Imagens de Buda são comuns em templos budistas. A maioria dos segmento acredita que a arte pode levar a momentos de iluminação. |
O nirvana budista
O budista mais famoso atualmente, Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama: seus seguidores o consideram um buda vivo, a encarnação do Buda da Compaixão (em inglês) |
Quando atingimos o nirvana, paramos de acumular mau carma pois já o transcendemos. passando o resto de nossa vida, e algumas vezes vidas, eliminando o mau carma que já havíamos acumulado.
Uma vez que tivermos escapado totalmente do ciclo cármico, atingimos o parinirvana, o nirvana final, no além-vida. Da mesma maneira que ocorre com o nirvana hindu, as almas que atingiram o parinirvana ficam livres do ciclo de reencarnação. Buda nunca especificou como era o parinirvana e, de acordo com o pensamento budista, ele está além da compreensão humana normal.
Atingindo o nirvana
Buda não conseguiu descrever completamente sua nova compreensão do universo, mas pôde disseminar a mensagem essencial de sua iluminação e orientar as pessoas para que atingissem a mesma compreensão. Ele viajava de um lugar a outro ensinando as 4 nobres verdades:A maior estátua de Buda feita de bronze no mundo inteiro, na Ilha de Lantua, em Hong Kong |
- a vida é sofrimento;
- esse sofrimento é causado por ignorância da verdadeira natureza do universo;
- a única maneira de encerrar este sofrimento é superar a ignorância e apego às coisas materiais;
- é possível superar a ignorância e o apego ao seguir o Nobre Caminho Óctuplo.
- ponto de vista correto
- pensamento correto
- fala correta
- ação correta
- meio de vida correto
- esforço correto
- atenção correta
- concentração correta
Monges budistas passam uma grande parte do seu tempo em meditação solene. A maioria dos monges é jovial e alegre. |
Embora o nirvana seja possível para qualquer pessoa, na maioria dos segmentos budistas apenas os monges tentam atingi-lo. Já os budistas leigos (que estão fora da comunidade monástica) lutam por uma existência mais elevada na próxima vida, seguindo o Nobre Caminho Óctuplo e ajudando os outros numa tentativa de acumular bom carma. Olhando por esse ponto de vista, eles estão no caminho do nirvana porque estão preparando-se para uma vida futura onde possam atingi-lo.
Nirvana hindu
Na tradição hindu, o nirvana (mais conhecido como moksha) é a reunião com Brahma, o Deus universal ou alma universal. No hinduísmo tradicional, uma alma atinge este estado após viver muitas vidas, nas quais vai subindo pelo varna, ou sistema de castas.Vishnu, o protetor, um dos deuses hindus mais conhecidos: a adoração à divindade é uma das maiores diferenças entre o hinduísmo e o budismo |
O budismo surgiu da idéia alternativa que Sidarta tinha sobre o samsara e a transcendência da vida material. Na filosofia budista, o melhor caminho para a iluminação é um meio termo entre o luxo de muitos nas castas superiores e a pobreza do mais devoto dos santos hindus.
Além de tudo que já mencionamos, Sidarta também foi uma espécie de reformista social. Ensinou que qualquer um pode atingir a iluminação e escapar do samsara se seguir o caminho correto, uma idéia que rejeitava por completo a estrutura de castas que definia o hinduísmo tradicional. Provavelmente, essa foi a diferença mais importante entre as duas religiões, ao menos no nascimento do budismo.
Os mundos do hinduísmo e do budismo, assim como o conceito do nirvana, são muito detalhados e com diferentes interpretações e faces. Da mesma maneira que na maioria das religiões, é possível resumir as idéias fundamentais rapidamente, mas os detalhes são tantos que pode-se passar a vida inteira os estudando.
Buda foi ao inferno. E os demônios ao Nirvana
Dizem que certa feita um Buda foi parar no inferno e que os diabos fizeram de tudo para atentá-lo. Queriam vê-lo infeliz e sofrendo. Não conseguindo foram perguntar a ele: "Como você consegue ficar bem no inferno?". Buda respondeu apenas: "Ah! Aqui é o inferno?" E esses diabinhos ficaram com ele. Mais tarde um chefe diabo veio ver o que estava acontecendo e encontrou todos os diabinhos silenciosamente sentados em meditação, junto ao Buda. Ele conseguira transformar o inferno na Terra Pura. Buda não tentou destruir os demônios, não tentou acabar com o inferno. Apenas manteve a mente quieta e tranqüila. Nirvana é percebermos a transitoriedade de tudo que existe e sermos capazes de tranqüilamente agirmos para transformar as coisas de maneira que o bem seja comum a todos os seres.
Na tradição Soto Zen existem seis mundos ou planos espirituais. São eles: o mundo dos infernos, dos animais, dos espíritos revoltados e briguentos, dos espíritos insaciáveis, dos seres humanos e dos seres celestiais. Esses mundos formam uma roda que gira sem parar. Algumas pessoas pensam que isso se refere a diferentes encarnações, vidas sucessivas, mas no Budismo sabemos que em um mesmo dia, talvez até mesmo apenas em uma hora, podemos passar pelos seis mundos.
Eles seriam a Roda de Samsara, o transmigrar incessante de um mundo a outro. Ora feliz e angelical, ora sofrendo terríveis torturas, ora brigando e reclamando, ora insatisfeita, ora seguindo apenas os instintos animais, ora como humanos entre o ir e vir do saber e não saber.
Mestre Dogen (1200-1253) fundador da tradição Soto Zen no Japão, escreveu que Samsara é Nirvana. Muitos pensam que para entrar no estado de Nirvana, de paz e tranqüilidade sábias, de harmonioso extinguir das paixões e apegos é preciso morrer ou afastar-se do mundo, da família, do trabalho, de suas atividades e relacionamentos, ir morar nas cavernas nos montes remotos.
Mestre Dogen, entretanto, nos diz que a própria roda de samsara é o Nirvana. Se percebermos esse constante transmigrar, não estaremos apenas sofrendo ou regozijando, mas aprendendo, compreendendo, transcendendo, transformando e crescendo. Nirvana não está separado de nossa vida, de nossos relacionamentos, de nosso trabalho, do trânsito, dos problemas e dificuldades. Nirvana é um estado de espírito. É perceber tudo isso e conseguir não entrar em nenhum dos seis mundos. É ficar acima de tudo.
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