As mortes trágicas são sempre motivo de profundas dúvidas e reflexões para os seres humanos. Não aceitamos essa fatalidade da vida e, depois de tantos milênios, não aprendemos a lidar com o assunto.
Não raro representam o resgate de dívidas kármicas contraídas com o exercício da violência no pretérito.
As narrativas religiosas e filosóficas enchem nossos olhos e nossas mentes sobre os "porquês" das coisas, mas continuamos a rejeitar, pelo medo e pela fuga, o fato de que, a qualquer momento, a nossa frágil experiência biológica pode cessar.
A idéia e todas as impressões negativas de uma tragédia está exatamente na constatação de que temos limites e que a imperfeição é uma determinação das leis da matéria.
Na trajetória efêmera do relógio existencial, o nascimento e a morte estão bem próximos, seja para crianças, adultos ou idosos. O que importa, durante e depois de tudo o que acontece, é a indicação dos rumos seguros pela bussola eterna da consciência.
A respeito desse assunto, que indivíduos envolvidos em crimes violentos, no passado e, também, no presente, a lei os traz de volta, por terem descuidado da ética evangélica.
Retornam e se agrupam em determinado tempo e local, sofrendo mortes acidentais de várias naturezas, inclusive nas calamidades naturais. Assim, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato, por si só, não é determinístico, até porque dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação, uma vez que a lei kármica admite flexibilidade, quando o amor rege a vida e "o amor cobre uma multidão de pecados"
A fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escrevo sobre as provas físicas, pois pelo que toca as provas morais e as tentações o espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir.
Qual a situação do espírito no caso da morte trágica? O desligamento do corpo físico é súbito?
Para responder essa questão temos que entender que a condição evolutiva do espírito desencarnante faz com que este tenha um entendimento mais amplo ou não, que possa avaliar as suas condições no momento do passamento. Existem inúmeros relatos de espíritos que, diante da morte súbita, sequer se dão conta do acontecer e de outros tantos que tomam conhecimento do fato por si mesmos e com o auxílio de amigos espirituais que o antecederam ao fenômeno da morte e o recebem no plano espiritual. Quanto ao desligamento do perispírito, estes laços também serão cortados de forma súbita e para alguns mesmo de forma dolorosa. É como se o próprio corpo físico expulsasse o corpo espiritual e, conseqüentemente, o espírito.
Existem casos em que a criatura nunca poderá fugir do seu “destino traçado".
E prosseguem os espíritos dizendo: “Escolhendo-a (a prova), institui para si uma espécie de destino.
A morte trágica é um meio pelo qual o espírito escolhe vivenciar suas provas. Talvez ainda o que nos falta entender é ver a morte não como um castigo, mas como um fenômeno que faz parte da natureza humana, ou seja, de espíritos que estão na condição de encarnados, tanto quanto faz parte desta mesma natureza o nascimento.
A fase de perturbação espiritual é mais complicada no caso da morte súbita e reafirmando, que o sofrimento do espírito em relação a morte dependerá das conquistas já realizadas. É claro que, em geral, os que têm a morte esperada têm maior tempo para se preparar para o passamento, o que não quer dizer que eles o façam efetivamente.
É possível, mesmo, desencarnar sem antes cumprir a “missão”,portanto é possível que nós desencarnemos sem cumprir aquilo que nos coube realizar na obra da criação enquanto espíritos residentes aqui na Terra. Não diria que para isso exista algum critério, mas fica sempre a liberdade de escolha do espírito de ceder ou de resistir diante das provas que lhe cabem cumprir.
Para o espírito isto será sempre uma forma de experiência, mesmo que tenha uma colheita “amarga”.
A questão da morte súbita para nós ainda é, dado o nosso nível de compreensão das questões espirituais, um motivo de dor para os nossos corações, tanto de quem fica, como de quem parte. Dor esta, principalmente, causada pela ausência física daqueles a quem amamos.
Importa neste momento ressaltarmos o valor da Doutrina Espírita em nossas vidas que nos permite conhecer de formas tão amplas a vida no mundo espiritual permitindo, assim, que nos preparemos mais diante de situações como estas relatadas no estudo de hoje.
Ressaltemos também a consolação que a Doutrina nos proporciona, principalmente através das comunicações mediúnicas, onde podemos ouvir os relatos tanto dos espíritos superiores quanto de espíritos que desencarnaram de forma súbita; e tenhamos a certeza de que em qualquer circunstância teremos o amparo de Deus através de espíritos familiares e amigos que recebem os desencarnantes e auxiliam aos que ficam.
Temos também a noção da continuidade da vida, da imortalidade e individualidade da alma, a certeza absoluta da realização da justiça de Deus; o exercício constante da nossa fé em Deus; e acima de tudo, nos momentos mais difíceis, o recurso da prece como forma de buscar o contato com fontes superiores e prosseguirmos na luta que nos cabe realizar num mundo de provas e expiações como ainda é a nossa casa Terrena.
Para as tragédias coletivas, somente o Espiritismo tem as respostas coerentes, profundas e claras, que explicam, esclarecem e, por via de consequência, consolam os corações humanos, perante os ressaibos amargosos dessas situações. O fato é que nós criamos a culpa, e nós mesmos formatamos os processos para extinguir os efeitos.
Muitos desses acertos de contas são demonstrados pelos Espíritos,a fatalidade, como comumente é percebida, supõe deliberação precedente e irrevogável de todos os episódios da vida, qualquer que seja a gravidade deles. Mas, se tal fosse a ordem das coisas, seríamos quais fantoches destituídos de anseios.
Para o espírita "fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte".
Quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada "te livrará" e frequentemente o Espírito também sabe o gênero de morte por que partirá da Terra, "pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência". Mais ainda: "Graças à Lei de Ação e Reação e ao Livre-Arbítrio, o homem pode evitar acontecimentos que deveriam realizar-se, como também permitir outros que não estavam previstos".
A fatalidade só existe como algo temporário, frente à nossa condição de imortais, com a finalidade de "retomada de rumo".
Fatalidade e destino inflexível não se coadunam com os preceitos kardequianos.
Quem crê ser "vítima da fatalidade" culpa somente o mundo exterior pelos seus erros e se recusa a admitir a conexão que existe entre eles.
O homem comum, nos seus interesses mesquinhos, não considera a dor senão como resgate e pagamento, desconhecendo o gozo de padecer por cooperar, sinceramente, na edificação do Reino do Cristo.
Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal, a própria Lei se incumbirá de trazê-lo de retorno às vias do bem. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro.
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido", disse o Mestre. Porém, cabe uma ressalva, nem todo sofrimento é expiação.
"Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento por que se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, frequentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". São claras as palavras do Codificador.
A Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.
Adaptação de:
http://www.oconsolador.com.br/ano5/248/jorge_hessen.html
http://chicoxavier.spaceblog.com.br/753973/MORTE-SUBITA-E-DESENCARNE-COLETIVO/
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