segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Quando um ser superior maltrata o inferior‏"


Perdoar talvez não seja difícil; o problema é esquecer…
Quem são os pobres de espírito e os são bem-aventurados?
Pobre de espírito não significa, em hipótese alguma, ser pequeno de idéias ou uma pessoa de espírito inferior.
Ao contrário, ser pobre de espírito significa simplesmente ser humilde, carregar dentro do peito um coração capaz de não se envaidecer facilmente.
Ser pobre de espírito representa a conquista de um estado espiritual que não cede espaço para manifestações de egoísmo.
Ser pobre de espírito é buscar um estado espiritual sem orgulho, sem soberba, sem vaidade.
Você já notou que há pessoas que se acham superiores às demais?
Essas acreditam que Deus deveria lhes conceder privilégios e condições especiais.
Esquecem que Deus é Pai de todas as criaturas, que faz nascer o sol sobre bons e maus, e faz cair Sua chuva sobre justos e injustos.
Somos todos Seus filhos queridos e nenhum de nós se perderá.
O pobre de espírito é aquele que é capaz de olhar para todos os seres humanos como seus irmãos.
É um homem de bem, asserenado pela certeza de que todas as pessoas são profundamente interessantes e dignas de respeito.
A pessoa verdadeiramente humilde não se considera superior, nem inferior a ninguém, pois vê em todos um universo de inteligência e de beleza.

Por isso, o humilde não discrimina, nem maltrata qualquer pessoa.
Para ele, ricos e pobres, inteligentes e obtusos, bons e maus são, antes de tudo, filhos de Deus.
As diferenças são decorrentes apenas de seu estágio intelectual e moral.
Um homem assim é sábio e, certamente, vive tranqüilo.
O homem verdadeiramente humilde não se orgulha de seus bens, de sua riqueza, de seu patrimônio intelectual ou de sua boa aparência.
E age assim porque sabe que tudo é passageiro na vida terrena.
Ao deixarmos esse mundo, ficarão para trás todos os bens materiais, o corpo físico.
Além disso, bem antes da morte, a vida já vai nos mostrando que estamos em um mundo onde as coisas são profundamente transitórias.
Para quem é belo e jovem, vale lembrar que o corpo envelhece.
Para os que têm saúde, é sábio recordar que as doenças podem vir a qualquer momento.
Os que se orgulham de riquezas e de uma boa posição social devem observar que tudo isso lhes pode ser retirado a qualquer momento.

Os que têm trabalho ou ocupam altas funções também devem ter em mente que podem perder tais cargos a qualquer momento.
Por isso, vale a pena, em qualquer situação, oferecer o melhor de si a todos, indiscriminadamente.
O homem humilde é o mesmo em todas as ocasiões.
Se está em situação desfavorável, conserva-se tranqüilo e não se sente inferiorizado, pois conhece suas potencialidades.
Se vive em condições confortáveis, busca vivenciar a solidariedade, a alegria, o bom humor e a tolerância.
É assim que se constrói um futuro de alegria e realização.
"Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora.
Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendes grande necessidade de indulgência?
Oh, infeliz daquele que diz: Eu jamais perdoarei, porque pronuncia a sua própria condenação!
Quem sabe se, mergulhando em vós mesmos, não descobrireis que fostes o agressor?
Quem sabe se, nessa luta que começa por um simples aborrecimento e acaba pela desavença, não fostes vós a dar o primeiro golpe?
Se não vos escapou uma palavra ferina?
Se usaste de toda a moderação necessária?
Sem dúvida o vosso adversário está errado ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgentes, e para não merecer ele a vossa reprovação.
Admitamos que fosseis realmente o ofendido, em certa circunstância. Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia cair no esquecimento?

Aí daqueles superior que fizer mal ao inferior‏...
“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.
É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!”
 “Quando fizeres bem a um destes inferior‏es, pensai que é a mim que o fazeis!
Quando fizeres mau a um destes inferior‏es, pensai que é a mim que o fazeis! ”
Se dependeu de vós impedir as conseqüências, e não o fizestes, sois realmente culpado.
Admitamos ainda que nada tendes a reprovar na vossa conduta, e, nesse caso, maior o vosso mérito, se vos mostrardes clemente.
Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração.
Muitos dizem do adversário: “Eu o perdôo”, enquanto que, interiormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido.
É esse o perdão segundo o Evangelho? Não.
O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado.
É o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências: sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos, e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos.
Não devemos ser hipócritas a ponto de  “Perdoar”, “mas jamais se reconciliar; não querendo ver a pessoa pelo resto da vida”!
O perdão começa quando "não desejamos mais o mal desta pessoa" e passamos a orar por ela.
O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade.
Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras."