quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

"Intolerância Religiosa Remanescente e suas Consequências"

Intolerância religiosa não é de hoje, séculos pós séculos, contrastando frontalmente com os piedosos ensinamentos do Cristo, empolgados pelo fanatismo da pior espécie.
Toda religião tem seu lado obscuro e interesseiro,onde há disputa acirrada pela maior obtenção de crentes em suas igrejas ou templos.
Uma intolerância religiosa nada mais é do que um preconceito resumido na atitude caracterizada pela falta de respeito e reconhecimento das diferenças de crenças religiosas de terceiros. A causa é a ausência de tolerância religiosa, liberdade de religião e pluralismo religioso, que geram diversas consequências civis, físicas e psicológicas, cultura que ainda persiste no século XXI.
Apesar de sua clara violência e opressão para se impor,onde os orgulhosos batem no peito dizendo que a "MINHA RELIGIÃO É MELHOR DO QUE A SUA", não hesitarão em trucidar, a ferro e fogo, milhares e milhares de “hereges” e “infiéis”, “para maior honra e glória de Deus!”
Contudo,como se Aquele que é o Senhor da Vida pudesse sentir-se honrado e glorificado com tão nefandos assassínios...
Se uma pessoa se declara espírita,logo é má interpretada,conotada como "macumbeira". Espiritismo não é somente a religião afro,pois até esta temos que respeitar. Temos o Kardecismo na linha espírita também, diferente de tudo,mas se essa mesma pessoa se diz adepta do Kardec,talvez soaria diferente.
Embora preconceito quer dizer "um conceito errado de julgar sem conhecer", diferentemente da intolerância que quer dizer "não aceito de jeito nenhum", tempos houve em que cada família, cada tribo, cada cidade e cada raça tinha os seus deuses particulares, em cujo louvor o fogo divino ardia constantemente na lareira ou nos altares dos templos que lhes eram dedicados.
Retribuindo essas homenagens, (assim se acreditava), os deuses tudo faziam pelos seus adoradores, chegando até a se postar à frente dos exércitos das comunas ou das nações a que pertenciam, ajudando-as em guerras defensivas ou de conquista.
Em sua imensa ignorância, os homens sempre imaginaram que, tal qual os chefes tribais ou os reis e imperadores que os dominavam aqui na Terra, também os deuses fossem sensíveis às manifestações do culto exterior, e daí a pomposidade das cerimônias e dos ritos com que os sagravam.
Imaginavam, por outro lado, ciosos de Sua autenticidade ou de sua hegemonia e, vez por outra, adeptos de uma divindade entravam em conflito com os de outra, submetendo-a a provas, sendo então considerado vencedora aquela que conseguisse operar feito mais surpreendente.
Sirva-nos de exemplo o episódio constante do 3º Livro dos Reis, capítulo 18, v. 22 a 40. Ali se descreve o desafio proposto por Elias aos adoradores de Baal, para saber-se qual o deus verdadeiro.
Colocadas as carnes de um boi sobre o altar dos holocaustos, disse Elias a seus antagonistas: “Invocai vós, primeiro, os nomes dos VOSSOS deuses, e eu invocarei depois, o nome do meu Senhor; e o deus que ouvir, mandando fogo, esse seja o Deus.”
Diz o relato bíblico que por mais que os baamitas invocassem o seu deus, em altos brados e retalhando-se com canivetes e lancetas, segundo o seu costume, nada conseguiram. Chegada a vez do deus de Israel, este fêz cair do céu um fogo terrível, que devorou não apenas a vítima e a lenha, mas até as próprias pedras do altar. Diante disso, auxiliado pelo povo, Elias agarrou os seguidores de Baal e, arrastando-os para a beira de um rio, ali os decapitou....
Nesta intolerância religiosa não teria razão de ser se Elias além de ter provado a existência do Deus de Israel,ele poderia ter doutrinado os adoradores de Baal,mesmo que não conseguisse,que os tolerasse,(talvez seja por isso que não se deve dar poder aos homens).
Mas esta sua inconsequência trouxe uma consequência terrível,para que Elias fosse processado a fim de reparar dos seus efeitos, segundo a Lei do Karma reencarna como João Batista e é decapitado por ordem de Herodes. Justiça feita ou foi a Lei de causa e efeito em ação?
Ainda segundo o Velho Testamento, Moisés teria recebido, diretamente de Deus, "ordens" taxativas e peremptórias para eliminar os transgressores da fé judaica e os adversários do povo judeu, como se vê nos seguintes excertos: “Estando os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado, o qual foi metido em prisão, porque ainda não se sabia o que deviam fazer com ele. Disse então o Senhor a Moisés: "Este homem morra de morte, todo o povo o apedreje fora do arraial". Toda a congregação o lapidou, e o tal homem morreu, como o "Senhor" ordenara a Moisés.

 
Não se encontra, em todo o Evangelho, uma só passagem que autorize o uso da violência, nem mesmo uma palavra ofensiva, quanto mais os assassínios!
E a Doutrina Espírita, em tudo conforme com a moral cristã, proclama que, mesmo quando agredido e em situação extremamente difícil, cabe ao homem apenas o direito de defender-se, de modo que possa preservar sua vida, nunca o de atentar contra a de seu agressor, pois, qualquer que seja a hipótese, é preferível morrer a ter que matar.
Efetivamente, Aquele que ditou o NÃO MATARÁS e “em quem não há mudança nem sombra de variação”, segundo o apóstolo Tiago, não poderia contradizer-se, ordenando alhures: “mata, destrói, extermina!”

 
Atualmente, bastante enfraquecido, o sectarismo religioso começa a derruir, o que constitui prenúncio seguro de melhores dias, daqui para o futuro.
Acredita-se, mesmo, que, graças à rápida aceitação que a Doutrina Espírita vem alcançando por toda a parte, muito breve haveremos de compreender que todos, sem exceção, somos de origem divina e integrantes de uma só e grande família. E posto que Deus é Amor, não há como adorá-lo senão “amando-nos Uns aos outros”,e aceitando as pessoas como elas são,seja na sua crença pois, como sabiamente nos ensina João, o apóstolo (1 ep., 4:20), se o homem não ama a seu irmão, que vê e lhe está próximo como pode amar a Deus, a quem não vê?
Aprendemos com o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sejamos gratos a esses professores.

Adaptação do livro "AS LEIS MORAIS" de Rodolfo Calligari



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