sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Aprendendo a lidar com a morte




Muitas pessoas evitam falar sobre a morte para não sofrerem ainda mais. Veja o que se pode aprender para impedir que a família se desestruture totalmente.
Desequilíbrio e perda na família
Morte de pais, filhos e avós. Como superar?
Transformando perdas em ganhos



"Uma coisa da qual temos certeza é que um dia morreremos; basta nascermos para começarmos a morrer" afirma a psicóloga Suzanna Amarante Levy, especialista em casais e famílias.


E falar sobre morte e dor é sempre difícil. As pessoas estão acostumadas a pensar somente no prazer, evitando ao máximo encarar os sentimentos dolorosos. Muitos acreditam que o melhor é não tocar em assuntos tristes, para não sofrer ainda mais. A psicóloga afirma que "falar de dor não é nada fácil e que, de fato, causa sofrimento. Mas as pessoas se esquecem de que esse sofrimento, na verdade, já existe".


Suzanna garante que o melhor seria falar sobre o que machuca, conversar com os amigos e parentes para que a dor pudesse ser elaborada e curada, impedindo a estagnação do processo evolutivo individual e familiar. "O silêncio é paralisador", ela ressalta. Bons amigos e a presença da família são muito importantes no processo de restruturação da família depois da morte de uma pessoa querida.
Desequilíbrio e perda na família

Todos sabemos que a morte de qualquer parente pode ser muito estressante, a ponto de romper o equilíbrio familiar. "A morte envolve sentimentos profundos e emoções intensas, que são vividos por um longo tempo" diz ela. Sentimentos de entorpecimento (parece que não é verdade que aquilo aconteceu!), irritabilidade, medo, tristeza, raiva e desesperança são comuns e normais em determinados momentos da vida das pessoas.


A intensidade do impacto de uma perda na família pode ser influenciada por diversos fatores, entre eles:


- A função e posição da pessoa na família. Quem morreu?

- Como foi a morte?

- Em que momento do desenvolvimento da família ocorreu essa morte?

- Como foram as histórias de perdas anteriores vividas por este núcleo de pessoas?

- Que crenças cercam a morte para esta família?
Morte de pais, filhos e avós. Como superar?

A morte é vista de diferentes formas por cada pessoa, dependendo também da faixa etária. "As reações de uma criança diante da morte dos pais são variadas e estão influenciadas pela sua idade e pelo seu nível de desenvolvimento emocional e cognitivo (incluindo aspectos físicos e psicológicos). Outro fator determinante na superação do trauma é a proximidade emocional em relação ao progenitor falecido (pai ou mãe) e ao que sobreviveu" afirma Suzanna. Se o pai - ou a mãe - for capaz de minimizar a expressão de sua dor e conseguir compartilhar a tristeza da criança ou do adolescente, a ajudará a avançar no processo de elaboração do luto.


A perda da mãe, por exemplo, é sentida como o "fim do mundo" para um bebê. A psicóloga explica que, neste caso, a presença de uma outra pessoa que cuide dele é fundamental, mas a dor e desamparo decorrentes dessa falta são sempre muito intensos. O bebê não compreende, luta para "chamar" sua mãe e sente-se fracassado nesta ação. A depressão é evidente e deve ser considerada pois, ao contrário do que se imagina, os bebês sentem a morte.


O marido (ou a mulher) vivencia a morte de sua companheira(o) com um alto fator de estresse, o que desequilibra a estrutura familiar. "As possibilidades da família em lidar com o luto estão muito associadas às suas possibilidades de restruturação", explica a psicóloga e, dessa forma, todos devem se ajudar para suportar a dor, a perda e a saudade.


Considera-se a morte de um filho como a maior tragédia da vida. Essa visão vem do fato de que a morte de uma criança ou adolescente parece completamente fora de lugar no ciclo da vida. Apesar disso, em termos do funcionamento da família, o filho pequeno tem poucas obrigações e sua ausência não compromete as responsabilidades globais. Ele não sustenta ninguém, pelo contrário, depende totalmente do pai ou da mãe. Por esse aspecto, a família em geral não se desestrutura enquanto núcleo.


Mas perder um filho geralmente é um episódio dramático, pois a família projeta nos mais jovens toda a sua esperança. "A morte, portanto, carrega os sonhos, a continuidade, os desejos, trazendo sentimentos de extrema dor, descrença e culpa nos pais. Muitas vezes eles ficam tão abalados que chegam ao ponto de se divorciar" ressalta Suzanna.


Existem situações específicas de morte de filhos que podem gerar emoções diferentes. Confira:


morte de um filho deficiente: a criança causou dificuldades e sentimentos ambivalentes durante seu crescimento. Dependendo do grau de dependência entre os pais e o filho, maior será o enlutamento. Os pais não acreditam que o filho vivo poderia estar sofrendo muito mais, pois geralmente carregam sentimentos de fracasso e incapacidade.



abortos naturais ou provocados: causam profundos sentimentos de perda, principalmente na mãe. Muitas vezes ela pode fantasiar que gerou um "bebê com defeito", precisando superar a insegurança e o medo para tentar uma próxima gravidez. Não adianta fingir que nada aconteceu: a mãe tem que passar pelo processo de despedida e aprender a lidar com a falta do bebê.



filho natimorto: muitas vezes o bebê que nasce morto é retirado rápido demais do contato com a mãe. O melhor seria que ela ficasse por perto, por mais dolorido que fosse, para entender o porquê da ausência do bebê e facilitar a elaboração do luto. O natimorto deve ser percebido como um evento real para toda a família; ignorar essa morte pode transformá-la numa memória fantasmagórica.


Um acontecimento comum - e até natural pela lei da evolução - é a perda dos avós. "Quanto mais central a posição da pessoa que morreu, maior será a reação emocional da família" afirma Suzanna Levy. A morte de um avô - chefe do clã - implica numa perda grande para a família, pois ele detém o poder, sendo muitas vezes responsável pelo sustento financeiro de seus descendentes. Se a dependência em relação a quem morre não for tão grande, entende-se a perda mais facilmente, considerando-a como um processo evolutivo normal e de certa forma "esperado".


A morte inesperada, como conseqüência de um acidente, por exemplo, causa choque na família, pois limita o tempo para despedidas e para a resolução de questões de relacionamento. "Geralmente inicia-se um longo curso de dificuldades familiares, normalmente vistas como não relacionadas à morte", explica a psicóloga, lembrando que este assunto deve ser tratado para que não tome proporções ainda maiores. O suicídio é tido como a perda mais difícil, pois possui uma conotação de ataque, em que a família sente-se agredida, com muita raiva e impotente por não ter conseguido impedir que acontecesse.
Transformando perdas em ganhos

Os seres humanos freqüentemente conseguem transformar desvantagens em vantagens. Dessa forma, a elaboração de luto pode acabar sendo uma oportunidade de crescimento e de descoberta dos recursos de cada indivíduo da família. Portanto quem conseguir melhorar a sensação de sofrimento tende a ter um ganho emocional importante.

A família pode tentar facilitar essa vivência para os seus membros. Como conseguir isso? "Contando sempre a verdade para crianças, adolescentes e adultos. Falando sobre o motivo da morte, como foi, o que aconteceu," ensina Suzanna. Ela diz que as crianças entendem a morte com mais facilidade do que os adultos imaginam. Se ela desejar, pode participar do processo de despedida, indo ao velório, ao enterro ou à missa. "Deve-se respeitar o desejo dos pequenos e até encorajá-los a se despedir, mas sem forçar" conclui.


SUPERANDO A PERDA DE ENTES QUERIDOS


"O CONSOLO E O ESCLARECIMENTO QUE A DOUTRINA ESPÍRITA OFERECE.
O DEPOIMENTO DE QUEM JÁ PASSOU PELA DOR DA SEPARAÇÃO."

Perder um ente querido significa um dos momentos mais difíceis da existência humana. A dor da separação daqueles que amamos pode ser definida de inúmeras formas. Alguns a descrevem como uma dor no coração indescritível, outros dizem sentir uma sensação de vazio como se a alma estivesse despedaçada, há aqueles também que custam a querer acreditar no que aconteceu. O fato é que a dor da perda não pode ser evitada, mas a maneira de encarar a situação e a compreensão de que a morte não existe pode ajudar as pessoas a passarem por este momento doloroso.

A crença na vida após a morte e que a separação é passageira, diante da eternidade, traz um grande consolo no momento da partida daqueles que amamos. Outro aspecto importante que a doutrina espírita ensina é que o desespero e a revolta diante desta perda podem prejudicar aqueles que partiram. A questão 936 de O Livro dos Espíritos diz: "Uma dor incessante e desarrazoada o toca penosamente, porque, nessa dor excessiva, ele vê falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com estes".

O espiritismo também recomenda a prece pelos entes queridos que partiram, para que seus corações possam se sentir aliviados. O Evangelho Segundo o Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da importância da oração pelos que acabam de deixar a Terra como forma de ajudar no desligamento do espírito, tornando seu despertar no Além mais tranqüilo e breve. "Vós que compreendeis a vida espiritual, escutais as pulsações de vosso coração chamando esses entes bem-amados, e se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós essas poderosas consolações que secam as lágrimas, essas aspirações maravilhosas que vos mostrarão o futuro prometido pelo soberano Senhor".

Além da busca do consolo espiritual é preciso aprender a lidar com a perda do ente querido. Para compreendermos melhor como trabalhar interiormente esse momento tão difícil e doloroso.

Acredito que o indivíduo que tem conhecimento da existência da vida após a morte aprende a lidar muito melhor com a questão da perda de entes queridos, porque tem uma concepção diferente dos demais, sabe que a perda é apenas física e transitória. Então, quando a pessoa passa por essa situação, muitas vezes de uma forma inesperada ou brutal e tem a crença nos valores espirituais, consegue viver esse período de luto com maiores condições de enfrentar o distanciamento.



A pessoa que crê na existência da vida após a morte e passa pela dor da perda de um ente querido, lida melhor psicologicamente e emocionalmente com a morte. O indivíduo que não tem essa concepção da existência espiritual, acaba vivendo esse distanciamento de uma maneira pior e de forma conflituosa, por não acreditar na possibilidade de reencontrar a pessoa que partiu.

Com a dor da perda, o psiquismo sofre muitos danos e se existir uma ligação muito forte entre esses, a pessoa acaba vivendo com um grande drama. Muitas, até, não conseguem se curar quando perdem seus entes queridos; continuam sofrendo muitos anos com a mesma dor.



Nós temos que analisar o que é a perda. Ela significa não podermos mais compartilhar com aquele indivíduo que é muito importante em nossa vida. Todos nós temos pessoas importantes em nossas vidas, mas se estivermos mais preparados e desenvolvermos o autoconhecimento, aprenderemos a trabalhar melhor com os momentos difíceis. Muitas vezes existe uma dependência emocional muito grande entre elas e a perda parece brutal, até mesmo, desesperadora. Então, uma forma de lidar melhor com essas situações é a busca da psicoterapia. Por intermédio do tratamento, acaba entrando em contato com suas potencialidades internas e desenvolvendo a auto-estima, pois em geral, as pessoas muito dependentes das outras são pessoas que não confiam em si mesmas.

O autoconhecimento é uma ajuda para tudo na vida do ser humano, porque as perdas, as dificuldades e as frustrações existem e vão existir sempre. Mas a pessoa aprende, dessa maneira, a ter subsídios emocionais e afetivos suficientes para enfrentar as perdas em geral; aprende a canalizar o seu amor também para outras pessoas.



Sim. Falar, expressar seus sentimentos pode ajudar muito, mas apenas isso não resolve totalmente a questão. O tempo também ajuda a pessoa a enfrentar a situação.

É importante que aconteça a comunicação, porque o indivíduo muitas vezes acaba entrando em um estado de isolamento e se distanciar não é a maneira mais adequada de solucionar o problema. Negar, jamais deve ser o caminho de resolução de uma questão, e evitar falar é fugir.

"NÃO HÁ MORTE, É APENAS UMA PASSAGEM PARA OUTRO PLANO"

A psicóloga Valéria de Moura Silva perdeu seu filho de 18 anos em um acidente de carro. Diz ter encontrado na doutrina espírita o consolo necessário, e com a partida de Tiago, surgiu uma transformação que lhe proporcionou a descoberta de um novo caminho a seguir.

"Nós morávamos em Atibaia e meu filho saiu à noite para uma festa. Quando já era madrugada, um grupo de amigos disse que iria para São Paulo levar uma pessoa e perguntou a Tiago se gostaria de ir junto e ele entrou no lugar de um amigo que resolveu não ir. Em um trecho da Rodovia Fernão Dias, a moça que conduzia o carro perdeu a direção e caiu na riibanceira. As quatro pessoas que estavam no banco traseiro faleceram, entre elas, o meu filho.

Após o acidente, os outros pais pediram uma investigação mais profunda; alguns até entraram com processo, mas eu não quis saber disso, porque cada vez que fosse chamada para depor teria que reviver tudo novamente, e já estava vivendo uma dor muito grande.

Um ano antes do acidente, eu tive vários pressentimentos; cada vez que ele saía não dormia, ficava preocupada até ele voltar. Ele também tinha esse pressentimento, dizia que um dia iria embora em uma esquina.

Apesar de ter tomado conhecimento sobre o espiritismo ainda menina, eu tinha medo. Só voltei a procurar a doutrina após o desencarne do meu filho. O conhecimento nos dá um grande consolo, pois compreendemos que não há morte, é apenas uma passagem para outro plano.

Algum tempo depois recebi uma psicografia do meu filho no Grupo Noel. Ele dizia na mensagem que no início foi muito difícil e não sabia onde estava, demorou a compreender a situação, mas que através das orações que recebia das pessoas que o amavam foi entendendo e se modificando. Eu chorei de emoção quando recebi essa mensagem e a partir de então, passei a buscar mais o lado espiritual, e até hoje trabalho nesse centro como voluntária.

Recordo-me, também, que um dia passei em uma banca de jornal e vi uma matéria sobre psicografia na Revista Cristã de Espiritismo e sobre o trabalho do centro espírita Perseverança. Fui até lá e recebi uma psicografia linda do Tiago. É como se ele dissesse, por intuição, para eu ir conhecer o grupo onde ele estava participando no plano espiritual.

Eu posso dizer que após oito anos a dor se modificou, mas a saudade não. Às vezes, eu fecho os olhos e sinto a presença dele perto de mim nitidamente. Passei a compreender que não perdemos ninguém, a pessoa continua viva, só que em um plano que não somos capazes de enxergar, nem tocar".

"A PESSOA QUE SOFRE A DOR DA PERDA DE UM ENTE QUERIDO
NÃO DEVE DEPENDER EMOCIONALMENTE DE UMA MENSAGEM
PSICOGRAFADA. APESAR DE MUITAS VEZES SERVIR COMO
CONSOLO, A PESSOA PRECISA CRIAR FORÇAS EM SEU PRÓPRIO
MUNDO INTERIOR".



O ser humano não foi criado para viver a dor, foi criado para viver o prazer, e desde criança aprendemos a lidar com a vida cheia de prazeres. Por isso que muitas vezes vemos os jovens com grandes frustrações e decepções, buscando até as drogas para fugir, exatamente porque não foram educados para vencer as dificuldades.

A maioria dessas pessoas que procuram os consultórios chegam em grande dor, até mesmo em desespero. E a dor se simboliza através de uma depressão, onde a pessoa não quer viver mais já que perdeu um ente querido. Nós chamamos esse período de depressão por luto. E através das sessões terapêuticas a pessoa vai percebendo que a grande dor dela foi de não querer aceitar que ela consegue viver sozinha; não acreditava até então que poderia viver sem aquela pessoa e vai começar a compreender que pode.



O importante é perceber os bons momentos que vivemos com esse ente querido. Além disso, tentar entender que nada acontece ao acaso, tudo tem uma finalidade e se a separação ocorre, ela causa um grande impacto, mas temos que guardar um bom sentimento e sabermos que a caminhada foi importante enquanto estivemos juntos e que a separação não é o fim. Existe a possibilidade do reencontro.

Nós aprenderemos a lidar melhor com essa separação se tivermos a certeza de que ela é transitória. Todos nós partiremos um dia para o plano espiritual. Lidar com a morte não é nada fácil, porque é conviver com a perda. O enfrentamento vem a partir do momento em que tentamos aproveitar a presença de nossos entes queridos enquanto estão conosco, demonstrando carinho e amor, para quando partirem, não sofrermos tanto. Mas o que resta quando esse ente desencarna é lembrar desses bons momentos e ter a certeza de que a perda não é permanente, é apenas transitória, É um período de afastamento.

A pessoa deve tentar levar sua vida adiante, porque quando ficamos presos demais à perda, no futuro acabamos tomando conhecimento de que não vivemos a própria vida e sim, a vida do outro.

PARTICIPANDO DE GRUPOS DE APOIO

Segundo os depoimentos que ouvimos de muitas pessoas que perderam seus entes queridos, desabafar sobre o assunto é muito importante. "É como se tivésssemos nosso ente querido perto de nós novamente por alguns instantes", nos relatou um dos entrevistados.

Existem alguns centros espíritas que oferecem esse tipo de apoio a esses familiares. Entramos em contato com dois deles. O centro espírita A Caminho da Luz, no bairro da Água Rasa, em São Paulo, mantém um grupo que recebe o nome de Gotas de Amor, voltado aos pais que perderam seus filhos. O grupo se reúne para a leitura do Evangelho, passes, apoio às mães e psicografia. As voluntárias também orientam as gestantes e auxiliam na confecção de enxovais.

Outro local que possui um atendimento voltado às pessoas que perderam seus entes queridos é o centro espírita Perseverança, no bairro Santa Clara, zona leste de São Paulo. Entrevistamos Vilma Faria, coordenadora do grupo. O trabalho consiste em palestras e passes, depoimentos de pessoas que já vivenciaram a mesma dor, sessões de psicografia e auxílio nas obras sociais da casa. Vilma nos relatou, também, que perdeu seu filho há 25 anos, e como é ajudar outras mães que estão passando pela mesma situação. "Eu me encontrei na doutrina espírita e aprendi a olhar mais para a dor dos outros", relata.

Seu filho, Moacyr Júnior, desencarnou em um acidente de moto aos 17 anos. Depois da perda ela passou a freqüentar o centro espírita Perseverança e lá recebeu diversas psicografias. Algumas dessas mensagens constam em livros como Motoqueiros do Além e Vozes da Outra Margem. Passou também a freqüentar o grupo de mães e hoje, como coordenadora, diz que tenta passar tudo aquilo que aprendeu para outras pessoas que estão passando pela dor. "Acima de tudo, devemos amar a Deus e jamais devemos nos entregar ao desespero. É através da vontade de servir a Jesus e ao próximo que aprendemos a sobreviver, apesar da dor, e muitas vezes não é preciso ir longe para isso; pode haver alguém de nossa família precisando de nossa ajuda", reflete Vilma.





"A PROVA QUE PASSAMOS NOS FAZEM CRESCER".

Arnaldo Pandolfi é dirigente da Instituição Beneficente Verdade e Luz e perdeu seu filho de câncer linfático e sua esposa de derrame cerebral em um período de dois anos, cada um. Relata que a fé e a compreensão dos porquês dos acontecimenntos da vida é muito importante na superação das dores.

"Deus não nos dá uma prova maior do que suportamos. Quando ocorrem essas coisas com os outros, sentimos uma sensação de piedade, mas quando acontece conosco, nós vemos como é importante estar preparado para esses momentos. A prova será mais fácil de suportar quanto maior a compreensão que tivermos sobre o por quê das dores.

Devemos sempre ter fé e refletir que não é possível que essa vida seja uma loteria, em que uns sofrem, outros não; temos que aprender a confiar. Quando vamos fazer uma viagem de avião, confiamos na equipe, no mecânico, na companhia aérea, senão não entraríamos no avião. Confiamos em tanta gente falível e em Deus, o Criador do Universo não?

Precisamos ter consciência de que a prova que passamos quando perdemos os entes queridos nos fazem crescer, é um aprendizado tanto para aquele que parte quanto para aquele que fica.

A dor que nós sentimos é como se a pessoa que amamos fosse fazer uma viagem muito longa e não retornasse mais. Aqueles que crêem na continuação na vida após a morte possuem a dádiva de, por intermédio de um médium, de uma mensagem, receber noticias. É como se recebesse uma carta dessa pessoa amada que foi viajar. Mas devemos lembrar que as comunicações servem para consolar, agora não tem sentido quando começamos a querer evocar o espírito do ente que partiu a todo momento. Devemos ter a certeza que quando nós emitimos paz, força e luz para esses, eles recebem a força dos nossos pensamentos.

Meu filho disse em uma de suas mensagens algo que devemos refletir muito: Que não nos preocupemos tanto com as coisas materiais, porque em relação à eternidade, a vida tem a duração de um relâmpago. Restam apenas as coisas mais importantes".

ÉRIKA SILVEIRA - Revista Cristã de Espiritismo &
Julienne Gananian *

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