Em nossos apontamentos, denominamos os “Sete Pecados Capitais” como as “dores da alma”. São eles : o orgulho, a preguiça, a raiva, a inveja, a gula, a luxúria e a avareza.
E verdade, os “pecadores precisam mais de auto-análise, reparação e tratamento do que de condenação, repressão ou castigo.
Quem tem hoje m mínimo de clareza íntima,procura discernir esses processos psicológico em desalinho da alma humana e não levá-los a um sacerdote para para que os absolva;ou,simplesmente,apontá-los como faltas ou erros provocados pela ação dos espíritos infelizes,sem assumir nenhuma responsabilidade.
A dor emocional diferentemente da lesão material,implica uma angústia no corpo todo;porém,a impressão física parece real.
A Alma e suas dores provocam um aperto no peito,uma dificuldade de respirar,uma sensação de que o coração vai se partir,assim,muitos se expressam diante dos pesares e aflições da vida.
As pessoas,entretanto,tendem a condenar e punir,olvidando-se de que todos somos alunos,não malfeitores,na escola da vida;que a alma é imortal,é,e "migra" de tempos em tempos para um novo corpo para a seu aperfeiçoamento,passando mais uma vez a ser educada ou instrutora particulares que a harmonia da vida a concedeu,para vencer os novos ou velhos bloqueios e obstáculos íntimos
Entendemos que essas “dores” são fases naturais da evolução terrena, nas quais estagiam todos os seres em crescimento espiritual, aprendendo a usar, convenientemente, seus impulsos inatos ou forças interiores.
AS DORES DA CRUELDADE
De todas as violências que padecemos, as que fazemos contra nós são as que mais nos fazem sofrer.
Em razão de nossa fragilidade interior e de nossos sentimentos de inferioridade, aparece o temor, que nos impede de expressar nossas mais íntimas convicções, dificultando-nos falar, pensar e agir com espontaneidade ou descontração.
Essa atmosfera virtuosa que envolve os que buscam ser sempre admirados e aceitos deve-se ao papel que representam incessantemente de satisfazer e de contentar a todos, em quaisquer circunstâncias.
A timidez pode ser considerada uma auto crueldade, pois o acanhado vigia-se e, ao mesmo tempo vigia os outros, vivendo numa auto prisão.
Em razão de ser aceito por todos, ele não defende sua vontade, mas sim a vontade das pessoas.
Pensando que há algo de errado com ele, não desenvolve a autoconfiança e,continuamente, se esconde por inibição.
É preciso estabelecermos padrões de auto-respeito, aprendendo a dizer “não sei”, “não compreendo” ,“não concordo” e “não me importo”.
Esquecem-se de que os erros são significativas formas de aprendizagem das coisas.
Quem busca consenso, crédito e popularidade não julga seus comportamentos por si mesmo, mas procura, ansiosamente, as palmas dos outros.
O único modo de alcançar a felicidade é viver, particularmente, a própria vida.
“Pertencer-se a mesmo”, é exercer a liberdade de não precisar conciliar as opiniões dos homens e de livrar-se das amarras da tirania social, da escravidão do convencionalismo religioso, das vulgaridades do consumismo, da constrição de ser dependente, enfim, do medo do que dirão os outros.
A solução para a auto crueldade será a nossa tomada de consciência de que temos a liberdade por“ direito que vem da natureza”.
Não poderíamos deixar de registrar o fanatismo e o autoritarismo da “Santa Inquisição”, também conhecida como o “Santo Ofício”, criada em 1233 pelo papa Gregório IX, que entrou para a história como uma das mais brutais demonstrações de ferocidade e violência contra os direitos humanos.
As faculdades do homem estão em estado latente, em essência somos todos unos com a perfeição divina que habita em nós.
Um traço comum em toda a natureza é a evolução, pois evoluir é a grande da
vida.
Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar e por trás de todo o ato de crueldade, sempre existe um pedido de socorro.
Precisamos escutar esse apelo inarticulado e dissolver a violência com nossos gestos de amor.
AS DORES DO ORGULHO
Nosso orgulho quer transformar-nos em super-homens, fazendo-nos sentir“heroicamente estressados”,induzindo-nos a ser cuidadores e juízes dos métodos de evolução da Vida Excelsa e, com arrogância, nomear os outros como desprezíveis, ociosos, improdutivos e inúteis, podendo “agir no processo”, nunca “forçar o processo” ou criticar o seu andamento.
Não devemos ditar novas regras aos indivíduos, mas fazer com que eles tomem consciência de seus valores internos (senso, emoções e sentimentos).
Os indivíduos portadores de uma personalidade orgulhosa se apoiam em um princípio de total submissão às regras e costumes sociais, bem como os defendem energicamente
Eles utilizam-se de um impetuoso interesse por tudo aquilo que se convencionou chamar de certo e errado, porque isso lhe proporciona uma fictícia “cartilha do bem”, em que, ao manuseá-la, possam encontrar os instrumentos para manipular e dominar e, assim, se sintam ocupando uma posição de inquestionável autoridade.
Nos meios religiosos, não somente representam papéis de virtuosos, como também acreditam que o são.
Exigem e esperam obediência absoluta, são super preocupados com exatidão, ordem e disciplina, irritando-se com pequenos gestos que fujam aos padrões preestabelecidos.
Possuem uma inclinação compulsiva ao puritanismo e a compulsão de querer controlar a vida alheia é fruto do nosso orgulho.
Muitos de nós convivemos com indivíduos que tentam cuidar de nosso desenvolvimento espiritual, impondo controle excessivo e disciplina perfeccionista.
ão “censuradores morais”, incapazes de compreender as dificuldades alheias.
AS DORES DA IRRESPONSABILIDADE
Vivemos constantemente colocando nossas necessidades em segundo plano e, ao mesmo tempo, nos esquecemos de que a maior de todas as responsabilidades é aquela que temos para com nós mesmos.
Os acontecimentos exteriores de nossa vida são o resultado direto de nossas atitudes internas.
A princípio, podemos relutar para assimilar e entender esse conceito, porque é melhor continuarmos a acreditar que somos vítimas indefesas de forças que não estão sob a nosso controle.
Nossa existência se faz através de um processo interminável de escolhas sucessivas.
O amadurecimento do ser humano inicia-se quando cessam suas acusações ao mundo, entretanto, há indivíduos que se julgam perseguidos por um destino cruel e censuram tudo e todos, menos eles mesmos, recusando a responsabilidade por suas desventuras, atribuindo a culpa às circunstâncias e às pessoas.
Algumas criaturas aprenderam, desde a infância, o senso dos limites com pais amadurecidos e isso as mantem firmes e saudáveis dentro de si mesmas.
Outras, porém, não. limites são o portal dos bons relacionamentos, tendo como objetivo nos tornar firmes e conscientes de nós mesmos, a fim de sermos capazes de nos aproximar dos outros sem sufocá-los ou desrespeitá-los.
Visam também a não confiar em nós mesmos.
Ser responsável é assumir as experiências pessoais, para atingir uma real compreensão dos desenganos.
Não existem “vítimas da fatalidade”, pois nós mesmos é que somos os promotores do nosso destino.
Somos a causa dos efeitos que ocorrem em nossa existência.
Os Espíritos sábios afirmam que a mudança de nosso destino somente ocorre quando, realmente, assumimos a responsabilidade por nossa vida, usando de determinação e vontade.
Essa transformação, entretanto, não é realizada de um momento para o outro, mas é o produto de uma sequência de escolhas ao longo de inumeráveis experiências e acontecimentos.
O indivíduo que não aceita a responsabilidade por seus atos e, constantemente, cria álibis e recorre a dissimulações, culpando os outros, é denominado imaturo.
A fase primordial da vida se inicia na total inconsciência e, a partir de então, o princípio inteligente progride de maneira gradativa e constante rumo a uma cada vez maior consciência de si, isto é, à crescente iluminação de suas faculdades e atividades íntimas.
As criaturas começam a notar primeiramente os princípios que lhe parecem vir de fora e, depois, no decorrer de seu progresso espiritual, percebem que tudo se encontra em sua intimidade.
Não é o mundo que se transforma.
O que acontece é que elas mudam de níveis de consciência, alterando o mundo em si mesmas.
Em virtude disso, o psiquismo dorme no mineral, sonha no vegetal, sente no animal, pensa no hominal e, por fim, atinge vasta habilidade intuitiva na fase angelical.
A DOR DA CRITICA
Por projeção psicológica entende-se a atitude de perceber nos outros, com certa facilidade, nossos conflitos e dificuldades, com recusa, no entanto, de vê-los em nós mesmos.
Os paranoicos relacionam qualquer acontecimento do mundo consigo mesmos, ou, melhor dizendo, desvirtuam a realidade dos fatos, trazendo para o nível pessoal tudo o que ocorre em sua volta.
Tudo o que criticarmos, veementemente, no exterior encontraremos em nossa intimidade.
Isso nos leva a entender que o ambiente em que vivemos é, em verdade, um espelho onde nos vemos exata e realmente como somos.
Tudo o que, realmente, estamos vivenciando no presente é aquilo que estamos precisando neste momento.
Todo conhecimento, informação, acontecimento ou aproximação de que verdadeiramente precisamos, por certo, vivenciaremos.
Nossas afirmações diante da vida retornarão sempre de maneira inequívoca.
Karmas são estruturados não somente sobre nossos feitos e atitudes, mas também sobre nossas sentenças e juízos, críticas e opiniões.
Atos ou palavras, repetidas sucessivamente, voltarão ecoando sobre nós mesmos; São “veredictos” resultantes de nossas apreciações e estimativas vivenciais.
Todas as nossas suspeitas sistemáticas têm raízes na falta de confiança em nós mesmos, e não nos outros, por isso :
(1) Se criticamos o comportamento sexual alheio, podemos estar vivendo enormes conflitos afetivos dentro do próprio lar
(2) Se tememos a desconsideração, é possível termos desconsiderado alguma coisa muito significativa dentro de nossa intimidade
(3) Se desconfiarmos de que as pessoas querem nos controlar, provavelmente não estamos na posse do comando de vida interior
(4) Se condenarmos a hipocrisia dos outros, talvez não estejamos sendo leais com nossas próprias vocações e ideais.
A crítica nociva é característica de indivíduos que não realizam nada de importante, não enfrentam desafios nem se arriscam a mudanças.
Os verdadeiros realizadores deste mundo não têm tempo para censuras e condenações, pois estão sempre muito ocupados na concretização de suas tarefas.
A crítica pode ser construtiva e útil.
Cada um de nós pode, livremente optar entre o papel de ironizar e o de realizar.
Ela pode ser empregada como forma de inocentar-nos da responsabilidade de nossa própria ineficiência e de atribuir nossas frustrações e fracassos aos que, realmente, são criativos e originais.
Em muitas ocasiões, em decorrência das emoções patológicas, é perfeitamente possível pessoas sentirem-se humilhadas, vendo atitudes de arrogância e insulto onde não existem.
No mundo interior das críticos implacáveis, pode existir uma intimidação, originalmente adquirida na Infância, em virtude as autoridade e ameaça dos pais.
Vozes do passado ecoam em suas mentes, solicitando, insistentemente, que sejam “pontuais e infalíveis”, “exatos e bem informados”, “super-responsáveis e controlados”
As exigências do pretérito criaram-lhe um padrão de comportamento mental,caracterizado por constante cobrança e acusação, fazendo com que projetem tudo isso sobre os outros.
O medo de cometerem erros e o fato de desconfiarem de si mesmos, conferem-lhes uma existência ambivalente, pois vivem, ao mesmo tempo, entre a sensação de perseguição e a de superioridade.
Desesperadamente, observam e desconfiam de si mesmos, exteriorizando e transferindo toda essa sensação de auto- acusação, condenando os outros.
Os críticos são especialistas em detectar e resolver os problemas que não lhe dizem respeito, mas, contrariamente, possuem uma grave dificuldade em aceitar a sua própria problemática existencial.
A tendência em julgar e criticar os outros, com intenção maldosa, recebe a denominação de malícia.
Em outras palavras, o indivíduo nessas condições vê os outros com os olhos da “própria maldade”
A DOR DA ILUSÃO
A criatura humana que modela suas reações emocionais através dos critérios dos outros, estabelece para si própria metas ilusórias na vida.
Constantemente, criamos fantasias em nossa mente e recusamos aceitar a verdade.
A negação é um desses mecanismos psicológicos, e ela aparece como primeira reação diante de uma perda ou de uma derrota.
Portanto, negamos, invariavelmente, a fim de amortecer nossa alma das sobrecargas emocionais.
Um exemplo clássico de ilusão é a tendência exagerada de certas pessoas em querer fazer tudo com perfeição.
Essa abstração ilusória as coloca em situação desesperadora.
Trata-se de um processo neurótico que faz com que elas assimilem cada manifestação de contrariedade dos outros como um sinal do seu fracasso e a interpretem como uma rejeição pessoal.
Sua incapacidade de aceitar os outros como são é reflexo de sua incapacidade de aceitar a si próprio.
Sua busca doentia da perfeição é uma projeção de suas próprias exigências internas, pois o perfeccionismo é, por certo, a mais comum das ilusões.
A sensação de que podemos controlar a vida de parentes e amigos também é uma das mais frequentes ilusões e, nem sempre, é fácil diferenciar a ilusão de controlar e a realidade de amar e compreender.
Agimos, em outras circunstâncias, com segundas intenções, envolvendo criaturas que nos parecem trazer vantagens imediatas, achando que conseguiremos lograr êxito, mas, como sempre, todo plano oportunista, mais cedo ou mais tarde, será descoberto, e, quando isso acontece, indignamo-nos contra a pessoa e não contra a nossa auto-ilusão.
Certamente, esquecemo-nos de que somos nós mesmos que nos iludimos, por querer que as criaturas deem o que não podem e que ajam como imaginamos que devam agir.
As ilusões que criamos servem-nos, de certa forma, de defesas contra nossas realidades amargas.
Muitos de nós conservamos a ilusão de que a posse material proporciona a felicidade, de que o poder e a fama garantem o amor, de que a força bruta protege de uma possível agressão, e de que a prática sexual dá uma integral gratificação na vida.
Quase sempre, desenvolvemos essas ilusões na infância com nossos pais, professores, outros parentes e, mesmo quando crescidos e maduros, sentimos medo de abandoná-las.
Enquanto usarmos nossa mente, sem que ela esteja ligada a nossos sentidos mais profundos, ficaremos agarrados a esses valores ilusórios e às vezes, na denominada educação ou norma social, assimilamos as ilusões dos outros como sendo realidades.
Colocar restrições às emoções é como querer segurar as ondas do mar, enquanto colocar restrições ao comportamento humano é perfeitamente possível e válido, pois são os comportamentos adequados que promovem o bem estar dos grupos sociais e são necessários a harmonia da comunidade.
As emoções são simplesmente emoções.
É importantíssimo aprendermos a perdoar e sermos comprensivos, desde que façamos isso agindo por livre escolha, não por medo ou por autonegação emocional.
Para que nossos atos e comportamentos sejam verdadeiros, as emoções devem ser percebidas como são e totalmente reconhecidas pela nossa personalidade, a fim de que nossa expressão seja natural, fácil e apropriada às situações.
Habitualmente, os pais costumam repreender o filho dizendo que não deveria ter raiva ou medo.
Por certo, condenam as crianças por essas emoções e as obrigam a escondê-las, porém eles não conseguem extirpá-las e, ao punirem seus filhos, por estes expressarem suas emoções naturais, talvez não estejam usando o melhor método educativo.
Não seria melhor ensinar-lhes os códigos do bom comportamento social, deixando que seu modo de ser flua com naturalidade e equilíbrio, sem anular a personalidade ou torná-los submissos ?
Na infância, se as emoções forem impedidas de se manifestar, irão ocasionar sérios danos no desenvolvimento psicoemocional da adulto, constituindo-se-lhe um obstáculo para atingir a auto-segurança.
A raiva ou o medo são emoções que proporcionam um certo “estado de alerta”, que nos mantem despertos.
Sem eles, ficamos impotentes e não conseguimos proteger nossa integridade física nem a psicológica das ameaças que enfrentamos na vida.
São eles que nos orientam para a defesa ou para a fuga em situações de risco.
A repressão das emoções inibe o ritmo e a pulsação interna, limita a vitalidade e reduz a percepção.
Quando reprimimos uma emoção, por certo estaremos reprimindo muitas outras.
Ao reprimirmos nossas emoções básicas(medo e raiva), certamente estaremos reprimindo também as emoções da afetividade.
A DOR DO MEDO
Colocar nossa atenção nas coisas da vida é fator importante para o nosso desenvolvimento mental e espiritual.
Todavia, é necessário saber direcionar convenientemente nossa percepção e atenção no momento exato e para o lugar certo.
Quanto mais pensarmos e voltarmos nossa atenção para as calamidades e desastres, mais teremos a impressão de que o mundo está limitado à nossa pessoal maneira catastrófica de vê-lo e senti-lo.
Na oportunidade de crescimento que nos oferecem nossas experiências, temos a oportunidade de validar e potencializar determinadas crenças e conceitos que poderão nos desestruturar psiquicamente, levando-nos a uma verdadeira hipnose mental.
A partir disso, esquecemo-nos de visualizar o restante do mundo que nos cerca. Passamos a viver simplesmente voltados para a opinião que adotamos como “única verdade”, assustados e amedrontados entre constantes atmosferas de receio e apreensão.
O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e agir com espontaneidade, pois quem decidirá como e quando devemos atuar será a atmosfera do temor que nos envolve.
Ancorados pelo receio e pela desconfiança, criamos resistências, obstáculos e tropeços que nos impedem de avançar.
As sensações do medo sobrecarregam as energias dos chakras do plexo solar e do cardíaco, provocando, quase sempre, uma impressão de vácuo no estômago e um descontrole nas batidas do coração.
Aprendendo a focalizar e a desfocalizar nossas crises, traumas, medos, perdas e dificuldades, bem como os acontecimentos desastrosos do cotidiano.
Teremos metas sempre adequadas e seguras que favorecerão nosso progresso espiritual.
“Sombra” é um conceito junguiano para designar a soma dos lados rejeitados da realidade que a criatura não quer admitir ou ver em si mesma, permanecendo, portanto, esquecidos nas profundezas da intimidade.
Por medo de sermos vistos como somos, nossas relações ficam limitadas a um nível superficial. Resguardamo-nos e fechamo-nos intimamente para sentir-nos emocionalmente seguros.
As coisas ignoradas geram mais medos do que as conhecidas.
Recusar-se a aceitar a diversidade de emoções e sentimentos de nosso mundo interior nos levará a viver sem o controle de nossas existências, sem ter nas mãos as rédeas de nosso destino.
Desvendar, gradativamente, nossa “geografia interna”, nosso próprio padrão de carências e medos, proporciona-nos uma base sólida de auto-confiança.
Arrependimento pode ser visto como a nossa tomada de consciência de certos elementos que negávamos consciente ou inconscientemente, projetando-os para fora ou reprimindo-os em nossa “sombra”.
Tomar consciência é uma expressão moderna que significa discernimento da vida exterior e interior, acrescida da capacidade de julgar moralmente os atos.
O ato de arrependimento é um antídoto contra o medo.
Quem se arrependeu é porque aprendeu que é simplesmente humano, falível e nem melhor nem pior do que os outros.
Arrepender-se é o primeiro passo para melhorarmos e progredirmos espiritualmente.
Os chamados tiques nervosos nada mais são do que impulsos compulsivos de atos ou a contração repetitiva de certos músculos, desenvolvida de forma inconsciente, para não tomarmos consciência dos conteúdos emocionais que reprimimos em nosso “Sombra”. Os tiques são compulsões motoras para aliviar emoções e funcionam como verdadeiros “tapumes energéticos” para conter sentimentos emergentes.
Enquanto o indivíduo se distrai com o tique, não deixa vir à consciência o que reprimiu, por considerá-lo feio e pecaminoso.
O somatório dessas emoções negadas nos causa medos inexplicáveis que nos oprimem, afastando-nos do verdadeiro arrependimento e prejudicando o nosso crescimento interior.
Uma das manifestações do medo mais problemáticas para as criaturas humanas é a denominada fobia social ou ”agorafobia”, ou seja, é o pavor de fazer o que quer que seja em público.
O fóbico social receia ser julgado e avaliado pelos outros.
Dentre as muitas dificuldades que envolvem a “agorafobia”, a mais grave é a incerteza de nosso valor pessoal e as crenças de baixa estima que possuímos, herdadas muitas vezes na infância.
O sentimento de inferioridade é o grande dificultador dos relacionamentos seguros e sadios, produzindo uma necessidade de estarmos sempre certos e sempre sendo aplaudidos pelos outros.
Tememos mostrar-nos como somos e escondermos nossos erros, convencidos de que seremos desprestigiados perante nossos companheiros e amigos.
Diversas matrizes do medo se fixaram na vida infantil.
Os pais autoritários e rudes que estabeleceram um regime educacional duro e implacável, impondo normas ameaçadoras e punitivas, criaram na mente das crianças a necessidade de mentir e fantasiar constantemente.
Dessa maneira, elas passaram a viver de forma que agradasse.
A DOR DA PREOCUPAÇÃO
Se acreditarmos que nossa felicidade ou infelicidade venha de coisas externas, do acaso ou das mãos de outras pessoas, estaremos dificultando nosso crescimento e amadurecimento interior.
A Providência Divina agindo em nós faz com que saibamos exatamente o que precisamos escolher para nosso aprimoramento interior.
As almas estão vivenciando o útil e o necessário para o desenvolvimento de suas potencialidades naturais e divinas.
Podemos orientar, amar, apoiar, ajudar, mas jamais achar que sabemos melhor como as coisas devem ser e como as criaturas devem se comportar.
É importante não confundirmos preocupação com prudência ou cautela.
A previdência e o planejamento para que possamos atingir um futuro promissor, são desejos naturais dos homens de bom senso.
Na realidade, preocupação quer dizer aflição e imobilização do presente por causa de um suposto fato que poderá acontecer, ou ainda uma suspeita de que uma decisão poderá causar ruína ou perda.
Os preocupados têm dificuldade de concentração no momento presente e, por isso, fazem com que a consciência se desvie do foco da experiência para a periferia, isto é, vivem entorpecidos no hoje por quererem controlar, com seus pensamentos e com sua imaginação, os fatos do amanhã.
Esse desvio da atenção é uma busca deliberada de distração do indivíduo, uma forma de impedir a si próprio de ver o que precisa perceber em seu mundo interior.
Quando dizemos que nos preocupamos com os outros, quase sempre estamos nos abstraindo :
(1) Das atitudes que que não temos coragem de tomar
(2) Das responsabilidades que não queremos assumir
(3) Das carências afetivas que negamos a nós mesmos
(4) Dos atos incoerentes que praticamos e não admitidos
(5) Dos bloqueios mentais que possuímos e não aceitamos
É incontestável que a preocupação jamais nos preservará das angústias do amanhã, apenas colocará obstáculos às nossas realizações do presente.
Confiemos na Paternidade Universal que rege a todos, visto que preocupação, em síntese, é desconfiança das Leis da Vida. Não nos compete determinar ou dirigir as decisões alheias, nem mesmo temos o direito de convencer ninguém ou censurar as opções de vida de quem quer que seja.
Tudo ocorre dentro de um perfeito sincronismo tempo/espaço.
Não adianta nos preocuparmos com o nosso processo de aprendizado nem com o dos outros, pois, se alguém não está conseguindo caminhar convenientemente agora, é porque lhe falta algo a fazer, ou mesmo, coisas a aprender.
No Universo, tudo obedece a um ritmo natural; as raízes de nossa evolução corporal espiritual estão arraigadas nas íntimas relações com a Natureza.
Em nível mais profundo, somos parte dela.
Há um tempo para tudo.
Também nós, os espíritos domiciliados ou não na Terra física, identificamos nossos ritmos internos através das sensações da dor e do prazer, a fim de avaliarmos o “grau de acerto” de nossos atos e decisões.
Tanto os astros da abóboda celeste, como os seres microscópicos do nosso planeta, todos são regidos por uma Divina Ordem, que mantém trajetórias e órbitas perfeitamente alinhadas, como também os ritmos e os propósitos coerentes com o grau de necessidade e progresso das criaturas e das demais criações.
A DOR DO VÍCIO
O vício pode ser um “erro de cálculo” na procura de paz e serenidade, porque todos queremos ser felizes e ninguém, conscientemente, busca de propósito viver com desprazer, aflição e infelicidade.
Existem diversos casos de obesidade que surgiram no clima de lares onde a mãe é superexigente, perfeccionista e dominadora, forçando constantemente a criança a se alimentar, não levando em conta suas necessidades naturais.
Pela insistência materna, ela desenvolve o hábito de comer exageradamente, prejudicando desenvolvimento do senso interior, que lhe dá a medida de quando começar e de quando parar de comer.
O vício aparece constantemente onde há uma inadaptação à vida social.
Por incrível que pareça, o viciado é um “conservador”, pois não quer correr o risco de se lançar à vida, tornando-se, desse modo, um comodista por medo do mundo que, segundo ele, o ameaça.
Os vícios ou hábitos destrutivos são, em síntese, métodos defensivos que as pessoas assumiram nesta existência, ou outras encarnações, como uma forma inadequada de promover segurança e proteção.
As criaturas assimilam conceitos simplesmente porque outras, que elas julgam importantes e entendidas, disseram-lhes que são verdadeiros.
Não podemos entender os vícios como uma problemática que abrange, exclusivamente, delinquentes e vadios.
Em verdade, viciados são todos aqueles que se enfraqueceram diante da vida e se refugiaram na dependência de pessoas ou substâncias.
Por serem carentes e sofridos, entregaram sua força de vontade ao poder dos tóxicos, procurando se esquecer de algo que, talvez, nem mesmo saibam : “eles próprios”, pois não aguentaram suportar seu mundo mental em desalinho.
Os dependentes são julgados por muitos como criaturas intencionalmente indolentes.
Por outros, de forma precipitada, como “parasitas sociais”, desocupados, improdutivos e preguiçosos.
Mas sem qualquer conotação ou justificativa de tirar-lhes a responsabilidade por seus feitos e decisões, não podemos nos esquecer de que o “peso do fardo” que carregam-lhes dá tamanha lassidão energética que passam a viver em constante “embriaguez na alma”, entre fluidos de abatimento, fadiga e tédio.
Não são inúteis deliberadamente, mas se utilizam, sem perceber, do desânimo que sentem como “estratégia psicológica” para fugirem à decisão de “arregaçar as mangas” e enfrentar a parte que lhes cabe realizar na vida.
Adiam sistematicamente seus compromissos, vivem de uma maneira no presente e dizem que vão viver de outra no futuro.
Os toxicômanos são criaturas de caráter oscilante, não desenvolveram o senso de autonomia, vivem envolvidos numa aura fluídica de indecisão e imobilização por consequência da própria reação emocional em desajuste.
Protelam as coisas para um dia que, talvez, nunca chegará.
Fixam-se ao consumo cada vez maior de produtos narcóticos, enquanto desenvolvem atitudes emocionais que os levam a subjugação a pessoas e situações.
Aprendemos com as sociedades absolutistas do passado que a ociosidade era uma peça importante na vida.
Na corte, as etiquetas, jogos, bailes e saraus eram as atividades mais comuns da nobreza
A DOR DA CULPA
Inúmeras crenças religiosas têm sido nocivas ao desenvolvimento das criaturas, pois usam frequentemente a culpa como forma de atemorizar.
As religiões foram criadas para retirar as criaturas da convenção e transportá-las à espiritualização, mas, na atualidade, algumas religiões se transformaram nas próprias convenções sociais.
A culpa é frequentemente difundida por religiosos ortodoxos de forma consciente e até mesmo inconsciente, como meio de, produzindo temor nos fiéis, estabelecer dependência religiosa e determinar comportamentos e posturas de vida que acreditam ser corretas e convenientes às suas “nobres causas missionárias”.
Na realidade, criaturas imaturas se consideram profundamente culpáveis, porque valorizam em excesso o que os outros dizem e pensem.
Quanto mais impedirmos as pessoas com as quais convivemos de agir e de pensar por si mesmas, mais estaremos dificultando suas oportunidades de amadurecimento e de crescimento espiritual.
Problemas são estímulos que a vida nos apresenta para nos autoconhecer.
Alguns de nós aprendemos que deveríamos ser responsáveis pela felicidade dos outros, usando uma postura de “tomar conta”, ou seja, de supervisionar, comandar, insistir, seduzir, chorar, acusar, subornar, espionar, produzindo culpa em nós e nos outros e pedindo intervenções milagrosas, a fim de redimirmos e salvarmos as almas de nossos entes mais queridos.
Muitos indivíduos passaram a viver para controlar e proteger pais, irmãos, outros parentes, amigos e conhecidos à sua volta, preocupando-se, neurótica e compulsoriamente, em solucionar as dificuldades ou equacionar a vida dessas pessoas, desenvolvendo, ao longo do tempo relacionamentos doentios, nunca se preocupando com o que eles próprios sentem ou desejam, mas somente se interessando por aquilo que os outros sentindo e pensando.
Por acreditarmos que as pessoas são vítimas do mundo e incapazes de cuidar de si mesmas, assumimos essa atitude salvacionista. Podemos traduzi-la como uma maneira de agir subestimando a capacidade dos indivíduos de crescer e evoluir.
A Providência Divina nos convoca a ser participante na vida dos outros, jamais controladores.
O auxílio real entre as criaturas está alicerçado nas trocas benéficas a que todos nós somos convocados a realizar, mas devemos aprender quando não dar e quando não executar tarefas da responsabilidade de outras pessoas, pois isso também faz parte da “Lei do Amor”
A sexualidade é a área em que a culpa mais floresce na sociedade.
Confundimos constantemente a nossa habilidade para o sexo com a nossa capacidade sexua.l
As crianças formaram hábitos, conceitos e ideias sobre o sexo, absorvidos no dia-a-dia da vida familiar nos mais diversos exemplos que recolheram dos atos e crenças dos adultos. Noções, crendices, preconceitos e concepções já existem nas crianças, pois são frutos de suas existências pretéritas.
Além disso, somam-se à sua bagagem espiritual as ocorrências e aprendizagem da vida atual.
Não podemos nos esquecer de que o “grau de responsabilidade” deve ser sempre coerente com a estrada evolucional por onde transitam as almas.
Portanto, os indivíduos responderão adequadamente por seus atos e atitudes e serão responsáveis somente por aquilo que conhecem, não pelo que ignoram.
Devemos, assim, viver em paz com nossa experiência sexual atual, valorizando nosso aprendizado e, em tempo algum, culpar-nos ou atribuir culpa a alguém.
Efetivamente, existem tantos níveis de entendimento e amadurecimento sexuais quanto indivíduos que os possuem.
Não podemos determinar exatamente a extensão das dificuldades e das carências de conhecimento e discernimento de uma criatura em seu desenvolvimento afetivo, mesmo porque estamos na Terra a fim de aprender e é através de nossos acertos e desacertos que ficaremos sabendo como agir corretamente nas experiências subsequentes.
Podemos julgar a promiscuidade sexual, moralmente errada, mas não podemos julgar o indivíduo promíscuo, por desconhecer sua necessidade evolutiva e seu “coeficiente de maturidade”.
A DOR DA MÁGOA
A maior parte das criaturas se comporta como se o amor não fosse um sentimento a ser cada vez mais aprendido e compreendido.
Agem como se ele estive inerte na intimidade humana e passam a viver na expectativa de que um dia alguém ou alguma coisa possa despertá-lo em toda a sua potência numa espécie de fenômeno encantado.
Nas questões do amor, vale considerar que, quanto mais soubermos, mais teremos para dar.
Quanto maior o discernimento, maior será a nossa habilidade para a mar.
Quanto mais compartilharmos o amor com os outros, mais estaremos alargando a nossa fonte de compreensão a respeito dele.
Negamos frequentemente o fracasso amoroso, durante anos e anos, para não admitir diante dos outros nossas escolhas precipitadas e equivocadas.
Porque não renunciamos à necessidade neurótica de ser perfeitos, ficamos sempre presos a uma pressão torturante de infalibilidade.
Perdemos excelentes momentos de crescimento pessoal, queixando-nos cotidianamente de que estamos sendo ignorados e usados, porém nunca tomamos atitude alguma.
Deixamo-nos magoar pelos outros e acabamos magoando também a nós mesmos. Reagimos às ofensas e ao desdém, experimentando sentimentos de frustração, negação, autopiedade, raiva e imensa mágoa.
Culpamos as pessoas pelos nossos sofrimentos, verbalizando as mais diversas condenações e em seguida, esforçamo-nos exaustivamente para não ver que a origem de nossas dores morais é fruto de nossa negligência e comodismo.
O produto amargo de nossa infelicidade amorosa são nossas mágoas, resultado direto de nossas expectativas, que não se realizam, sobre nós mesmos e sobre as outras pessoas.
Nós nos “barateamos” quando colocamos nossa autovalorização em baixa na espera de seduzir e modificar seres humanos que nos interessam.
Justificamos nossa infelicidade conjugal como sendo “débitos do passado” e passamos uma vida inteira buscando “álibis reencarnatórios” para compensar o desprezo com que somos tratados e a opção que fizemos de viver com criaturas que nos desconsideram e nos agridem a alma constantemente.
Aprendemos quem somos e como agimos convivendo com os defeitos e qualidades dos outros.
É justamente nos conflitos de relacionamento que retiramos as grandes lições para identificar as origens de nossas aflições.
Querer não “sentir dor” pode dessensibilizar as comportas de nossos mais significativos sentimentos, inclusive atingindo de forma generalizada nossa capacidade de amar.
Muitas vezes, queremos representar que possuímos uma segurança absoluta, quando, na realidade, todos nós somos vulneráveis de alguma forma.
O querer viver uma existência inteira desprovida de decepções e de ingratidão, com aceitação e consideração incondicionais, é desastrosamente irreal.
Portanto, não podemos passar uma vida inteira ocultando de nós mesmos que nunca ficaremos magoados. Devemos, sim, admitir a mágoa, quando realmente ela existir, para que possamos resolver nossos conflitos e desarranjos comportamentais
Mágoa não elaborada se volta contra o interior da criatura, alojando-se em determinado órgão, desvitalizando-o.
Mágoa se transforma com o tempo em rancor, exterminando gradativamente nosso interesse pela vida e desajustando-nos quanto a seu significado maior.
O fato de criarmos o hábito de desviar a atenção como forma de dispersar a dor da agressão e de isso funcionar muito bem em determinados momentos expressivos de nossa vida, mantendo a mágoa dissimulada, poderá se tornar um estilo comportamental inadequado, pois distorce a realidade de nossos relacionamentos.
Sentimentos não morrem.
Poderemos enterrá-los, mas mesmo assim continuarão conosco e se não forem admitidos, não serão compreendidos e, consequentemente, estarão desvirtuando a nossa visão do óbvio e do mundo objetivo.
A DOR DO EGOÍSMO
A vaidade é um desejo superlativo de chamar a atenção, ou a presunção de ser aplaudido e reverenciado perante os outros.
É a ostentação dos que procuram elogios, ou a ilusão dos que querem ter êxito diante do mundo e não dentro de si mesmo.
Filhos de pais orgulhosos podem tornar-se crianças exibicionistas, carregando uma grave dependência psíquica de destaque, comportando-se para ser socialmente aceitas e para aparentar-se pessoas brilhantes.
Outra causa do desenvolvimento da vaidade nas criaturas é a importância desmedida que dão às posses e propriedades.
A riqueza amoedada é conceituada como um dos instrumentos com o qual podemos manipular as pessoas e nos tornar um ponto de atração.
As uniões matrimoniais acontecem, quase sempre, por interesse pessoal, sem levarem-se em conta os reais sentimentos da alma.
Há profissões tradicionalmente ambicionadas, como medicina, engenharia e outras tantas de mais recente valorização nos dias atuais, que os pais almejam para os filhos, tentando assim solucionar suas próprias frustrações e evidenciar sua própria pessoa com o “brilho profissional” de seus familiares, quando na realidade,o que cultivam é o “prazer da notoriedade”.
O egoísmo é difícil de desenraizar-se porque deriva da influência da matéria, influência de que o homem, ainda muito próximo de sua origem, não pode libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organização social, sua educação.
O egoísmo assenta na importância da personalidade.
A vaidade é filha legítima do egoísmo, pois o vaidoso é um “cego” que somente sabe ver a si próprio. Essa importância ao “sentimento de personalidade”, nada mais é do que a vaidade.
Além da educação familiar, os jornais, as revistas, os telejornais, ou seja, a mídia criam todo um “mercado de personalidades” prósperas, mostrando suas fotos super produzidas e seu modo de vida na opulência.
As criaturas, que receberam uma educação voltada para esses valores superficiais, tentam se comparar e competir com os modelos da televisão ou com as estrelas e astros do cinema, gastando tempo e energia, porque se esquecem de que são incomparáveis.
A criatura sovina isola-se em si mesma.
A mesquinhez pode manifestar-se ou não com a acumulação de posses materiais, como também pode aparecer como um “refreamento de sentimentos” ou um “auto-distanciamento do mundo”.
Como a matriz interior se fundamenta numa necessidade reprimida da pessoa que não consegue se relacionar com outras, nem mesmo delas se aproximar para permuta de experiências e afetividade, ela se sente solitária e, assim, compensa-se, acumulando bens.
Ela cria uma atmosfera de autonomia por possuir valiosos objetos exteriores destinados a suprir a sensação de vulnerabilidade que sente ao lidar com as pessoas.
A indiferença e a frieza emocional, a apatia e o apego patológico, bem como o distanciamento das privações dos outros, são características marcantes das criaturas que alimentam uma paixão egoística pelos bens materiais.
São conhecidas como sovinas, mesquinhas ou usurárias.
A avareza é o produto de uma necessidade que se encontra na intimidade da psique humana.
Ela tenta enfeitar ou distrair o conflito com a busca de bens perecíveis, mas nunca consegue suprir a sensação de carência íntima.
A DOR DA BAIXA ESTIMA
Complexo de inferioridade consiste em conjunto de ideias que foram recalcadas no inconsciente da criatura em tenra idade, associadas às já existentes pelas experiências obtidas em vidas pretéritas, agindo sobre a conduta humana e provocando:
(1) Sentimentos gratuitos de culpa
(2) Pensamentos de baixa estima
(3) Frustração em decorrência da desvalorização da capacidade e habilidade pessoal
Definiremos o termo “recalque” ou “repressão”como um processo psíquico através do qual recordações, sentimentos, ideias e desejos inaceitáveis ou desagradáveis são excluídos da consciência, permanecendo apenas no inconsciente.
As pessoas tentam compensar esse sentimento de inferioridade, adotando formas de viver em que exageram e exaltam a própria personalidade.
Tendências à arrogância, delírio megalomaníaco, preferência pela ostentação fazem parte do cortejo daqueles que possuem uma interiorizada depreciação de si mesmos.
Podemos considerar que a base de todo complexo de inferioridade inicia-se no materialismo, ou seja, na crença do nada, pois quando cremos que tudo provém do acaso e que nada existe senão o que os olhos físicos conseguem visualizar, iniciamos em nós o processo de inferioridade.
Criamos, a partir daí, um “estilo de vida” inconsciente, baseado em que “não somos nada” e, em nossas profundezas, consideramos ser o produto momentâneo do acaso, ignorando a essência sagrada que habita em nós e lutamos contra uma suposta má sorte, que nos fataliza a desgastar enorme quantidade de energia, por não reconhecermos as Leis Naturais que regulam tudo e todos.
A criatura materialista precisa crer que é superior, para compensar sua crença na insignificância da existência ou na falta de sentido em que vive.
O ser espiritualizado sabe que cada pessoa é tão boa quanto pode ser, conforme seu grau evolutivo.
A Providência primeira e essencial para que possamos nos curar do sentimento de baixa estima ou inferioridade, é a convicção na imortalidade das almas e na pluralidade das existências.
O sentimento de autopiedade pode nos tornar doentes fisicamente.
A piedade aqui referenciada é o sofrimento moral de pesar ou a aflição que sentimentos por autopunição.
A baixa estima ou autopiedade pode-nos levar a ser vítimas de nós mesmos, pois estaremos somatizando essas emoções negativas em forma de doenças.
Os traços psicológicos dos indivíduos que sentem autopiedade são reconhecidos pela ausência de experiências interiores.
Eles possuem uma restrita visão de seu ritmo interno, não valorizam seu mundo íntimo nem desenvolvem seu potencia inato, quer dizer, suas capacidades latentes (intuição, inspiração, percepção).
O sentimento de inferioridade ou de baixa estima associa as criaturas a uma resignação exagerada, a um auto-desleixo ou descuido das coisas pessoais.
O maior sentido de nossa encarnação é a conscientização da riqueza de nosso mundo interior, pois somos essências divinas em busca da perfeição, cujo caminho é o auto-descobrimento.
Algumas afirmações que, se observadas, com atenção, poderão nos ajudar a reconquistar a autoconfiança perdida :
(1) Somos potencialmente capazes de tomar decisões sem ter que recorrer a intermitentes conselhos
(2) Possuímos uma individualidade divina
(3) Fazemos as coisa porque gostamos, não para agradar as pessoas
(4) Encontraremos sempre novos relacionamentos. Por isso não temos medo de ser abandonados
(5) usaremos, constantemente, de nosso bom senso. Portanto, as críticas e as desaprovações não nos atingirão com facilidade
(6) tomaremos nossas próprias decisões, respeitando, porém as dos outros
(7) confiaremos na Luz maior que há em nós, pois ela sempre nos guiará pelos melhores caminhos.
A DOR DA RIGIDEZ
Teimosia é uma forma de rigidez da personalidade, um apego obstinado às próprias idéias e gostos, nunca admitindo insuficiências e erros.
O excesso de rigidez e severidade faz com que criemos um padrão mental que influenciará os outros para que nos tratem da mesma forma como os tratamos.
Poderemos ainda, no futuro, provocar em nós um sentimento de autopunição, pois estaremos usando para conosco o mesmo tratamento de austeridade e dureza.
Segundo Alfred Adler, a “compensação” é um dos métodos de defesa do ego e consiste num fenômeno psicológico que busca contrabalançar e dissimular nossas tendências inconscientes por nós consideradas reprováveis e que tentam vir à nossa consciência
Os excessos de todo gênero funcionam, na maioria das vezes, como disfarce psicológico para compensar nossas tendências interiores.
Exageramos posturas e inclinações na tentativa de simular um caráter oposto.
Atitudes exageradas de um indivíduo significam, quase sempre, o contrário do que ele declara :
(1) Excesso de pudor – compensação de desejos sexuais normais reprimidos
(2) Excesso de afabilidade – compensação de agressividade mal elaborada
(3) Excesso de religião – compensação de dúvidas desmoralizadoras existentes na inconsciência
(4) Excesso de dominação – compensação de fragilidade e desamparo interior
Atrás de todo excesso ou rigidez se encontra a não aceitação da naturalidade da vida, fora e dentro de nós mesmos.
Tudo o que fazemos está relacionado com nossa idade astral e, inquestionavelmente, fazemos agora o que de melhor poderíamos fazer, porque estamos agindo e pensando conforme nossas convicções interiores.
A pena de morte é uma rigidez dos costumes humanos que propõe matar o corpo físico como punição pelas faltas cometidas.
O projeto da Vida Maior é conscientizar-nos, não sentenciar.
Deus permite que o erro integre o nosso caminho.
Aliás, ele faz parte das nossas condições evolutivas para que possamos aprender e assimilaras experiências da vida. Os erros são ocorrências consideradas admissíveis pela legislação do criador.
Deus não condena ou castiga ninguém, mas o oposto : institui leis harmoniosas e justas que nos conduzirão fatalmente à felicidade plena.
Por que então usar de rigidez perante os acontecimentos da vida.
Explorando opções, diversificando nossas opiniões, conceitos, atitudes e recolhendo os frutos do progresso aqui e acolá, teremos expandida a nossa visão, que será a base para agirmos com prudência e maleabilidade diante das nossas decisões.
Mentalidades rígidas não são consideradas desembaraçadas e rápidas, pois nunca estão prontas para mudar ou para receber novas informações.
Na atualidade, os estudiosos da mente acreditam que os indivíduos duros e intransigentes, por não se adaptarem à realidade das coisas, possuem uma maior predisposição para a psicose, fogem para um universo irreal, classificado como loucura.
Essa fuga é, por certo, uma forma de adaptação, para que possam sobreviver no mundo social que eles relutam em aceitar.
A DOR DA ANSIEDADE
Reside em nós mesmos a influência que exercemos sobre as situações imediatas ou sobre as circunstâncias futuras de nossa vida, pois nenhuma de nossas condutas ou atitudes manifestadas é livre de efeitos.
A preocupação pode produzir ansiedade, levando-nos, a partir de então, a imaginar fatos catastróficos. Quando nos preocupamos com o futuro, não vivemos o agora e sofremos imensa imobilização, que toma conta do nosso presente.
A reunião de todas as nossas ansiedades não poderá alterar nosso destino, mas somente nosso empenho, determinação e vontade no momento presente é que poderá transformá-lo para melhor.
Crer com firmeza que Deus nunca erra e sempre está se manifestando e se pronunciando em tudo e em todos será sempre um método feliz de se despreocupar.
Crer que ele está sempre disposto a nos prover de tudo o que necessitamos para nosso amadurecimento espiritual é o melhor antídoto contra a ansiedade e os excessos de imaginação dramática.
Não há com que nos preocuparmos, pois tudo está absolutamente correto, porque todos estamos amparados pela sabedoria providencial das Leis Divinas.
De nada adiantará teu desespero e aflição, pois a Vida Maior não te dará ouvidos dessa forma, pois a tua ansiedade não mudará o curso da natureza.
Vive com plenitude o presente e verás o futuro relatar as consequências dos teus atos do ontem.
Existem etapas regidas por ciclos evolutivos que são, em verdade, o processo espiritual de desenvolvimento de cada um.
Não tenhas pressa, pois a paciência te ajudará a atravessar o momento de crise e os frutos do amanhã serão proporcionais à tua paciência de agora.
A DOR DA PERDA
A natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado.
Portanto, a criatura não deve “endurecer o coração e fechá-lo à sensibilidade”, se receber ingratidão de seus amigos, porquanto o Homem de coração se sente sempre feliz pelo bem que faz, pois sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra.
Se alimentarmos essa crença de que os amigos verdadeiros são aqueles que se modelam ao nosso perfeito “idealismo mítico”, isto é, relacionamento estruturados em “castelos no ar”, poderemos estar vivendo, fundamentalmente, sob uma consistência irreal a respeito de amizade.
Os reconhecidos, porém, como, amigos “íntimos” ou “permanentes” são aqueles que possuem afeto mútuo e o conservam indefinidamente.
A intimidade entre eles faz com que tenham um crescente amadurecimento espiritual, alargando seu mundo interior à medida que aumentam a capacidade de compreender as similaridades e as diferenças entre si mesmos.
Em verdade, para se possuir real intimidade e adquirir plena confiança entre amigos é necessário nunca esconder o que há de desagradável em nós; em outras palavras, é preciso revelar nossa falibilidade.
Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque o que chamamos destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.
A morte é um intervalo entre as diversas transformações da vida, a fim de que a renovação e a aprendizagem se estabeleçam nas almas, ao longo da eternidade.
A perda de um ente querido é universalmente causa de tristeza e de lágrimas, em qualquer rincão do Planeta, mas a forma está intimamente moldada ao nosso grau evolutivo.
São compreensíveis as lamentações e os pesares, o pranto e os suspiros, pois o ser humano passa por processos psicológicos de adaptação e de reajuste às perdas da vida.
Uma das mais importantes funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento íntimo, para que a criatura replaneje ou recomece uma nova etapa vivencial.
O isolamento transitório pode ser considerado também como uma forma psicológica de defesa para suportar esses transes dolorosos.
O esquecimento e o desprezo a que relegamos os velhos, a atitude nociva de considerá-los vivendo “a segunda infância”, de condená-los à monotonia denominando-os de “desatualizados”, é porque não sabemos lidar com a questão do homem idoso.
Não olvidemos, porém, que, a cada dia que passa, todos nós estamos envelhecendo.
Os processos orgânicos degenerativos são paulatinos e gradativamente notados.
Uma outra problemática a ser considerada na velhice é o apego às tradições ou o preconceito contra as novidades, que , em verdade, não são atuais.
Não só na terceira idade, mas em toda as etapas da vida, deve-se fugir dos hábitos, opiniões e idéias conservadoras, porquanto não se pode adotar nada em caráter definitivo.
O envelhecimento não é uma perda para aqueles que mantêm uma vida extremamente ativa, para os que continuam combatendo o confinamento de seu mundo íntimo.
Não confundamos, no entanto, idosos que se confinam interiormente, por abstração e alheamento dos acontecimentos habituais, com aqueles que fazem o exercício da introspecção e da contemplação, técnicas altamente positivas.
Deixar inertes as forças físicas e mentais faz com que elas se degenerem, visto que a ação laboriosa protege-nos de grandes males, como o tédio e a solidão.
Na natureza nunca há perda. Quando finda uma etapa de nossa existência, outra vem ocupar a lacuna deixada, porque nossas vidas sucessivas estão entregues ao Poder Perfeito do Universo, que tudo cuida e desenvolve.
A DOR DA INSEGURANÇA
O inseguro não confia no seu valor pessoal, desacredita suas habilidades e desconfia de sua possibilidade de enfrentar as ocorrências da vida, o que o impulsiona a uma fatal tendência de se apoiar nos outros.
O inseguro apega-se na afeição do cônjuge, filhos, outros parentes e amigos e, assim, acaba dependendo completamente dessas pessoas para viver.
Em vez do amor, é a insegurança a fonte principal que o une aos outros, por isso, controla e vigia em razão das dúvidas que tem sobre si mesmo.
Ele é excessivamente cauteloso e vigilante, estando em constante sobreaviso e desconfiança de tudo e de todos, por causa do medo das consequências futuras de suas ações do presente.
Eles desenvolvem muitas vezes, uma “devoção mórbida” em relação às causa e aos ideais, ou se associam a um parceiro forte e dinâmico para compensar sua necessidade de apoio, consideração e segurança.
Muitos ainda buscam refúgio numa atividade intelectual e se colocam, por exemplo, na posição de autoridade literária, como estratégia emocional, a fim de estimular em torno de si uma atmosfera de “bem informado” e, portanto, grandiosos e seguros.
Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento ?”
A natureza da angústias morais, que o torturam mais dolorosamente do que todos os sofrimentos físicos.
“Angústias morais” podem ser entendidas como a fragilidade em que se encontram as criaturas inseguras, a sensação de mal-estar que sentem, por acreditarem que estão constantemente sendo observadas e julgadas e também pela perpétua situação mental de vulnerabilidade diante do mundo.
Carências ilimitadas nascem da insegurança, sufocando e afastando relacionamentos salutares. Inicialmente, fazemos um esforço hercúleo para nos entregar nas mãos da pessoa eleita, e, com o passar do tempo, vamos ficando incomodados e desestimulados com esse relacionamento, até que, finalmente, chegamos ao ápice do desgaste, ficando raivosos e ressentidos com a pessoa de quem dependemos.
A intensa motivação que invade os indivíduos para serem amados e queridos a qualquer preço nasce das dúvidas íntimas sobre si mesmos, pois são pessoas que, raramente, podem se realizar na vida sem se “pendurar” no que chamam de grande amor.
A insegurança transborda de tal modo que transforma a natural necessidade de amar em uma necessidade patológica de satisfação, somente alcançada através da possessividade do amor.
Crianças crescem deixando parentes, companheiros ou professores decidirem por elas sem levar em conta seus gostos e preferências.
Essas crianças se tornarão, mais tarde, homens sem segurança, firmeza e coragem de tomar atitudes perante a vida.
Indivíduos passam a usar uma máscara de “bonzinho” como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a enorme incerteza que carregam, mas, periodicamente, mostram de modo claro sua insatisfação interior, explodindo em raiva inesperada contra aqueles com quem convivem.
Essas “estranhas bondades” são peculiares das pessoas que não desenvolveram a confiança em suas ideias, intuições e vocações íntimas e nunca se afirmam em si mesmas. Não admitem sua insegurança e, por isso, a agressividade acaba quase sempre controlando suas reações, vivendo comportamentos irreais e simulados, tentando agradar a todos e fazendo da mentira uma necessidade para viver, pagando, porém, um preço fisiológico, ou seja, a somatização das raivas e fragilidades que mantém fantasiadas em candura amabilidade.
A DOR DA REPRESSÃO
Não devemos reter nossas lágrimas, pois são elas nossas energias emocionais que se materializam e precisam ser expressas.
A formação da nossa personalidade está ligada, sem contar a outros tantos fatores, ao aprendizado da vida atual, portanto, não podemos nos esquecer da influência do meio e da cultura no desenvolvimento de nossa emotividade.
Em caso de falecimento de entes queridos, chorar de modo intenso é uma emoção perfeitamente compreensível. Porém se aprendemos com adultos preconceituosos que homens nunca devem chorar, reprimimos nossas emoções naturais e passamos a criar barreiras psicológicas em nossa vida íntima.
E saudável, pois, em certas circunstâncias, demonstrar tristeza, mas reprimi-la é doentio.
Muitos escondem suas lágrimas, pois querem demonstrar a seus amigos e familiares que são altamente espiritualizados.
Outros aprenderam que não devemos chorar pelos mortos queridos, pois lhes ensinaram que, enquanto permanecem derramando lágrimas, seus afetos não ficarão em paz.
O verdadeiro problema que se estabelece é a rebeldia e a inconformação perante as Leis da Vida, não as lágrimas que derivam da saudade e do amor que nutrimos pelos seres que partiram.
As religiões ortodoxas e controladoras atribuem ao sexo uma proibição divina. Afirmam que todos os seres humanos nascem com o “pecado original”, ou seja, pelos erros sexuais cometidos por Adão e Eva, colocando ainda a abstenção sexual como condição imprescindível para atingir a santidade.
Adultos imaturos do ponto de vista espiritual reprimem os impulsos sexuais nas crianças, atribuindo malícia ou precocidade, por desconhecerem que as energias sexuais são forças criativas inerentes aos seres humanos e importantíssimas para seu desenvolvimento psicoemocional.
Eles desconhecem ainda que somente pequena parte dessa energia age na atividade sexual propriamente dita e o restante dessa força criativa se generaliza nas manifestações das atividades sociais, intelectuais, físicas, emocionais e espirituais do indivíduo, pois ao inibirem um setor, estão comprometendo o todo, quer dizer, os seres humanos não funcionam por partes separadas, mas num processo de interdependência.
A energia sexual pode trazer satisfações tanto nas atividades intelectuais, espirituais e orgânicas, proporcionando ao indivíduo uma sensação de bem-estar e facilitando sua criatividade.
As mutilações de qualquer gênero são sempre uma repressão cruel e violenta às Leis Naturais da vida. No entanto, todos nós somos convocados a planejar uma vida sexual equilibrada.
Abstenção imposta gera desequilíbrio, mas a educação aliada ao controle e à responsabilidade, será sempre a meta segura para o emprego respeitável e nobre das forças sexuais.
A DOR DA DEPRESSÃO
Viver o direito de sentirmos nossas emoções equivale a ser honestos com nós mesmos. Elas nos ajudam no processo de auto-descobrimento e estão vinculadas a estruturas importantes de nossa vida mental, como os pensamentos cognitivos e as nossas intuições.
O hábito de rejeitarmos, frequentemente, as energias emocionais fará com que percamos a capacidade de sentir corretamente, e, sem a interpretação dos sentimentos, não poderemos promover a reparação de nossas faltas.
Para repará-las, é preciso estarmos predispostos a dizer o que pensamos e a escolher com independência e, também, é necessário termos a liberdade de sentir o que sentimos e de viver segundo nossas próprias emoções.
Advertimos, porém, que não estamos sugerindo que as emoções devam controlar nossos comportamentos.
Ao contrário, acreditamos que, se não permitirmos senti-las, não saberemos como tê-las sob nosso controle.
Admitindo-as e submetendo-as ao nosso código de valores éticos, ao nosso intelecto e à nossa razão, saberemos comandá-las convenientemente, pois o resultado da repressão de nossas reações emocionais será uma progressiva tendência a estados depressivos.
Diante de um sentimento de dor, fatalmente experimentamos emoções, ou seja, reações energéticas provenientes dos instintos naturais, denominadas “emoções básicas”, conhecidas comumente como medo e raiva. Essas reações energéticas nascem como impulso de defesa para nos proteger da ameaça de dor que uma agressão pode nos causar. Se a emoção for de raiva, o organismo enfrenta a fonte da dor e quando é de medo, contorna e foge do perigo.
Se essas emoções (raiva ou medo) forem julgadas moralmente como negativas, elas poderão ser transformadas em sentimento de culpa, levando-nos a uma auto-condenação.
Quando reprimidas, quer dizer, quando não expressadas convenientemente nem aceitas, nós as negamos distorcendo os fatos, para não tomarmos consciência.
Tanto a repressão sistemática quanto os compulsivos julgamentos negativos dessas emoções naturais geram a depressão.
Podemos considerar a depressão como natural período de transição.
São tempos de mudança e crescimento, épocas de tristeza que antecedem novos horizontes de amadurecimento do ser em constante processo de evolução.
A DOR DA DEPENDÊNCIA
Ser nós mesmos é tomar decisões, não para agradar os outros que nos observam, mas porque estamos usando, consciente e responsavelmente, nossa capacidade de ser, sentir, pensar e agir.
Ser nós mesmos é eliminar os traços de dependência que nos atam às outras pessoas.
É viver libertos da vaidosa e dissimulada auto-satisfação, que consiste em fazer gênero de “diferente” perante os outros, a fim de ostentar uma aparência de “personalidade marcante”
Ser nós mesmos é acreditar em nosso poder pessoal, elaborando um mapa para nossos objetivos e percorrendo os caminhos necessários para atingi-los.
Efetivamente, atingiremos nossa independência quando percebermos a inutilidade dos passatempos, das viagens, do convencionalismo da etiqueta, do consumismo que fazemos somente para conquistar a aprovação dos outros, e não porque decorrem de nossa livre vontade.
Eliminar o domínio, a autoridade ou a influência das ideias, das pessoas, das diversões, dos instintos, do trabalho e dos lugares não significa que precisamos extirpar ou abandonar completamente todas essas coisas, mas somente s dependência.
Podemos nos ocupar desses assuntos quando bem quisermos, conforme nossas necessidades e conveniências, sem a escravidão do condicionamento doentio.
Por voltarmos costumeiramente nossos olhos para fora, e não para dentro de nós mesmos, é que nunca conseguimos vislumbrar as riquezas de nosso mundo interior. Nossa autonomia, tanto física, emocional, mental como espiritual, está diretamente ligada às nossas conquistas e descobertas íntimas, Nossa tão almejada realização interior está relacionada com o conhecimento de nós mesmos.
A necessidade recíproca de controle, as promessas de que renunciariam à própria individualidade e teriam os mesmos objetivos para todo o sempre são os primeiros indícios de uma enorme desilusão na vida a dois. Compromissos de amor são válidos, desde que aprendamos que nossa vida está em constante renovação.
A diferença fundamental entre amor e dependência é observada com clareza nas ações e comportamentos das criaturas.
A dependência prende, possessivamente, uma pessoa à outra, enquanto o amor de fato incentiva a liberdade, a sinceridade e a naturalidade.
O dependente é caracterizado por demonstrar necessidade constante e por reclamar sistematicamente a atenção do outro.
A DOR DA INVEJA
As atitudes de rivalidade, antagonismo e hostilidade dissimulam muito bem a inveja, ou seja, a própria “prepotência da competição”, que tem como origem todo um séquito de antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados.
O invejoso é inseguro e supersensível, irritadiço e desconfiado, observador minucioso e detetive da vida alheia até a exaustão, sempre alerta e armado contra tudo e todos, fazendo o gênero de superior, quando, em realidade, se sente inferiorizado.
Por isso, quase sempre, deixa transparecer um ar de sarcasmo e ironia em seu olhar, pra ocultar dos outros seu precário contato com a felicidade.
A emoção da inveja não é uma necessidade aprendida, não foi adquirida por experiência nem por força da socialização, mas uma reação instintiva e natural, comum a qualquer criatura do reino animal.
A emoção da inveja no adulto é produto das atitudes internas de indivíduos de idade psicológica bem inferior à idade cronológica, os quais, são verdadeiras almas de crianças mimadas, impotentes e inseguras, que querem chamar a atenção dos maiores no lar.
A necessidade de poder e de prestígio desmedidos que encontramos em inúmeros homens públicos nas áreas religiosas, política, profissional, esportiva, filantrópica, de lazer e outras tantas, deriva de uma “aspiração de dominar” ou de um “sentimento de onipotência”, com o que tentam contrabalançar emocionalmente o complexo de inferioridade que desenvolveram na fase infantil.
Eis alguns sintomas interiorizados de inveja que podemos considerar como dissimulados e negados :
(1) perseguições gratuitas e acusações sem lógica ou fantasiadas
(2) Inclinações superlativas à elegância e ao refinamento, com aversão à grosseria
(3) Insatisfação permanente, nunca se contentando com nada
(4) manifestação de temperamento teatral e pedantismo nas atitudes
(5) Elogios afetados e amores declarados exageradamente
(6) Animação competitiva que leva às raias da agressividade
Muitos indivíduos não se preocupam em estudar as raízes de seus comportamentos rotineiros, porque acreditam que, para assumir a responsabilidade da renovação íntima, precisariam despender um enorme sacrifício.
Para afastar todo e qualquer anseio de transformação interior, utilizam-se de um processo psicológico denominado “racionalização”, artifício criado para desviar a atenção dos verdadeiros motivos das atitudes e ações.
Os indivíduos que possuem o hábito da crítica destrutiva estão, em verdade, dissimulando outras emoções, talvez a inveja ou mesmo o despeito.
A inveja é definida como sendo o desejo de possuir e de ser o que os outros são. E uma forma de cobiça, um desgosto em face da constatação da felicidade e superioridade de outrem.
Observar a criatura sendo, tendo, criando e realizando provoca uma espécie de dor no invejoso, por ele não ser, não ter, não criar e não realizar.
A inveja leva, por consequência, à maledicência, que tem por base ressaltar os equívocos e difamar.
Assim é a estratégia do depreciador :
“Se eu não posso subir, tento rebaixar os outros, compensando, assim, meu complexo de inferioridade.
A inveja nasce quase sempre por nos compararmos constantemente com os outros.
É verdade, porém, que possuímos algumas semelhanças e características comuns com outros homens, mas, em essência, somos almas criadas em diferentes épocas pelas mãos do Criador e, por isso, passamos por experiências distintas e trazemos na própria intimidade missões peculiares.
A ausência do amadurecimento espiritual faz com que rotulemos, de forma humilhante e pretensiosa, os credos religiosos, a heterogeneidade das raças, os costumes de determinados povos, as tendências sexuais diferentes, os movimentos sexuais diferentes, os movimentos sociais inovadores, as decisões, o comportamento, o sucesso dos outros e muitas coisas ainda.
Tudo isso ocorre porque não conseguimos digerir com ponderação a grandeza do processo evolutivo agindo de forma diversificada sob as Leis da Natureza.
O que devemos fazer é aceitar-nos como somos, é respeitar diferenças e reconhecer nossos valores.
A inveja é uma ferramenta cômoda que usamos sempre que não queremos assumir a responsabilidade por nossa vida. Ela nos faz censurar e apontar supostas falhas das pessoas, distraindo-nos a mente do necessário desenvolvimento de nossas potencialidades interiores.
Em vez de esforçarmos para crescer e progredir, denegrimos os outros para compensar nossa indolência e ociosidade.
A inveja e a censura nascem da auto-rejeição que fazemos conosco, justamente por não acreditarmos em nossos potenciais evolutivos e, por procurarmos fora de nós, as explicações de como deveremos sentir, pensar, falar, fazer e agir.
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