segunda-feira, 3 de novembro de 2014

"Recentemente morto"


Finados,recém-desencarnado ou recentemente morto,que, ou o que se finou (verbo finar)?
Se pretendemos cultuar a memória de familiares queridos, transferidos para o Além, elejamos o local ideal: nossa casa.
Usemos muitas flores para enfeitar a Vida, no aconchego do lar; nunca para exaltar a morte, na frieza do cemitério.
Eles preferirão, invariavelmente, receber nossa mensagem de carinho, pelo correio da saudade, sem selagem fúnebre.
É bom sentir saudade. Significa que há amor em nossos corações, o sentimento supremo que empresta significado e objetivo à existência.
Quando amamos de verdade, com aquele afeto puro e despojado, que tem nas mães o exemplo maior, sentimo-nos fortes e resolutos, dispostos a enfrentar o Mundo.
Não permitamos, assim, que a saudade se converta em motivo de angústia e opressão.
Usemos os filtros da confiança e da fé, dulcificando-a com a compreensão de que as ligações afetivas não se encerram na sepultura. O amor, essência da Vida, estende-se, indestrutível, às moradas do Infinito, ponte sublime que sustenta, indelével, a comunhão entre a Terra e o Céu...
Há, pois, dois motivos para não cultivarmos a tristeza:
Sentimos Saudade - não estamos mortos...
Nossos amados não estão mortos- sentem saudade...
E se formos capazes de orar, contritos e serenos, nesses momentos de evocação, orvalhando as flores da saudade com a benção da esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo suavemente nossos corações com cariciosos perfumes da alegria e da paz.
A Doutrina Espírita nos mostra que somos Espíritos eternos e imortais. Quando encarnados, temos o corpo físico, o corpo espiritual (o perispírito) e o Espírito.
Quando desencarnados, nos desligamos de nosso corpo físico.
A vontade, a inteligência, as emoções, tudo está no Espírito.
Portanto, logo percebemos que a morte como conhecemos não existe. Ninguém morre, no sentido de acabar.
O espírito é eterno e imortal.
A morte então é uma passagem do plano físico para o plano espiritual. Isso se dá para que desenvolvamos nossas qualidades morais.
E embora tenhamos um grande desenvolvimento intelectual, a morte ainda não é bem entendida para a maioria de nós, mesmo os espiritualistas e até os espíritas, se tocarmos no sentido do apego. Embora o entendimento esteja na mente, o coração responde diferente.
Não é à toa que uma enorme quantidade de espíritos desencarnados expressarem suas dificuldades na vida de além túmulo, com relação as saudades de seus entes queridos, e vice-versa.
E é este excesso de apego que cria situações extremamente desconfortantes, onde entramos em grande desequilíbrio nos momentos de separação mais brusca.
Mesmo quem entende a morte, sofre a dor da separação.
Porém, é preciso modificar a nossa ideia acerca da vida, que não se resume a vida material, mas essencialmente a vida espiritual.
Nossos entes queridos são empréstimos de Deus para que possamos nos desenvolver cada vez mais.
Mas que amor é esse, que desenvolvemos por eles, que em vez de pacificar nossa evolução, que em vez de fazer o bem, acaba prejudicando com o peso da saudade?
O dia de finados deve ser visto então como mais um dia em que devemos elevar nosso pensamento a Deus, orando fervorosamente por aqueles que já partiram, para que esta prece, feita sempre de coração, seja um alívio para aqueles que nós amamos e já partiram para a pátria espiritual.
A prece está entre os maiores bens que podemos fazer em benefício daqueles que já partiram, mas não é estagnada a apenas uma data no ano.
Se quem partiu está na condição de sofrimento ou de perturbação, a prece será de grande benefício.
Se quem partiu está consciente, lúcido de sua realidade espiritual, da mesma forma, a prece chegará como um bálsamo ao coração de quem amou, pela lembrança e pelo carinho.
Vejamos o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:
O dia da comemoração dos mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias?
Apraz-lhes ir ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?
"Os Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer."
a) - Mas o de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?
"Nesse dia, em maior número se reúnem nas necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os chamam pelo pensamento."
A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?
"Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente.
A visita é a representação exterior de um fato íntimo.
Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração.
Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração." ("O Livro dos Espíritos").
Cabe a nós espiritualistas, nos libertarmos dos atavismos firmados no período do entendimento da fé cega e, agora, sabedores das verdades espirituais novas, assimilarmos esses conhecimentos e criar novos hábitos para exaltarmos a vida e não a morte das pessoas que amamos e por elas somos amados.
Racionalmente, chegamos a conclusão que o cemitério não é o melhor lugar para os espíritos nos reencontrar e serem homenageados, sobretudo se tiverem recentemente morto" ou recém-desencarnados.
A aproximação deles junto do lugar onde estão os seus despojos carnais ainda trarão a eles um desconforto e constrangimento muito grande. Muitos nem suportam ficar ali por perto por muito tempo.
Existe uma maneira muito singela, amorosa, fraterna que podemos habituar a fazer para que os espíritos familiares e amigos possam sentir lembrados e homenageados por nós, não só em finados, mas todos os dias: uma prece sincera em favor da harmonia, paz e de que estejam felizes ao lado da família espiritual deles.
Podemos também colocar em nossos lares e/ou local de seu antigo trabalho, um recadinho do coração, uma flor perto de um porta retrato com a foto do desencarnado.
Assim sentirão lembrados, amados e fortalecidos por ver que estamos exaltando a vida e não a morte.
Outra pergunta:Sempre virão ao nosso encontro os espíritos dos nossos parentes e amigos desencarnados?
Não! Muitos deles, demoram para aproximar dos entes queridos que ficaram na Terra, pois isso depende das condições espirituais em que se encontram e das possibilidades de vir junto dos familiares e amigos. Outros nem querem vir, pois muitas vezes nossos sentimentos não são sinceros, e o Espírito não se interessa por essa hipocrisia, eles veem muito mais pelo pensamento e sentimento puro.
Sabemos que tudo o que se faz no cemitério, não passa em muitos casos de demonstração de posses materiais.
Seja para demonstrar para a sociedade uma atitude de respeito, às vezes desprovida até de sinceridade.
Portanto, todos são livres para fazer o que acham que devem, principalmente sendo de coração aberto e sincero, numa legitima demonstração de amor.
Então. Que tal aprendermos a referendar os nossos mortos-vivos em nossa casa recolhidos com a família e em prece proferida com sentimento,como já descrito?
Aproveitar a oportunidade de amor e carinho entre os que ainda estão encarnados para mostrar a harmonia e a fraternidade dos descendentes que possibilitam um sentimento mais elevado ao desencarnado.
Preciso ainda lembrar que muitos espíritos que se encontram no Mundo Espiritual não ligam a mínima para certos fatos que a nós encarnados enche de orgulho, pois, muitos deles, estão acima das nossas conveniências e ilusões terrenas.
Uma pergunta para encerrar nossa reflexão:
Quando você partir desse mundo, onde você gostaria de ser lembrado e reencontrar com os seus amigos e familiares, no cemitério ou em um lugar que só te inspira boas lembranças?
Então vamos lembrar de nossas almas queridas, exaltando a vida e não a morte.