segunda-feira, 1 de junho de 2015

"A vida e a morte do Luto"

O luto é da morte, não da vida.
A dor é necessária o sofrimento não.
A tristeza faz parte da vida, é necessário conviver com ela.
O luto é fundamental para que se consiga sobreviver.
A felicidade não é deste mundo é uma expressão que deve ser aperfeiçoada para:"A felicidade é deste mundo e é proporcional a elevação do nível de consciência de cada um".
É possível ser feliz sim!"
Desfrutamos do calor porque já sentimos frio.
Valorizamos a luz porque conhecemos a escuridão.
E compreendemos a felicidade porque conhecemos a tristeza.
O fim do sofrimento de tanto tormento de  dores e lamentos.
Fim da luta pela paz.
O nosso planeta está a sofrer, como eu e você.
Viver Apesar de Tudo.
Viver é também saborear o gosto acre da morte, do luto.
Não apenas da morte propriamente dita, mas das mortes transfiguradas nas inúmeras perdas que sofremos durante toda nossa existência.
O menino que fui, morreu para o adolescente que chegou, que morreu para o jovem, para o adulto.
Enfim, o dia de ontem morreu para o dia de hoje, o segundo anterior morreu para o segundo quem vem.
O passado morre para o presente, e se o luto não for elaborado, viveremos eternamente presos ao instante anterior, onde a vida já deixou de existir, já deixou de ser uma companhia
A elaboração do luto é a aceitação da realidade tal como ela é, nua e crua.
É aprender a viver com a ausência, com uma perda, buscando algo novo que nos vá preencher.
Nunca é claro, o mesmo preenchimento, apenas um novo.
O que morre são partes de nós, o todo continua vivo.
Assim como, a cada dia milhares de células morrem em nosso corpo, porém, milhares nascem para manter o todo nas melhores condições possíveis, e pelo maior tempo possível.
Conta a lenda que uma menina era muito triste sendo pobre e órfão não podia oferecer nada a ninguém porque não era merecedora de nada a não ser de  lágrimas e que só ela era conhecedora da tamanha tristeza que se abatera sobre sua alma. Ela estava disposta a dar fim a sua vida por não ter mais motivo para viver.
Muito deprimente, contou o fato ao ancião da sua aldeia.
Ele comentou  que  a tristeza faz parte da vida, é necessário conviver com ela e se ela estava realmente disposta a se matar que antes fosse na aldeia, de porta em porta,perguntar a cada morador se era feliz e trazer a resposta.
Ela foi,bateu de porta em porta fazendo a mesma pergunta.
Ao retornar,falou ao ancião:
-"Todos na aldeia tinham uma história triste pra contar..."
Então,não tinha que estar triste, pois o que mais importa a oferecer algo a alguém, é o amor , especialmente aos olhos de Jesus.
Luto: Viver Apesar de Tudo!
Viver é também saborear o gosto acre da morte, do luto. Não apenas da morte propriamente dita, mas das mortes transfiguradas nas inúmeras perdas que sofremos durante toda nossa existência. O passado morre para o presente, e se o luto não for elaborado, viveremos eternamente presos ao instante anterior, onde a vida já deixou de existir, já deixou de ser uma companhia. Viver é uma cidade sem muralhas, dizia Epicuro. Nesta cidade, estamos sujeitos a tudo: a dor e o prazer, a vida e a morte.
A vida e a morte, são como dois bailarinos que sincronicamente fazem juntos todos os seus movimentos; passos, gestos e sutilezas. Dançam juntos a mesma música, a mesma coreografia. A vida enquanto presente, leva uma vantagem de milésimos de segundos da morte, enquanto passado. Porém, a linha é tão tênue e sutil, que não percebemos a diferença. Por vezes, esse luto mais cotidiano, ordinário, passa desapercebido, não damos atenção porque aparentemente são segundos banais. Entretanto, quando nos damos conta, estamos com 70, 80 anos de idade e em um leito de morte. Só então é que teremos a sensação de não termos vivido, da vida ter se esvaído como água por nossos dedos. Ficamos tão agarrados ao passado, tentando pegar o abstrato, ver o invisível, que não nos damos conta, de que o presente fluía com todas as suas possibilidades. Mas, infelizmente “não estávamos lá” para usufruir. Só agora que estamos na eminência da “última morte”, é que percebemos que sem a morte não há vida, e que aceita-la, significa a possibilidade de uma nova vida que se renova a cada instante.
A todo o momento há falta. Essa falta, de qualquer forma pode trazer dor, e quando não aceitamos, pode nos trazer sofrimento. E pelo fato de não ser aceitar, há luto. Com isso, temos a cômica, ou trágica imagem do cachorro correndo atrás do próprio rabo. O real nos nega o objeto de desejo, nós negamos que nosso desejo foi negado pelo real, o que fatalmente resulta em dor. Nos revoltamos contra a vida, e a achamos injusta, sofremos ainda mais.
A impressão é que a realidade é o grande carrasco do desejo. E na verdade o é. Todavia, a realidade também é bondosa como uma mãe que às vezes é dura sim, mas que nos ensina a viver, a amar, a usufruir o que a vida tem a nos oferecer, apesar da morte, apesar da perda. A realidade às vezes concede nossos desejos e se não estes, outros, e com o tempo, aprendemos que também podemos ser felizes com estes “outros”. A felicidade não depende das perdas, mas sim do que conseguimos ganhar, e é isso o que importa.
Nada mais certo e normal que a morte, tudo o que tem um início, fatalmente terá um fim, e todos sabemos disso, porém preferimos nos enganar pensando que tudo é eterno. Meu namoro, meu casamento, meu cachorro, meu emprego, meus pais, meus avós, eu mesmo; todos eternos e perde-los não estava no escript. O trabalho de luto é aprender a dizer sim, tanto para a vida, quanto para a morte; para os ganhos e para as perdas.
Uma vida não é senão um breve instante na eternidade, independente do quanto dura esse instante, é imprescindível que seja bem vivido, do contrário, a vida será um hiato, um vazio sem sentido. Dentro de cada vida, muitas outras vidas perfilam, vidas que a todo instante deixam de ser, deixam de existir, porque outras estão à espera. E cada finalização dessas breves existências, nos trazem o luto e sua conseqüente e necessária elaboração. Este que nos possibilita o desapego, a libertação de uma das mortes de nossa vida, para que novas possam nascer.
Aquele morreu quando estava para aproveitar a vida, desgostoso por ter sido tão breve e pouco vivida, ouve-se o comentário. Sendo assim, o que se lê é: aquele nunca aproveitou a vida! Sua existência correu rápida e descolada de si mesmo, e dela, não se aproveitou ou pouco se aproveitou. E porque até então não se pôde aproveitar? Por certo temos aqui a ausência do bem viver, portanto a dificuldade em morrer. Dificuldade, porque achamos que a vida não foi suficiente, queríamos mais, pois não nos sentimos preenchidos.
Este morreu feliz, conseguiu realizar seus sonhos. Portanto, este morreu completo, e talvez com uma morte bem aceita. Quando vivemos mal, a morte nos tira a vida, e a perda é vista como um roubo. Quando vivemos bem, a morte é apenas o último estágio da vida, a perda pode até deixar um vazio, mas não a revolta, não o sofrimento sem tréguas. Este por certo, perceberá que a vida continua, mesmo após uma perda ou morte. E na eminência do próprio fim, se liberta por si mesmo da vida que tanto lhe proporcionou, e sendo ele sabedor deste fim, parte tranqüilo e sereno.
“A morte só nos tomará o que quisermos possuir”, mas na verdade,“não sabemos renunciar a nada. Apenas sabemos trocar uma coisa por outra”. E isso, a realidade pode nos dar. Posso amar outros, ser outro, ter outros. Constantemente travamos uma luta entre nossos desejos, amores ou posses, e a realidade – os impedimentos para alcançarmos tudo o que queremos – Muitas vezes, o real é mais forte, e perdemos essa briga.
O luto pode acontecer tanto do que tínhamos e perdemos, como: emprego, empresa, casamento e morte de um ente querido. Quanto do que esperávamos ter, mas que até o momento não conseguimos, como uma promoção, o carro que não conseguiu comprar, uma paixão que nunca foi correspondida ou ganhar o prêmio na loteria. E tão maior for nosso apego ao que temos ou ao que poderíamos ter, tão maior será o sofrimento caso perdemos. Elaborar o luto é se libertar do desejo, quando ele não pode ser realizado. Isso não serve para dizer que não devemos correr atrás de nossos sonhos, ou viver intensamente nossas paixões e que não devemos empreender nosso máximo para conseguir, mas sim, para dizer que a vida continua apesar de não ter conseguido. Acredite, o mundo é generoso.
A dor do luto
O luto como já dito, carrega em si a dor, viver é estar em constante luto e elaboração do mesmo. Essa elaboração é a ponte que nos leva da dor ao prazer. Luto é aprendizagem, é experiência. O luto nos torna humanos, que sabemos, somos mortais. Portanto, a morte é nossa fiel amiga e não podemos fugir dessa fidelidade. Ela pode ser ludibriada, se postergada, atrasada, mas nunca deixará de vir ao nosso encontro, como disse ela é fiel e cumpre o que promete, cedo ou tarde. Ela nunca deixa de estar presente, para nos mostrar como num espelho, nosso corpo a todo tempo desnudado pelo real. O real é a própria morte, são as perdas, os fracassos, as decepções, as frustrações, as amputações do desejo. Entretanto, o real nos pega mesmo a contra gosto, e por vezes nos mostra exatamente o contrário, que tudo tem um fim, que tudo isso não passa de um conto de fadas. O castelo de cartas cai por terra. Dor, sofrimento, luto.
A elaboração do luto é a aceitação da realidade tal como ela é, nua e crua. É aprender a viver com a ausência, com uma perda, buscando algo novo que nos vá preencher. Nunca é claro, o mesmo preenchimento, apenas um novo. O luto é da morte, não da vida. O que morre são partes de nós, o todo continua vivo. Assim como, a cada dia milhares de células morrem em nosso corpo, porém, milhares nascem para manter o todo nas melhores condições possíveis, e pelo maior tempo possível.
18 dicas para a elaboração do luto
1. Alimente-se bem e durma bastante.
2. Crie momentos de férias para o luto no sentido de recuperar energias.
3. Quebre a rotina com períodos de descanso.
4. Exprima suas emoções através de filmes, leituras de livros, conversas.
5. Procure momentos de solitude para refletir sobre o luto.
6. Procure alguém que o saiba escutar.
7. Diga para você que essa fase vai passar.
8. Evite tomar grandes decisões.
9. Fuja das pessoas que esgotam suas energias.
10. Prefira massagens a tranqüilizantes.
11. Rodeie-se de seres vivos (plantas, animais).
12. Aprenda a calar a voz interna culpabilizante.
13. Aprenda a entoar frases de amor: a vida gosta de mim, o meu filho me ama, o meu cão me adora.
14. Aprenda que nunca esquecerá o ser amado que partiu, ainda que pouco a pouco vá conseguindo deixar de pensar constantemente nele.
15. Anime-se com pequenos progressos.
16. Não se inquiete com retornos repentinos de tristeza. É um recuo temporário.
17. Não tenha pressa de se curar. Evite o falso bem estar.
18. Reencontre suas fontes espirituais.
A psicologia do renascimento
A dor é importante, também é o luto - desde que isso não nos paralise demasiado por demasiado tempo para o que ainda existe em torno de nós. Precisamos de recursos internos para enfrentar tragédia e dor. O apoio dos outros, o abraço, o ouvido e o colo, até a comida na boca são relativos e passageiros. A força decisiva terá de vir de nós: de onde foi depositada nossa bagagem. Lidar com a perda vai depender do que encontraremos ali. Se crescem árvores sólidas ou apenas alguma plantinha rasteira, teremos muito ou pouco com o que nos nutrir e em que nos apoiar. A tragédia faz emergir forças insuspeitadas em algumas pessoas. Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer. Para outros, tudo é destruição. No seu vazio interior sopra o vento da revolta e amargura. A perda os atinge como uma injustiça pessoal e uma traição da vida.  Não ver mais sentido em nada é tolice,porque até o dia da perda vivemos sem pensar. Corremos desnorteados no tempo em tínhamos, sem refletir e quem sabe sem valorizar isso que agora perdemos: uma pessoa, a saúde, amor, posição, tudo. Se vivemos superficialmente , na hora de meter as mãos em nosso interior encontramos desolação. Não acho que todos devêssemos ser filósofos, eremitas ou fanáticos de nenhuma religião. Não acredito em poses e posturas. Não acredito nem mesmo em muita teorização sobre a vida, a morte, a dor. Mas acredito em afetos e tenho consciência de que somos parte de um misterioso ciclo vital que nos confere significação.
E que dentro dele, sendo insignificantes, temos importância. Nesse debate sobre perdas observei como lidamos mal com a dor uns dos outros. Entre nós de momento estar alegrinho e parecer feliz é quase um dever, uma questão de higiene, como tomar banho e estar perfumado. Mas às vezes a gente tem de se permitir sofrer - ou permitir que o outro sofra. Todos nós, amigos, família, terapeutas, médicos, sentimos duramente nossa própria limitação quando alguém sofre e não podemos ajudar. Em certos momentos é melhor não tentar interferir, apenas oferecer nossa presença e atender se formos chamados. Que o outro saiba que estamos ali. Mas não (se) permitir o prazo normal de dor é irreal. Quando é hora de sofrer não teremos de pedir licença para sentir - e esgotar - a dor. Sofrimento, pobreza, doença, abandono, morte - são ameaças, corpos estranhos numa sociedade cujos lemas parecem ser agitar, curtir, não parar, não pensar, não sofrer. A dor incomoda. A quietude perturba. Agora resta o reagir, vamos, saia de casa, pára de chorar, bote um vestido bonito, vá ao cinema, vá jantar fora. Também para isso haverá uma hora certa. O luto é necessário - ou a dor ficará soterrada debaixo da futilidade, sua raiz enterrando-se ainda mais fundo, seu fogo queimando suas últimas reservas de vitalidade, e fechando todas as saídas. "Não vou me alegrar jantando fora quando perdi meu amor", você responderia, então, por um momento, uma semana, um mês ou mais, não se deixe sofrer. Permita-se o luto no período sensato.Saiba escutar o chamado - que pode ser até mesmo um bilhete amigo. Alguma coisa positiva vai te fazer dar o primeiro passo para fora da sua "UTI emocional", em que a perda te colocou. Um dia e, finalmente você olhará a rua com outros olhos e verá que ela está em um novo em movimento. Ainda estamos vivos, ainda em processo, até morrer. A perda do amor, muitas vezes pode ser substituída algum dia,por um novo amor,pois avida continua,(do lado de cá e do lado de lá).
Sei que ele não aparecerá mais,como sei que se esgota o tempo, embora sempre seja tempo de amar, aprendemos que há outras formas de amar. Não substituem, mas iluminam: amigos, família, alguma novidade, um interesse. Quem sabe perder nos faça amar melhor isso que só nos será tirada no último instante: a própria vida. Perda de alguém de que amamos se compensa com lenitivos ou melhoras que a medicina traz. Perda de dinheiro ou emprego podem ser remediados, ainda que exijam novos limites e condições. Perda da juventude tem a ver com o quanto somos vazios ou o quanto são estreitos nossos horizontes. Mas a perda do amor levado pela morte é a perda das perdas. Ela nos obriga a andar por cenários do nosso interior mais desconhecido: o das nossas crenças, nossa espiritualidade, nossa transcendência em suma.
Aprender a perder a pessoa amada é afinal aprender a ganhar a si mesmo, e ganhar, de outra forma - realmente assumindo -, todo o bem que ela representava,(mas no cotidiano a gente nem se dava conta).
Falar, calar, contestar - às vezes fugir -, cada caso é absolutamente e intimamente especial. O enfrentamento final não é um fato inesperado, muito menos isolado. É apenas o último de uma longa série de fatos concretos e de conquistas interiores: cada um faz o seu caminho - no sentido literal. Passamos pelo suplício da pompa e circunstância de velório e enterro (sobretudo para quem fica exposto ao público), e sobrevém esse estranhíssimo, mais doloroso aspecto da morte: o silêncio do "morto". Não há palavra amiga nem gesto que possam ajudar. É preciso esperar a ação do tempo - que não é apenas um devorador de dias e horas, mas um enfermeiro eficiente. A morte não nos persegue: apenas espera, pois nós é que corremos para o colo dela. O modo como vamos chegar lá é coisa que podemos decidir em todos os anos de nosso tempo. O melhor de tudo é que ela nos lembra da nossa transcendência. Somos mais que corpo e ansiedade: somos mistério, o que nos torna maiores do que pensamos ser - maiores do que os nossos medos. Quando se aproxima dessa zona do inaudito, o amor tem de se curvar: com dor, com terror, submete-se a essa prova maior. Começa a ser ternura; aproxima-se de alguma coisa chamada permanência. Se acreditamos que viver é só comer, trabalhar, transar, comprar e pagar contas, a morte da pessoa amada será desespero sem remissão. Não nos conformamos, não acreditamos em mais nada. Mas se tivermos alguma visão positiva do todo do qual faz parte a indesejada, insondável mas inevitável transformação na morte, depois de algum tempo o amado acomoda-se de outro jeito em nós: continua parte da nossa realidade. Está transfigurado, porém ainda existe. "Com o passar dos anos doerá menos". A melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que você vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias e projetos até impossíveis.
Não sejamos demasiadamente fútil nem medroso, porque a vida tem tem de ser sorvida não como uma taça que se esvazia, mas que se renova a cada gole bebido.Refletir é transgredir a ordem do superficial. Somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases do processo. Estamos nele como as árvores da floresta: uma é atingida em plena maturidade e potência, e tomba. Outra nem chega a crescer, e fenece; outra, velhíssima, retorcida e torturada, quase pede enfim para descansar... mas ainda pode ter dignidade e beleza na sua condição. 

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