sábado, 5 de março de 2016

"Maiêutica Socrática"

Somos aquilo que lemos,o que pesamos e o que comemos.
Como também somos o resultado do que lemos,de nossas escolhas e decisões.
Em nossas mãos estão a felicidade ou o sofrimento.
É certo que não podemos voltar no tempo e apagar o que foi feito, mas sempre podemos começar de novo e fazer diferente.
Somos o resultado de nossas escolhas e decisões.
Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências.
Não há nada bom ou ruim, certo ou errado, há resultados decorrentes de escolhas equivocadas.
Ninguém é aquilo que não escolheu ser.
Todos somos resultado e reflexo de nossas escolhas.
Vou agora descrever o método próprio de análise filosófica, denominado de “maiêutica” (em grego “parto das ideias”), o qual tem como objetivo possibilitar ao homem o conhecimento de si mesmo.
A maiêutica consiste em fazer perguntas e analisar as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou contradição do enunciado. Ela estimula o pensamento a partir daquilo que não conhecem, ou seja, pela ignorância. Daí a sua famosa frase: “eu só sei que nada sei”.
Essa técnica pode se tornar pedagógica, por exemplo: um professor faz uma série de perguntas não apresentando as respostas diretamente, resultando em uma consciência mais profunda dos limites do conhecimento estabelecida a partir da busca das respostas para as questões problemas.
Assim, através de questionamento a mente consegue encontrar, em si mesma, a verdade.
Logo, esse método socrático está relacionado com o aspecto que induz a uma pessoa a formular conceitos latentes através de uma dialética ou sequencia lógica de perguntas.
Sócrates diz que todos carregam dentro de si o saber, sem saber.
O questionamento traz a reflexão e compreensão do que é real:
"Minha arte tem o mesmo poder maiêutica do que as parteiras.
A diferença é que ela oferece aos homens e não às mulheres e que as almas é que monitora o seu trabalho de parto, e não o corpo" (Sócrates).
Sócrates, que viveu no séc. IV a.C., enfrentou o relativismo moral no qual se degenerou a democracia grega, com um método simples: é preciso conhecer para se poder falar.
A democracia pressupunha uma isonomia ou igualdade entre os cidadãos, capacitando-os a exprimir suas opiniões e interesses em assembleia na construção da comunidade.
Porém, um escândalo proporcionou a inquisição de Sócrates: o escândalo do lógos.
Este perdeu seu vínculo com as coisas (sua consubstancialidade) e era ensinado como uma ferramenta que visa apenas a convencer o seu adversário (tese oposta).
Os sofistas, esses professores mercenários que ensinavam em troca de salários, diziam poder falar bem sobre qualquer assunto, pretendendo, pois, serem portadores de um saber universal.
No entanto, a um homem não convém saber tudo (só a um deus).
Era preciso, então, mostrar que os discursos desses pretensiosos homens eram discursos de ilusão, que convenciam pela emoção ou imaginação e não pela verdade.
Com isso, Sócrates criou um método que muitos confundem ainda hoje apenas com uma figura de linguagem.
A ironia socrática era, antes de tudo, o método de perguntar sobre uma coisa em discussão, de delimitar um conceito e, contradizendo-o, refutá-lo.
O verbo que originou a palavra (eirein) significa mesmo perguntar.
Logo, não era para constranger o seu interlocutor, mas antes para purificar seu pensamento, desfazendo ilusões.
Não tinha o intuito de ridicularizar, mas de fazer irromper da aporia (isto é, do impasse sobre o conceito de alguma coisa) o entendimento.
Porém, sair do estado aporético exigia que o interlocutor abandonasse os seus pré-conceitos e a relatividade das opiniões alheias que coordenavam um modo de ver e agir e passasse a pensar, a refletir por si mesmo.
Esse exercício era o que ficou conhecido como maiêutica, que significa a arte de parturejar.
Como sua mãe, que era parteira, Sócrates julgava ser destinado a não produzir um conhecimento, mas a parturejar as ideias provindas dos seus interlocutores, julgando de seu valor (a parteira grega era uma mulher que não podia procriar, era estéril, e por isso, dava a luz aos corpos de outra fonte, avaliando se eram belos ou não).
Significa que ele, Sócrates, não tinha saber algum, apenas sabia perguntar mostrando as contradições de seus interlocutores, levando-os a produzirem um juízo segundo uma reflexão e não mais a tradição, os costumes, as opiniões alheias, etc.
E quando o juízo era exprimido, cabia a Sócrates somente verificar se era um belo discurso ou se se tratava de uma ideia que deveria ser abortada (discurso falso, errôneo).
Assim, ironia e maiêutica, constituíam, por excelência, as principais formas de atuação do método dialético de Sócrates, desfazendo equívocos e deslindando nuances que permitiam a introspecção e a reflexão interna, proporcionando a criação de juízos cada vez mais fundamentados no lógos ou razão.
Pelas suas ideias e filosofia que pregava,poucos entendiam,Sócrates foi preso e julgado e sentenciado a morte, e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão (Apologia e Críton).
Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação a morte, bebendo antes o veneno chamado cicuta, se tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois de sua condenação, ele estava tranquilo e os amigos que foram visita-lo na prisão,perguntavam por que ele não tinha medo de morrer que Sócrates Respondeu: "Eles vão matar meu corpo,não a minha alma"..
Por João Francisco P. Cabral

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