quinta-feira, 15 de maio de 2014

"Qualidade de Vida "


Primeiro passo é chegar perto do significado.
Qual o conceito de ansiedade? O que significa esse estado?
A princípio sabemos que ansiedade diz respeito a uma condição biológica em resposta ao perigo real ou imaginário, disparando efeitos defensivos, tais como, sudorese, taquicardia, vazio no estômago, aperto no peito etc.
Reações necessárias para defesa e auto preservação.
Porém, o conceito de ansiedade, numa reflexão mais ampla e contextualizada, engloba outros aspectos que nos ajudam a construir o percurso de sua dissolução.
Caso contrário, tornamo-nos refém de uma solução externa para dar conta de sintomas desconectados de nossa subjetividade.
Sendo assim, é possível ampliar o campo de observação acerca do estado que nos invade com tanta precisão, criando uma sensação de incapacidade e imobilidade.
Traga à memória, de forma consciente, uma situação do seu cotidiano que lhe provoque ansiedade.
Ufa! Vieram muitas situações à sua mente, certo? É assim mesmo! Ansiedade invade e se apropria como única dona do nosso corpo e da nossa alma.

Você deve estar pensando... “Não tenho controle sobre ela!” Ok! É por aí que vamos caminhar.
Exatamente nessa crença de que não temos controle sobre a ansiedade. Será mesmo? Ou é exatamente a busca do controle que nos leva a essa condição tão desconfortável e dolorosa?
Em última instância, ansiedade é a expressão humana que busca controlar o futuro trazendo-o para o presente.
Fruto de nossa inabilidade para lidar com o “não saber”.
Bom seria ter uma bola de cristal apaziguadora de corações acelerados e peitos apertados.
Nela encontraríamos todas as respostas de todas as incertezas.
Não haveria dúvida, surpresas, nem tão pouco o susto do repentino.
A visão seria global e irrestrita.
Nada escaparia! Pare um pouco e pense... Não é isso que sua ansiedade almeja?
Controlar tudo para garantir uma pretensa certeza?
Lembra daquela vez que os sintomas da ansiedade surgiram antes da reunião de trabalho onde você apresentaria um projeto novo?

Quantas vezes recapitulou os slides, por quanto tempo imaginou todas as possíveis reações dos espectadores.
Quantas respostas mentais foram criadas para prevenir-se contra surpresas?
E no final de todo esse gasto energético, aquela sensação de vazio no estômago e a triste conclusão precipitada de que seu projeto não seria aceito. Percebe?
Na prática, essa é a tentativa ansiosa de controlar o futuro e seus efeitos, na maior parte das vezes, negativamente premonitórios.
O seu projeto é excelente, digno de aprovação... mas sua ansiedade invadiu, interferindo na apresentação. Resultado? Você já sabia, lembra? O projeto foi reprovado!
Quanto equívoco!
O saber é flexível e construído a cada experiência, a cada instante.
O controle, ao invés de garantir o futuro, alimenta a probabilidade do desvio...
Seu projeto era digno de aprovação, lembra?
Portanto, quando pensamos em nos livrar da ansiedade, é criterioso observar o quanto estamos, também, tentando controlá-la.
Esse, definitivamente, não é o caminho!

Controle é desumano, não temos condição real de garantir o futuro.
Tudo é probabilidade.
Diante disso, ao invés de controlar, programe-se, mas mantenha a porta aberta para as novidades e imprevistos.
Acolha sua condição permeável diante da vida.
Lembre-se que essa condição vulnerável, por mais incerta que seja, enfeita sua vida com as boas surpresas e grandes novidades.
Lembra quando foi pedida em casamento e nem mesmo imaginava que, naquele ano, sua vida iria mudar radicalmente?
O coração até disparou, a ansiedade até se fez presente, mas no final prevaleceu a feliz surpresa acompanhada de taças de espumante e beijos apaixonados.
A vida pode trazer boas surpresas, portanto, ao invés de controlar a ansiedade, desvie seu foco para educar o seu controle.
O resultado, provavelmente, será um frescor de liberdade.

Laura Cavalcanti
Colunista do site Bem Leve do portal Bolsa de Mulher.