Se considerarmos o homem contemporâneo veremos que muitas das suas atitudes são tão primitivas como a dos bárbaros das antigas florestas,(Divaldo Franco).
A violência é ainda o estágio primário da criatura humana. Nós somos herdeiros de instintos que fazem parte da nossa existência. O princípio espiritual que esteve no reino mineral e vegetal, transitou por alguns milhões de anos na fase animal, onde desenvolveu a sensibilidade do sistema nervoso e, naturalmente, dos instintos primários. É natural que na fase hominal na qual nos encontramos, entre 50 mil e 10 mil anos até atingirmos a razão, o indivíduo seja mais violento,terrorista, corrupto,assassino do que razão que discerne.
A divindade vê-nos como um grande tabuleiro de xadrez. Essa violência que tanto nos choca é também uma maneira de nos advertir, para levar-nos ao lado oposto: a resignação, a coragem, a clemência. É um período de transição e em todo período de transição, o clímax da violência é muito grande. Em todas as épocas da história, a guerra teve mais prevalência do que a paz. O período de guerra é muito mais amplo do que o período de harmonia, e chegou-se mesmo a dizer que a paz é o período em que as nações se armam para a próxima guerra. Então, a divindade vê a violência como estágio primário, próprio do nosso planeta de provas que, lentamente, nos enseja à percepção da pureza, da tranqüilidade e da harmonia que nós vamos buscando à duras penas.
Tudo isso nos leva a crê que nos falta "Inteligência Espiritual"
Mas o que é uma inteligência espiritual? Um ateu pode ter mais inteligência espiritual do que um religioso?
A Inteligência Espiritual é a inteligência da alma, aquela que impulsiona abordar e solucionar os problemas. Faz com que nos tornemos verdadeiramente íntegros para inserir os atos da nossa vida em um contexto mais amplo, rico e gerador de significado. Algo que dê mais sentido e valor aos seres humanos para conceder o sentimento de totalidade.
Como saber se temos Inteligência Espiritual?
As indicações de quem tem a Inteligência Espiritual desenvolvida incluem:
– Capacidade de enfrentar o sofrimento e ser flexível
– Celebração da diversidade
– Compaixão
– Espontaneidade
– Grau elevado de autopercepção
– Qualidade de ser inspirado por visão e valores
– Relutância em causar danos desnecessários
– Respeito a outros pontos de vista (ter humildade)
– Revisão constante de seus valores
– Faz perguntas do tipo “por que” e procurar respostas fundamentais
– Visão das conexões entre coisas diversas (ser holístico)
– Viver o presente.
A autoconsciência é um dos critérios mais importantes da Inteligência Espiritual. Desde os primeiros dias na escola somos treinados a olhar para fora e não para dentro, a focalizar os fatos e problemas práticos do mundo externo. Quase nada na educação ocidental encoraja a refletir sobre nós mesmos e nossa vida interior. Por isso, somos tão carentes de Inteligência Espiritual.
Nossa cultura é uma “cultura de multidão”. A mídia nos encoraja a ter os mesmos pensamentos e as mesmas opiniões. Um dos principais critérios da Inteligência Espiritual é o que os psicólogos chamam de “independência de campo”, ser capaz de erguer-se contra a multidão e defender uma opinião. ‘Ser quem acredita ser’. Isso não é egoísmo, mas individualidade autêntica e isso requer coragem.
Ser religioso não garante ter uma Inteligência Espiritual elevada. Diversos humanistas e ateus têm essa inteligência, enquanto alguns indivíduos religiosos podem não apresentá-la. Ela se manifesta, por exemplo, quando um empresário tem a consciência holística de organizar sua empresa fazendo com que seus funcionários se conscientizem quanto à preservação da natureza e repassem isso aos produtos oferecidos.
A Inteligência Espiritual nos leva ao âmago das coisas, a unidade atrás da diferença, ao potencial além de qualquer expressão concreta. Também a usamos na religião ou espiritualidade para praticá-las sem estreiteza, exclusividade, fanatismo ou preconceito.
A Inteligência Espiritual concede a capacidade de escolha, nos presenteia com nosso senso moral, ameniza normas rígidas e nos fortalece por meio de uma maior compreensão e compaixão. É importante entender que o homem é um ser espiritual, pois existe em seu coração algo maior do que ele mesmo. Usamos para lutar com questões acerca do bem e do mal, além de imaginar possibilidades irrealizadas, tais quais: sonhar, aspirar ou superar situações difíceis.
Nossa alma está sempre pronta a reconsiderar. Para isso, precisamos recapturar nossa criança interna, aprimorar o senso de humildade e gratidão diante do Todo. A Inteligência Espiritual age como “o olho do coração”. Por meio de experiências perceptivas, faz com que o poder transformador seja exercido diariamente, como um “senso de ressurreição”. Isso não ocorre apenas na mente, mas na sua nova forma de saber e ser, capaz de transformar por completo o entendimento da vida.
Uma alta Inteligência Espiritual não precisa manter uma conexão com a religião. Nos sentimos bem quando possuímos uma crença profunda. A existência do ponto de Deus no cérebro indica a capacidade de experimentar algo religioso (ou crença), conferindo, de certo modo, uma vantagem evolutiva à nossa espécie.
Existe um “eu profundo” que vive em todos nós, ancorado no Cosmo como um “Todo”. Tem origem na necessidade humana de sentido, visão e calor. Nem sempre é possível sentir realmente o que nos motiva. Esse “eu profundo” se manifesta em momentos de amizade calorosa, alegria, espanto e até mesmo quando enfrentamos os piores medos.
As expectativas em torno do Messias eram inúmeras, porém, todas de caráter temporal e passageiro, vinculadas às coisas do mundo.
Ele chegou, anunciando que Seu reino não era deste mundo. Embora não negando Sua realeza, desprezava os tesouros do mundo, alertando que esses a ferrugem corrói, a traça come e os ladrões roubam.
Afirmava ser a Luz do mundo, mas evitava o brilho vazio das coisas do mundo. Com a mesma naturalidade que travava reflexões profundas com sábios e estudiosos, falava à multidão iletrada e ignorante.
Era capaz de explicar as coisas de Deus ao Doutor da Lei que O
interpelava, assim como aos simples pescadores que O escutavam.
Em uma didática perfeita, soube utilizar das coisas do cotidiano,
como o grão de mostarda, a pedra do moinho, a figueira seca, para explicar profundos conceitos de vida.
Analisava as leis do Seu povo não com os olhos, que veem as letras,mas com o coração, que enxerga a alma, dando novo alento às dores e às provações da vida.
Dava pouca ou nenhuma importância à externalidade da fé, das
ações e dos sentimentos, se esses não tinham sua nascente no
coração, chegando a comparar alguns seres a sepulcros, caiados por fora, e cheios de podridão por dentro.
Alertava acerca dos perigos e desafios da vida, colocando-Se sempre como o Bom Pastor, a cuidar de cada uma das Suas ovelhas que o Senhor da Vida Lhe confiou aos cuidados.
Incitava ao progresso, comparando as criaturas ao precioso sal da terra e convocando-as à responsabilidade, a fim de que o sal não viesse se tornar insosso.
Ofereceu roteiro de felicidade e paz, ao cantar o poema das
bem-aventuranças, oferecendo caminho seguro para seguir. Não mais a guerra, a vingança, a revolta, pois bem-aventurados serão os mansos,os pacíficos, os aflitos.
Disponibilizou-Se como servidor de todos, ao convidar a que a Ele se achegassem os cansados e aflitos, pois Ele lhes aliviaria as pesadas cargas e dores.
E, ainda hoje, Ele aguarda a decisão de cada um de nós, a segui-lO,tomar do Seu fardo que é leve e do Seu jugo que é suave.
Já se vão séculos desde que Sua voz cantou as Leis de Deus em perfeição, pelos caminhos da Palestina, encontrando eco em muitos corações que, ao longo da História, se deixaram imolar por amor do Seu nome.Ele ainda aguarda pacientemente que o Seu verbo encontre ressonância em nossa intimidade, e definitivamente O aceitemos como Modelo e Guia para nosso agir.
Contudo,sem se vincular às coisas do mundo,entenderá que não foi em vão a vinda de Cristo.
Fonte: Inteligência Espiritual. Aprenda a desenvolver a inteligência que faz a diferença. Danah Zohar (física e pós-graduada em religião, filosofia e psicologia pela Universidade de Harvard) e Ian Marshall (psiquiatra e psicoterapeuta); editora Record.
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