O segundo caminho é o caminho do conhecimento. Está no meio - nem muito difícil, nem muito simples, nem muito fácil, nem muito complexo também. O terceiro é o caminho do amor, não da dor.
O homem pretérito vive no passado,vive sem ação e sem amor. Vive pela dor. A dor é necessária o sofrimento não.
A tristeza faz parte da vida, é necessário conviver com ela.
O luto é fundamental para que se consiga sobreviver.
A felicidade não é deste mundo é uma expressão que deve ser aperfeiçoada para:"A felicidade é deste mundo e é proporcional a elevação do nível de consciência de cada um".
É possível ser feliz sim!"
Desfrutamos do calor porque já sentimos frio.
Valorizamos a luz porque conhecemos a escuridão.
Se só conhecemos o mal é porque desconhecemos o bem. O mal é ausência do amor.
Amor e desamor é o que enseja as condições ideais ao equilíbrio.
Qual a razão dos infortúnios e quais as possibilidades de vivermos sem felicidade?
Se compreendemos a infelicidade é porque conhecemos a tristeza.
O fim do sofrimento de tanto tormento de dores e lamentos.
O ódio cessa quando o amor começa.
O homem pretérito precisa saber viver como também saborear o gosto acre da morte, não apenas da morte propriamente dita, mas das mortes transfiguradas nas inúmeras perdas que sofreu durante toda sua existência.
O menino que foi, morreu para o adolescente que chegou, que morreu para o jovem, para o adulto.
O dia de ontem morreu para o dia de hoje, o segundo anterior morreu para o segundo quem vem.
O passado morre para o presente, e se o homem pretérito só viver no luto sem elaboração, viverá eternamente preso ao instante anterior, onde a vida já deixou de existir, já deixou de ser uma companhia.
O homem pretérito deve aprender a reviver com a ausência do seu todo, com uma perda, buscando algo novo que vá preencher o seu eterno vazio.
Nunca é claro, o mesmo preenchimento, apenas um novo.
O que morre são partes de nós, o todo continua vivo.
Assim como, a cada dia milhares de células morrem em nosso corpo, porém, milhares nascem para manter o todo nas melhores condições possíveis, e pelo maior tempo possível.
Conta certa lenda que uma menina era muito triste sendo pobre e órfão não podia oferecer nada a ninguém porque não era merecedora de nada a não ser de lágrimas e que só ela era conhecedora da tamanha tristeza que se abatera sobre sua alma. Ela estava disposta a dar fim a sua vida por não ter mais motivo para viver.
Muito deprimente, contou o fato ao ancião da sua aldeia.
Ele comentou que a tristeza faz parte da vida, é necessário conviver com ela e se ela estava realmente disposta a se matar que antes fosse na aldeia, de porta em porta,perguntar a cada morador se era feliz e trazer a resposta.
Ela foi,bateu de porta em porta fazendo a mesma pergunta.
Ao retornar,falou ao ancião:
-"Todos na aldeia tinham uma história triste pra contar..."
Então,não tinha que estar triste, pois o que mais importa a oferecer algo a alguém, é o amor.
O homem pretérito precisa amar apesar de tudo e não viver do passado,de tristeza.
Para quem vive do pretérito,para quem passa pelo luto do cotidiano,do ordinário, passa desapercebido pela vida sem dá atenção nas coisas mais banais. Entretanto, quando nos damos conta, estamos com 70, 80 anos de idade e em um leito de morte. Só então é que teremos a sensação de não termos vivido, da vida ter se esvaído como água por nossos dedos.
Ficamos tão agarrados ao pretérito, tentando pegar o abstrato, ver o invisível, que não nos damos conta, de que o presente fluía com todas as suas possibilidades. Mas, infelizmente “não estávamos lá” para usufruir. Só agora que estamos na eminência da “última morte”, é que percebemos que sem a morte não há vida, e que aceita-la, significa a possibilidade de uma nova vida que se renova a cada instante.
A todo o momento há falta. Essa falta, de qualquer forma pode trazer dor, e quando não aceitamos, pode nos trazer sofrimento. E pelo fato de não ser aceita, há luto. Com isso, temos a cômica, ou trágica imagem do cachorro correndo atrás do próprio rabo.
O real nos nega o objeto de desejo, nós negamos que nosso desejo foi negado pelo real, o que fatalmente resulta em dor. Nos revoltamos contra a vida, e a achamos injusta, sofremos ainda mais.
A impressão é que a realidade é o grande carrasco do desejo. E na verdade o é. Todavia, a realidade também é bondosa como uma mãe que às vezes é dura sim, mas que nos ensina a viver, a amar, a usufruir o que a vida tem a nos oferecer, apesar da morte, apesar da perda. A realidade às vezes concede nossos desejos e se não estes, outros, e com o tempo, aprendemos que também podemos ser felizes com estes “outros”. A felicidade não depende das perdas, mas sim do que conseguimos ganhar, e é isso o que importa.
Nada mais certo e normal que a morte, tudo o que tem um início, fatalmente terá um fim, e todos sabemos disso, porém preferimos nos enganar pensando que tudo é eterno. Meu namoro, meu casamento, meu cachorro, meu emprego, meus pais, meus avós, eu mesmo; todos eternos e perde-los não estava no "escript".
Quem passa pelo parto do trabalho de luto deve aprender a dizer sim, tanto para a vida, quanto para a morte; para os ganhos e para as perdas.
Uma vida não é senão um breve instante na eternidade, independente do quanto dura esse instante, é imprescindível que seja bem vivido, do contrário, a vida será um hiato, um vazio sem sentido. Dentro de cada vida, muitas outras vidas perfilam, vidas que a todo instante deixam de ser, deixam de existir, porque outras estão à espera. E cada finalização dessas breves existências, nos trazem o luto e sua conseqüente e necessária elaboração. Este que nos possibilita o desapego, a libertação de uma das mortes de nossa vida, para que novas possam nascer.
Aquele morreu quando estava para aproveitar a vida, desgostoso por ter sido tão breve e pouco vivida, ouve-se o comentário. Sendo assim, o que se lê é: aquele nunca aproveitou a vida! Sua existência correu rápida e descolada de si mesmo, e dela, não se aproveitou ou pouco se aproveitou. E porque até então não se pôde aproveitar? Por certo temos aqui a ausência do bem viver, portanto a dificuldade em morrer. Dificuldade, porque achamos que a vida não foi suficiente, queríamos mais, pois não nos sentimos preenchidos.
Este morreu feliz, conseguiu realizar seus sonhos. Portanto, este morreu completo, e talvez com uma morte bem aceita. Quando vivemos mal, a morte nos tira a vida, e a perda é vista como um roubo. Quando vivemos bem, a morte é apenas o último estágio da vida, a perda pode até deixar um vazio, mas não a revolta, não o sofrimento sem tréguas. Este por certo, perceberá que a vida continua, mesmo após uma perda ou morte. E na eminência do próprio fim, se liberta por si mesmo da vida que tanto lhe proporcionou, e sendo ele sabedor deste fim, parte tranqüilo e sereno.
“A morte só nos tomará o que quisermos possuir”, mas na verdade,“não sabemos renunciar a nada. Apenas sabemos trocar uma coisa por outra”,é assim que vive o homem pretérito. E isso, a realidade pode nos dar. Posso amar outros, ser outro, ter outros.
Constantemente travamos uma luta entre nossos desejos, amores ou posses, e a realidade – os impedimentos para alcançarmos tudo o que queremos – Muitas vezes, o real é mais forte, e perdemos essa briga.
O homem pretérito vive no luto como já dito, carrega em si a dor, viver é estar em constante luto e elaboração do mesmo. Essa elaboração é a ponte que nos leva da dor ao prazer.
O homem pretérito precisa morrer para o homem novo nascer,para ganhar mais aprendizagem,para ter mais experiências.
A morte do homem pretérito o torna humano,portanto, a sua "morte" é a sua fiel amiga e não pode fugir dessa fidelidade. Ela pode ser ludibriada, se postergada, atrasada, mas nunca deixará de vir ao seu encontro, como disse, ela é fiel e cumpre o que promete, cedo ou tarde. Ela nunca deixa de estar presente, para nos mostrar como num espelho, nosso corpo a todo tempo desnudado pelo real. O real é a própria morte, são as perdas, os fracassos, as decepções, as frustrações, as amputações do desejo. Entretanto, o real nos pega mesmo a contra gosto, e por vezes nos mostra exatamente o contrário, que tudo tem um fim, que tudo isso não passa de um conto de fadas.
O homem pretérito precisa aceitar a sua realidade tal como ela é, nua e crua. É aprender a viver com a ausência, com uma perda, buscando algo novo que lhe vá preencher. Nunca é claro, o mesmo preenchimento, apenas um novo homem.
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