quinta-feira, 30 de abril de 2015

"Morder ou não morder a maçã‏"


O "fruto" não é a maçã  já que possuímos órgãos sexuais conforme ocorre com todos os seres vivos,mas se não fosse o "crime do PECADO" ou da "desobediência" como o planeta Terra estaria habitado hoje?
Para jovens religiosos, movimento "Eu escolhi esperar"  tem como objetivo fortalecer o relacionamento,(será?).
Tudo o que diz respeito à primeira vez desperta medo, ansiedade e dúvida. Contudo, não há como escapar das experiências que a vida proporciona como o momento mágico do primeiro beijo, o primeiro relacionamento sério e a primeira noite de amor. No entanto, enquanto alguns jovens decidem mergulhar fundo em tudo o que é sinônimo de novidade, outros caminham na contramão da modernidade e tomam uma decisão quando o assunto é o começo da vida sexual: esperar.
Dizer não para os desejos naturais da carne e aguardar a hora certa para entregar-se de corpo e alma ao parceiro é a atitude que milhares de jovens estão tomando em nome da fé.
Temos aí a versão Adão e Eva recontada,desta vez,não por Moisés,mas por conta de uma extravagante interpretação,que durante séculos a atividade sexual foi situada como algo sujo e pecaminoso e o mesmo foi contato a um povo ignorante que não entende a história real, fazendo assim como fazemos com nossas crianças sobre vários assuntos. Pensemos: "Se até hoje muitos não entendem, imaginemos naquela época."

A campanha, que recebeu o nome “Eu escolhi esperar”, é uma mobilização cristã que tem encorajado os brasileiros a entrarem neste propósito que tem o objetivo de fortalecer o relacionamento afetivo do casal, com base no compromisso que ambos firmaram com Deus,ou seja "eles"  firmaram com Deus,não Deus que firmou com "eles".
Criado em março de 2011, o movimento nasceu através da iniciativa do jovem capixaba Nelson Neto Junior, que aos 11 anos tomou a decisão de esperar o momento certo de iniciar a vida sexual. Após ser duramente criticado, o jovem resolveu expandir a ideologia e ajudar aos seguidores do Evangelho a persistirem na fé e se guardarem para o casamento.
“A origem do fundamento está no prazer de ouvir a voz de Deus e abdicar das próprias vontades. Então, todo aquele que deseja adquirir uma nova postura e entende que os planos divinos são maiores que os seus, passa a fazer parte do propósito, independente das atitudes que tomou no passado.
A palavra de ordem é esperar e esse princípio serve para um jovem de 15 anos e também para uma mulher de 30 anos?
Isto é salvo quando um espírito encarnado vem como missão superior de nos orientar espiritualmente e não o de procriar.

A teóloga Aiza Ribeiro explica que, segundo os fundamentos biblícos, quando duas pessoas possuem relações sexuais elas se tornam uma só carne, uma unidade aos olhos de Deus. Portanto, o homem deve guardar o corpo e preservá-lo, já que qualquer prática antes do casamento é considerada fornicação, de acordo com as escrituras,agora eu pergunto:"E a experiência sexual onde fica?" "Será que a abdicação sexual,mesmo no "aguarde" sera mais positiva do que negativa?"
Quem responde é a  psicóloga e sexóloga Lilian Aldeia:" a iniciativa impede o homem de passar por experiências que, muitas vezes, são determinantes para o seu amadurecimento e restringe seu campo de visão." Ela ressalta que a escolha pode surtir efeitos negativos logo na lua de mel e o resultado tende a se agravar ainda mais, caso a insegurança ganhe espaço entre o casal.
Do ponto de vista da psicanálise o maior trauma do casal começa na noite de núpcias, tanto para o homem quanto para a mulher. Em muitos casos, eles não conseguem desempenhar seu papel e o que era para ser uma relação saudável torna-se pavorosa. Inclusive, em certas situações, um dos parceiros acaba desenvolvendo aversão ao ato sexual. Entretanto, não estou assegurando que o sujeito deve esquecer seus princípios éticos e viver de forma promíscua, quero apenas destacar que existem pontos negativos nessa escolha e isso também envolve a saúde. A repressão de desejos pode desencadear transtornos como impotência sexual, ejaculação precoce, vaginismo, falta de libido e outras complicações.


A Bíblia é clara ao destacar em 1 Coríntios, capítulo 6, versículo 15, que nosso corpo é membro de Cristo e não devemos permitir que ele se torne uma meretriz, isto é, o sexo deve ser um ato que sela a união do casal e de forma alguma deve ser considerado uma prática banal, apenas para satisfazer as vontades da carne. Sendo assim, quando a Igreja estabelece suas doutrinas, ela possui embasamento biblíco para atestar a veracidade dos princípios, que podem ser vistos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo.
A especialista em religião Maria Clara Bingemer salienta que a Bíblia valoriza o sexo como um ato importante no processo de formação da família e não como ação instintiva. Ela cita uma passagem de Êxodo capítulo 22, versículo 15 para esclarecer o assunto:
“Já no princípio, a Bíblia assegura que se algum homem seduz uma jovem não casada deve, como consequência, tomá-la como esposa. Assim, a partir do momento que esse mandamento não é seguido e o homem pratica o ato sexual sem responsabilidade, ele desumaniza a ação e a torna instintiva, o que não é um principio bíblico. É o homem quem deve mandar no corpo e não o inverso”, explica a especialista.

Na minha opinião esse movimento se deve a uma decisão íntima e pessoal de esperar,sendo uma escolha voluntária e não podendo ser fruto de uma imposição ou determinada por um líder religioso.
Defendo ainda que esse tipo de postura precisa nascer da vontade particular de cada um que opta por alcançar um objetivo, priorizando o desejo real ao invés da necessidade momentânea e não revogar a lei de Deus.

É até louvável que uma pessoa queira se guardar e se preservar das frustrações geradas pela ansiedade de encontrar alguém que supra suas expectativas,mas que se sinta seguro para esperar com paciência e não se desvencilhar do foco.
Para isso,deve encontrar um parceiro "que siga o mesmo princípio para que a escolha não vire um fardo para nenhuma das partes".
Para esses, a decisão de esperar é uma questão de prioridade, onde a ética religiosa está à frente das vontades da carne e, por isso, a renúncia não pode ser considerada um sacrifício.
Com tudo isso, será que, por ótica diferente, se um casal se apaixona ardentemente e acreditar que apenas a paixão basta ela poderá controlar o impulso arrebatador do amor voltado ao sexo? Será que este tipo de casal apenas se gostam e ainda não se amam o suficiente para uma noite de amor? Religião que controla emoções é uma religião saudável?
Se no início do mundo era preciso o famoso "crescer e mutiplicai-vos",por que a religião iria revogar uma lei de Deus? Será que agora essa lei não se faz necessária?

É importante ressaltar que o sexo ainda é um tabu nas Igrejas e os adeptos do movimento apenas optam por preservar o corpo, a mente e o espírito, para que no momento oportuno a união seja perfeita e abençoada por Deus”,como se antecipar isso Deus não abençoaria.
Está certo os possíveis motivos para a mobilização do movimento,uma vez que o esclarecimento do assunto através de uma linguagem clara, baseada nos ensinamentos biblícos seja bem definido e não deturpado.
De certo ainda, a ação tem o interesse de evitar que o ato sexual seja banalizado e os valores religiosos se percam junto aos avanços da modernidade. Sendo assim, a iniciativa considera que a espera é o período em que a pessoa está correndo em direção a um alvo, que neste caso é o casamento. Por isso, para aqueles que aguardam o momento certo de entregar-se ao parceiro, não há chances da decisão fracassar, uma vez que a espera é um combustível para o êxito do relacionamento que foi projetado por Deus.
Para os líderes religiosos,o movimento “Eu Escolhi Esperar” é uma estratégia de proteção para evitar que as consequências geradas pelo impulso emocional causem feridas. Eles explicam que a campanha oferece um direcionamento às pessoas com o intuito de mostrar que, através da decisão, a probabilidade delas sofrerem com o erro será menor.
Todos nós temos o direito de escolha, todavia, quando a opção é fruto da ansiedade, a consequência sobrevém e não há como renunciar o problema.

“Algumas pessoas precisam de limites para frear os ânimos e responder pelos seus atos. Por isso, a campanha existe e tem o propósito de ajudar o homem a negar as ofertas daquilo que se supõe não ser saudáveis. Hoje, a banalização dos princípios faz com que as pessoas façam suas próprias escolhas sem analisar o resultado da ação e, com isso, cresce o número de pessoas insatisfeitas e infelizes sentimentalmente”.
Em suma,a decisão é de caráter religioso,(eu diria de cabeça),pois pode ser considerada uma repressão pouco saudável, que tende a gerar uma série de conflitos psicológicos e danos à saúde e futuramente ao casal,como o tesão reprimido.
Texto extraído da REVISTA  O Fluminense 08/02/2015  Por: Vanessa Lima e opinião postada por mim.

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