sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"Jesus comum"




Faremos agora uma releitura instigante com re-concepção da vida de Jesus à luz não das suas virtudes divinas, mas das suas inconfessáveis fraquezas humanas
Parte da doutrina espiritualista informa que Jesus foi um médium do espírito de Cristo.
Jesus foi um homem e, como homem, viveu tudo o que um homem vive; sentiu fome, frio, sono, dor, medo, tristeza, decepção, dúvida... Provavelmente chorou, sorriu, gritou e cantou...
Jesus Cristo, enfatizando a sua natureza dividida e o seu conflito interior entre o messias predestinado por Deus ao sacrifício na cruz e o homem comum e prático que ambiciona constituir família e desfrutar de uma vida serena e tranqüila no mais absoluto anonimato.
Sua divindade esteve oculta, inclusive para ele.
Demonstrou sempre a vontade natural e o gosto de viver. 
Jesus era um marceneiro judeu, responsável pela feitura das cruzes com as quais os romanos crucificam aqueles que se opõem ao seu domínio.
Atormentado por pesadelos e visões os quais desconhece o real significado, foge para uma espécie de mosteiro onde, através de uma decisiva e reveladora visão, toma consciência do seu papel como o tão aguardado messias.
Na cidade de Nazaré  é possível que Jesus fosse um "nazarita", designação de facção política, e não nazareno.
Os relatos tampouco respeitam distâncias e coerência.
A partir de então, decide percorrer toda Israel, professando a sua crença em Deus
(e em si próprio como o seu emissário direto).
 Acompanhando-o está um grupo de discípulos, dentre os quais Judas,grande amigo  e seu braço direito.
Em todo, era um Jesus inseguro e incerto quanto aos reais desígnios de Deus; enfim, não divino, mas um ser  humano.


Mais tarde, já na cruz, à beira da morte, Jesus é tentado uma derradeira e decisiva vez a abdicar de sua responsabilidade para com a humanidade e do sacrifício na cruz como o escolhido e assumir para si a vida de um homem comum, com esposa, filhos e uma perspectiva de envelhecer e morrer como tal...
A partir de então, adentramos no terreno do que o constitui em sua razão de ser :
"a sua própria tentação".
Jesus se casa com Maria Madalena, tem filhos  e vai envelhecendo como um homem qualquer.
O vemos exultante ante sua nova condição: de fato, jamais ambicionara nada mais do que aquilo que passou a ter desde que, seduzido por um belo anjo, fugiu do sacrifício ao qual estivera destinado.


Quando, à beira de uma serena morte como um homem comum, descobrindo-se vitima de um ardil de Satanás, Jesus decide, uma vez mais, se por à disposição daquele de quem estivera fugindo durante todo o tempo.
Velho e debilitado, o ex-Messias rasteja por entre os escombros de uma Jerusalém sitiada pelos romanos implorando o perdão de Deus.
E, afinal, o consegue. Mas não somente a isto!...
Em questão de meros instantes, Jesus novamente se vê crucificado.
Novamente tendo de enfrentar o mesmo sacrifício do qual houvera fugido antes.
Mas, desta vez,  irresoluto, decidido a enfrenta-lo.
E tudo já lhe parece, então, tão natural que ele até chega a ostentar um breve sorriso um tanto quanto zombeteiro, num misto de satisfação e comodismo de uma pessoa de quem sempre se esperou absoluta divindade, mas que não consegue escapar da sua mera e tão própria humanidade.
Somos criados a semelhança de Deus, por que,então,nós  se furtaria a refletir o que temos de mais particular e humano: a nossa própria natureza conflituosa, posto que comumente somos postos de encontro a convenções ou marcais culturais que nos restringem.
De qualquer modo, tanto quanto ser seduzido por um lindo anjo, sem dúvida  parece muito mais tentadora a releitura do que a concepção tradicionalmente acatada, tão destituída de humanidade quanto um autômato. re-concepção da vida de Jesus à luz das suas virtudes divinas

Alguns espiritualistas preferem separar o "Jesus" da história, grande homem e médium; de "Cristo", a verdade espiritual que ele nos trouxe.
Em todas as religiões, o que se faz em nome de Cristo é bom, e não pode ser afetado pelo que se fez de mentiras em nome de Jesus.
Se simples fatos históricos ou ficções policiais abalarem nossa fé, devemos questionar se não havia um dogma eclipsando nossa verdadeira essência espiritual.

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