade, sem selagem fúnebre.
É bom sentir saudade. Significa que há amor em nossos corações, o sentimento supremo que empresta significado e objetivo à existência.
Quando amamos de verdade, com aquele afeto puro e despojado, que tem nas mães o exemplo maior, sentimo-nos fortes e resolutos, dispostos a enfrentar o Mundo.
Não permitamos, assim, que a saudade se converta em motivo de angústia e opressão. Usemos os filtros da confiança e da fé, dulcificando-a com a compreensão de que as ligações afetivas não se encerram na sepultura. O amor, essência da Vida, estende-se, indestrutível, às moradas do Infinito, ponte sublime que sustenta, indelével, a comunhão entre a Terra e o Céu...
Há, pois, dois motivos para não cultivarmos a tristeza:
Sentimos Saudade - não estamos mortos...
Nossos amados não estão mortos- sentem saudade...
E se formos capazes de orar, contritos e serenos, nesses momentos de evocação, orvalhando as flores da saudade com a benção da esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo suavemente nossos corações com cariciosos perfumes da alegria e da paz.
Parte compilada do livro de Rodolfo Calligaris
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