Como Evitar a Mistificação
Não existe médium infalível. Até nosso Chico foi vítima de mistificaçãoNada, absolutamente nada, ocorre por acaso. Quem se dedica à mediunidade deve manter-se vigilante e não ignorar jamais a advertência de Erasto: “Melhor será repelir dez verdades do que admitir uma única mentira, uma só teoria falsa”.“As falsas comunicações, que de tempos a tempos ele (médium) recebe – afirma Divaldo P. Franco -, são avisos para que não se considere infalível e não se ensoberbeça.”
A prática espírita, como todos sabemos, não está livre da mistificação, porquanto aprendemos, com o estudo da escala espírita, que existem Espíritos levianos, ignorantes, maliciosos e zombeteiros, que se metem em tudo e a tudo respondem sem se importarem com a verdade. “Gostam de causar pequenos desgostos e ligeiras alegrias, de intrigar, de induzir maldosamente em erro, por meio de mistificações e de espertezas.” – O Livro dos Espíritos, questão 103.
Esses Espíritos podem estar desencarnados ou encarnados, o que quer dizer que a mistificação pode ser proveniente do médium, o que não é, porém, muito comum no meio espírita sério.
Allan Kardec assevera que a mistificação é fácil de evitar. Basta, para isso, não exigir do Espiritismo senão o que ele pode e deve dar, que é a melhoria moral da Humanidade.
“Se vocês não se afastarem daí, não serão jamais enganados“, advertiu o Espírito da Verdade, que no mesmo passo esclareceu: “Os Espíritos vêm instruí-los e guiá-los no caminho do bem e não no caminho das honras e da fortuna, ou para servirem suas mesquinhas paixões. Se não lhes pedissem jamais nada de fútil ou fora de suas atribuições, não dariam oportunidade alguma aos Espíritos enganadores; donde vocês devem concluir que quem é mistificado tem apenas o que merece.” – O Livro dos Médiuns, cap. XXVII, item 303.
Na mesma obra e no mesmo item, o Espírito da Verdade afirma que “Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de divertimento“.
Além das advertências e recomendações já referidas, Allan Kardec nos fornece seguras orientações a respeito do tema no cap. XXIV, item 268, d’ O Livro dos Médiuns, do qual extraímos os apontamentos seguintes:
1) entre os Espíritos, poucos há que têm um nome conhecido na Terra; por isso é que, na maioria das vezes, eles nenhum nome declinam;
3) quando Espíritos de baixo padrão moral adotam nomes respeitáveis para nos induzirem ao erro, não é com a permissão dos Espíritos indevidamente nomeados que eles procedem. Os enganadores serão punidos por essa falta. Fique certo, todavia, que, se não fôssemos imperfeitos, não teríamos em torno de nós senão bons Espíritos. Se somos enganados, só de nós mesmos nos devemos queixar;
4) existem pessoas pelas quais os Espíritos superiores se interessam e, quando eles julgam conveniente, as preservam dos ataques da mentira. Contra essas pessoas os enganadores nada podem. Os bons Espíritos se interessam pelos que usam criteriosamente da faculdade de discernir e trabalham seriamente por melhorar-se. Dão a esses suas preferências e os secundam;
5) os Espíritos superiores nenhum outro sinal têm, para se fazerem reconhecer, além da superioridade das suas idéias e da sua linguagem. Os sinais materiais podem ser facilmente imitados. Já os Espíritos inferiores se traem de tantos modos, que seria preciso ser cego para deixar-se iludir. Os Espíritos só enganam os que se deixam enganar;
6) há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que apreciam mais as palavras do que as idéias e que, muitas vezes, tomam idéias falsas e vulgares como sublimes. Como podem essas pessoas, que não estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos?;
7) quando as pessoas são bastante modestas para reconhecerem a sua incapacidade, não se fiam apenas em si; quando, por orgulho, se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena da vaidade tola que alimentam. Os mistificadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que querem.”
Tem o animismo alguma relação com a mistificação?
Em princípio, não. Compreende-se mesmo que sendo médium anímico ignorante da sua condição, não pode estar enganando deliberadamente a quem quer que seja.
Quando um médium qualquer passa a saber de seu animismo, deve impor-se regras disciplinares, seja por meio de mais sério estudo da Doutrina Espírita, seja por meio de maiores cuidados em estudar-se, em compreender-se melhor. No caso de, ao invés de tomar providências, ele passar a não ver nada demais na situação, chegando mesmo a tirar proveito dela, usando a comunicação para "dar recados enviesados" a alguma pessoa, então, sai da condição de simples médium com tendências anímicas para um médium mistificador.
Nessa área, podemos deparar formas gerais de engodo, de abuso da credulidade ou de mistificação:
1.Mistificação do médium: quando o encarnado simula uma comunicação e teatraliza, a fim de tirar proveito determinado ou provetios variados com isso. É algo lamentável pela demonstração de desrespeito, pela profanação, pela usurpação de nomes, às vezes muito respeitáveis.
2.Mistificação do desencarnado:quando, embora o médium esteja filtrando devidamente a mensagem, o comunicante desencarnado blefa, quase sempre fazendo-se passar por quem não é, ou fazendo falsas revelações ou falseadas instruções igualmente com objetivos escusos.
Em O Livro dos Médiuns encontramos que constituem as mistificações os mais desagradáveis escolhos da prática espírita (O LIVRO DOS MÉDIUNS CAP 27 ITEM 303 - 1ª).
Apontam-se os Mentores, que nele trouxeram tantas instruções formidáveis, que o meio mais simples de alguém preservar-se de ser enganado é não esperar da Doutrina Espírita o que el anão veio para dar. Incumbe-lhe, como telefinalismo, o levantamento moral da criatura humana, o aprimoramento da humanidade. Se as pessoas procurarem o Espiritismo para resolvere questões materiais, que competem ao engenho, às habilidades dos encarnados; se o buscarem para o trato de futilidades atreladas à cobiça, revelações de tesouros ou ganho de loterias, compras e vendas disso ou daquilo, com certeza são sérias candidatas às mistificações, enão poderão queixar-se do Espiritismo, logo mais.
É nas lúcidas orientações da Doutrina que aprendemos que, "quando os Espíritos vos falam do que a esse mundo concerne, é que o julgam necessário, porém não porque o peçais. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos advinhos e dos feitceiros, então é certo que sereis enganados"(O LIVRO DOS MÉDIUNS CAP 27 ITEM 303 - 1ª).
Há, entretanto, tanta gente ansiosa no mundo que se torna incapaz de aguardar que as coisas aconteçam, cada uma por vez. Angustia-se com o ter de esperar a espontaneidade dos fatos. Há outro tipo de gente que "fareja" novidades e revelações, por mais absurdas e irracionais, não tendo qualquer reserva para acolher as coisas, as mais descabidas, que seriam facilmente invalidadas pelo bom senso, pelo espírito crítico, com a vigilância, enfim.
Nesse caldo de cultura de tanta debilidade intelectual, de tanta ingenuidade e credulidade piegas é que os Espíritos levianos - maliciosos e zombeteiros - e mesmo, impuros, de inclinações demoníacas, odientas, se locupletam, levando muita gente a se "desapontar" com o Espiritismo, ou, pelo menos, com o que supõe que seja o Espiritismo.
Em síntese, o animismo não se vincula, obrigatoriamente, à mistificação mas tanto um quanto a outra devem ser evitados por meio de modo sério, claro e efetivo de estudar-se e de vivenciar-se a veneranda Proposta Espírita.
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